quarta-feira, 27 de março de 2024

 

               A PÁSCOA E O FUTURO

 

 


 

A Páscoa — a época do ano que estamos vivendo — é sem dúvida o clímax da Cristandade na pedagogia católica. É o tempo denominado de conversão, isto é, de que católicos e todos aqueles que se acreditam ainda cristãos,  de que existe um Criador do Universo que de maneira supra sumamente governa tudo e todos. Esse Criador que enviou seu Filho Unigênito para redimir a humanidade do pecado em que envolvido o mundo, os humanos desviados dos caminhos da Verdade, do Amor e do Perdão.

Embora acordes com o simbolismo da Páscoa,  acode-nos certa discrepância ao pensar no sofrimento e morte de Jesus Cristo, quando seus algozes, os soldados romanos ignorantes, a mando de seus superiores — o invisível Pilatos — antes de crucificar o condenado, fazem galhofas, tripudiam-lhe com pancadas, dividem suas vestes entre si. Então, Jesus pronuncia estas palavras, constantes do Evangelho de Lucas 23: 34: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.

Ora, até hoje, passados dois mil e vinte quatro anos à passagem do Mestre Jesus neste nosso mundo, o insólito evento ainda causa espanto, muitos desacreditam, outros o ignoram, até mesmo por afasia mental. Sem nos esquecer que os judeus, que trazem consigo toda a pedagogia do criacionismo, desde os primórdios da formação do mundo, não o acreditam como o Messias prometido, mas de que não passa de um simples Profeta, até mesmo desimportante em relação a um Moisés, Daniel e outros que assumiram importantes papéis no judaísmo.

Será que a Páscoa, esse momento tão importante como centro da fé cristã permanecerá, por assim dizer, diante da onda avassaladora da modernidade, cujos objetivos pouco ou quase nada têm  dos princípios que norteiam os ensinamentos do Mestre? Como será a Páscoa no futuro — uma festa panteísta de adoração à robotização do mundo, a Igreja Católica descontextualizada de seus fundamentos, de repente transformada em espetáculo semi-dantesco de império super estelar, a serviço de dinastias antagônicas a disputarem o poder galáctico? Desta feita, em vez de crucificado pela impudicícia dos homens, o suposto Mestre se transformará nada menos que numa réplica masterizadas numa ogiva, para gáudio de meia dúzia de retardados que ainda ousam crer em Deus?

Pelo sim, pelo não, são aspectos que, a nós crentes ainda à égide das palavras e dos ensinamentos do Mestre dos Mestres, que foi Jesus, ousamos trazer á tona, no mundo atual — acreditamos que para nos prepararmos de quanto o espetáculo da nossa vida terrena ainda nos é frágil em esperança e como o sentido da vida ainda nos foge, como enfrentássemos sinuoso caminho e vivêssemos ainda na caverna de nossa ignorância material.

Oxalá tais firulas de pensamos não nos deslustrem o momento de sua importância e significado e que, em meio a essas deformidades que observamos, tantos desvairos em ação e outros pensares, continuemos a crer em Deus e nos ensinamentos de Jesus Cristo, nosso Salvador. E que a Páscoa, neste episódio que constitui o fulcro mais importante de nossa fé crística, não se banalize a ponto de novamente Jesus nos lembrar do que disse, quando de sua crucifixão:

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.

CDL/BSB, 27.03.24

 

 

 

domingo, 4 de fevereiro de 2024

 

              SERMÃO  DA  PÁSCOA

 

 


 

 

Que cessem  de Momo os delírios

e nos preparemos para os mistérios

                           da Páscoa,

               algo mais nobre se alevanta,

a Cruz mística sobre os ossos

                            da inércia humana

uma luz de clarividência, única e bela

a iluminar o que foi cárcere

                            de injustiça

o destino do mundo na conjectura

                            da esperança

— o símbolo da cruz, de crueza

                             feita,

edificando-se no coração do

                             mundo

o cálice da dor agora transformado

                              no ágape do Amor

pregado nos braços místicos da Cruz.

Cada estocada de sofrimento no corpo

                              do Mestre

nasce um arpejo de luz no eufemismo

                              da intensa dor,

cada vergalho lancinante no seu

                              corpo informe

o simbolismo do divino amor

— cada ferida a transfiguração celeste

                             se converte em sangue,

sangue do martírio a redimir

                              a humanidade.

Move-me, sim, ver-te, Senhor

                              em sangue vertido

o olhar transfigurado, a dor de teu

                              corpo retorcido,

os braços retesados suplicando devido os enormes

                              pregos infamantes.

Vês — a aurora já se ergue na plenitude

                              do tempo torturado

e os teus pecados já se apagam na mística

                              da Cruz.

Estamos todos remidos pelo sangue do Mestre

                              derramado.

O símbolo expiatório da Cruz expiou

                              os teus pecados,

outrora pérfido, teu coração ergue-se agora,

                               num amplexo de alegria

redimido pelo divino Amor.

Disse o divino Mestre dos Mestres

                               do mundo e do Universo

— “Vai e não peques mais”.

É tarde,  a noite lúgubre já se descortina nesse

                               presídio em que vivemos.

Os teus pecados  foram perdoados.

A dor suprema sofrida pelo Cristo Crucificado

                               é a superveniência do Amor

em oblação o humano ser converte seu pecado

                               em perdão

— o sacrifício imolado do Divino Amor.

E assim transfigurado pela divina  

                               concretude

o verbo se fez carne e habitou entre nós,

pelo sacrifício incruento da Cruz elevou-se

                                à plenitude celeste.

Louvemos todos ao Senhor Crucificado

que se imolou na Cruz por nossa egoísta e pecador

                                humanidade

                                egoísta e pecadora.

Se assim o foi há dois milênios do humano

                                vivenciamento,

por que tu te preocupas pelas dores

                                deste mundo,

por que negas tanto o sacrifício da Cruz

                                 e te afagas

na ilusão performática do mundo perfeito,

se só Ele, Jesus Cristo é perfeito, com o

                                 Criador Supremo?

 Ó céus — salmodiai todos em preces e

                                  louvores todo dia

é hora de bendizer a Crística Paixão.

 

 

 

             Sim, salmodiai o Senhor, todos os dias, todas as horas

               será que cada um de nós não responde

             pela crucifixão infamante de nosso Mestre

                                     Jesus? 

 

                                                                                        Bsb, 3.02.24