TROCA SOLIDÁRIA SALVARÁ O MUNDO?
É voz geral: estamos em estado de
crise. Crise geral, quiçá irreversível. Nações em descontrole, o caso gritante
da Grécia, o terrorismo aterrorizando com mais atrocidades do que nunca, haja
vista os desmandos praticados no Oriente Médio pelo famigerado Estado Islâmico.
Os articulistas
de nossa mídia, a começar pela televisiva, também falada e escrita, não poupam
críticas ao governo, a maneira como o País vem sendo administrado.
Na revista
Veja, por exemplo, semanalmente seus repórteres, cronistas e editorialistas
apontam as inúmeras ações que vêm obstruindo o itinerário correto da Nação,
cujo resultado tem sido a resseção, um desvio temerário e inconsequente. Só se
fala em dificuldades, o consumo em marcha ré, com o aumento do desemprego e o
desânimo popular em alta. E para piorar esse cenário quase desolador, os
políticos nas suas atitudes contraditórias, contra ou a favor da governança,
insinuam moções drásticas, ninguém sabe até que ponto lesivas, como o
impeachment da presidente e outros imbróglios institucionais. Tudo em
decorrência da ação demolidora dos desdobramentos das operações criminais, a
“lava jato” impetrada e levada a seu extremo pela Polícia Federal.
A corrosão
política, social e econômica chega a tal ponto de Lya Luft, cronista da Veja,
sempre muito equilibrada em suas observações, definir a Pátria, em vez de
“educadora” como alardeia o governo, “madrasta”, dada a ineficácia da
administração. Enquanto isso, em entrevista à mesma revista, certo demógrafo do
IBGE acusa o governo de não ter aproveitado a época 1970 da “... vantagem de ter uma população ativa
majoritária” que, segundo ele, se
encerrará em 2030, mas, a essa altura, praticamente perdida nossa chance de se
tornar uma grande nação, em termos de progresso – espécie de “pedaladas demográficas”
por negligência, executadas na contramão
do desenvolvimento.
A falta de
perspectiva não acontece só no Brasil, mas se reflete no mundo todo, basta
consultarmos as mídias.
Pois é de
Portugal que nos vem uma notícia, no mínimo auspiciosa: a existência de um
Banco “onde a moeda não é o dinheiro e sim o tempo.”
Parece
incrível, mas este “Banco” é um sistema de troca de ações solidárias. Diz o
informativo da entidade: “A instituição troca o dinheiro pelo tempo para que as
pessoas possam fazer serviços uma às para as outras”. Portanto, trata-se de uma
rede de solidariedade em que as pessoas se ajudam trocando, em vez de palavras,
serviços. Tudo feito através de um coordenador geral que é o Banco. O serviço é
pago com um “cheque do tempo”. Quem prestou o serviço deposita o cheque, que é
creditado em sua conta e pode a partir dai obter serviços oferecidos pelos
outros membros do Banco.
Com as devidas
proporções, o serviço tem alto valor humanitário e se efetiva através de ações
e atitudes voluntárias. Há coisa mais maravilhosa do que isto, fazer que as
pessoas se desprendam de seus egoísmos e prestem serviços a outras, afastando a
hipótese de dinheiro? É uma espécie de voluntariado de serviços, capaz,
inclusive, de criar vínculos de amizade entre as pessoas.
Nós
brasileiros, acostumados apenas a reclamar de tudo e ao mesmo tempo incapazes
de prodigalizarem exemplos de solidariedade, exceto em circunstâncias extremas
– que tal mudar esse cenário e criarmos também nosso Banco do Tempo?
Oxalá a
novidade encontre resposta em nosso meio e. a exemplo de nossos patrícios do
outro lado do Atlântico, nos tornemos
mais solidários, mais disponíveis, adotando esse sistema de troca.
A troca
solidária pode não salvar o mundo, mas certamente nos tornará seres realmente
dignos da humanidade.
CDL/BSB,1.08.15
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