No
olhar do tempo, a verdadedos aforismos
sobrevivem
— a paz dos angustiados, o
ilusório amanhã.
Nesse
bólido, carrego comigo as incertezas do futuro.
Viver
é preciso — navegar não é preciso.
Fernando
Pessoa que não tinha razão.
Sim,
poeta, viver é por demais preciso.
Talvez
não seja tão preciso o navegar.
Não
estamos nós também navegando
nas sombras do passado?
Viveremos
outra vez?
Retornamos
à vetusta São Luís.
Quem
sabe, ali, o amor se renove.
Teremos
quanto tempo ainda?
O bólido atravessa a barreira
do infinito.
Vou-me embora pra São
Luís
O passado me espera,
voando assim — nas asas
da emoção.
A bordo. 4.07.23
MÃOSQUESUSTENTAMO MUNDO
- Poema à guisa do
estilo drummondiano
Ó poeta, com nove
décadas de ganho,
tuas mãos já te
sustentam o mundo,
o espasmo de teu olhar
de incertezas
insone.
Teus olhos são lumes a
transgredirem
o sol,
combalido em
lembranças,
tuas lembranças são
memórias
entrelaçadas,
avultam na realidade
de sonhos.
As horas se passam e
teus passos,
outrora plenos de
energia,
hoje enfrentam trôpegos,
solertes
caminhos.
Tuas mãos ainda
sustentam esse
inesperado mundo?
Teu coração ainda
suporta o ônus
que o passado te pesa?
São travessias,
veredas de antanho,
ganhos e desenganos,
amortecidos e
renascidos
no dorso da existência.
Ontem, um céu cadente
de estrelas,
hoje ainda rutilantes,
reanima a alma, em
ânfora
de alegria.
Tuas mãos ainda
sustentam o mundo,
O vigor se investe no trânsito
realista
dos teus sonhos,
saltimbancos da vida.
Nove décadas te vergam
os dias,
o olhar trafegando
pelos viés
da vida.
Novas trilhas ainda as
há
nesse teu longo caminho.
Vês o descortinar dos
dias
fluírem como afogados,
mas propícios às primícias
da eternidade.
Sim, tuas mãos ainda
sustentam
o mundo
— ou é o mundo que te
sustenta
os sonhos?
Bsb, 26.01.23
EU, O
MUNDO E O
SENTIDO
- a
metafísica poética do cotidiano
Murilo Moreira Veras
Eu sou eu
e as circunstâncias que me cercam.
As circunstâncias estão em mim como eu
estou nas
circunstâncias.
Ora, dirás,
quem es tu senão aquilo que traduz tua
consciência,
a consciência que faz de ti o que
és – o eu dos outros
no em si do mundo?
Pois no começo era o caos
do eu, o eu mergulhado no caldo
primordial do eu
síntese do universo.
Não mais o eu – sou,
eu
sou agora a consciência do caos invertido,
construído no paraíso existencial.
E sou aquele que não é, mas que
continuará sendo
na circunstância em que a vida se acha
envolvida.
Eu estou impresso nas pegadas do mundo,
assim como as pegadas do mundo estão
impressas
no registro de meu eu de vivências.
Eu sou mais do que verdadeiramente sou
enquanto ser delineado nas entranhas do
ente.
Não que eu seja o próprio ente,
falta-me a qualificação
dos sinais do eterno.
Eu sou o ser depois do ente, aquele que
transmite
a essência do ente,
sem despojá-lo de sua imortalidade
intrínseca.
Eu sou o invólucro da criatura
recriada,
porque sombra de uma anti-sombra,
a sombra que se faz criatura pelo fato
de nascer
de sua mesma sombra.
Eu sou corpo e alma, ambas
compartilhando o mesmo
espaço do ser,
apenas nas dimensões díspares da razão
e do espírito,
dever e devir, desarmônicos na sintonia
do existir.
Eu sou a consciência que se depara com
a argúcia
da vida e se digladia à cupidez da
aurora
humana.
Eu sou a lâmina que corta o fio da
existência
enquanto fere a lucidez da ação.
Eu sou vítima e testemunha do próprio
crime
que
pratico.
Eu sou o cordeiro imolado no desterro
de minha
solidão,
serei abatido no cume do mundo,
depois ressuscitarei para o porvir.
Compreendeste quem eu sou?
Eu sou o calvário do mundo, aquele que
pode
semear sua transformação,
mas para transformá-lo tenho de mudar o
sonho em
carne e a carne em vinho.
Por isso eu sou a exigência da carne, a
mesma carne
que luta com a alma à busca de seu
espaço próprio,
a vida ou a morte.
Eu sou tanto o corpo que condiciona sua
ação e interfere
na matéria,
quanto a alma que anseia a
transcendência e se sabe rebelde
às exigências do corpo,
quando trai os laços que a prendem ao
Paraíso.
Eu ouço a minha própria voz ressoando
na caverna
primordial
e me desembrulho das sombras para
melhor me aquecer
sob o sol cujos raios invadem os
limites de meu mundo,
o frio mundo do existir.
Neste estar-no-mundo, eu sou a sombra
que de repente
se ilumina,
porque não passo de um reflexo da
imagem anterior,
embora única,
o caniço que a consciência, desperta,
me faz agir e pensar
- esse pensar-em-estar-no-mundo que
me transforma
e, ao mesmo tempo, me deforma o centro
de gravidade no qual procuro apoiar minha busca
e especular o que sou e o que não sou,
de onde venho
e para onde vou, nessa extraordinária
viagem ao redor
da vida e do mundo.
Eu sou aquele que cumpre o itinerário
mítico deste
velho novo mundo,
em cujas circunstâncias se enreda a
teia da vida.
Também eu sou aquele que se desvencilha
das malhas
cruéis do destino,
porque o destino na verdade constitui a
maior das trapaças
no grande jogo da vida.
O jogo da vida ou a vida do jogo – o
destino do jogo ou
o jogo que o destino joga impune.
A vida é uma trapaça ou é o destino que
nos prega uma peça,
se não passamos de insetos surpreendidos
no inescapável
ardil do destino cósmico?
Seria o ser humano essa fagulha cósmica
que se sabe
vítima de uma trapaça metafísica?
E o que fazemos nós, seres humanos,
enredados nesta
caverna de tensões, onde o mundo teceu e cultivou
ao longo do tempo o itinerário da vida,
a partir da
trama mítica do Paraíso Perdido?
O estar-no-mundo é como viver no mundo,
na perspectiva do ser no devir, o
desenrolar da trama,
a partir do renovar o mundo,
sem se dispensar do trânsito da graça
onde repousa o ponto-de-equilíbrio do
ser no mundo.
O mundo é o meio no qual o eu se faz
sendo,
porque é nele que o fazer do homem se
realiza
e adestra sua função transformadora,
através da técnica e dinâmica do
progresso.
O ser-em-si em o ser-para, o lugar de
sua trajetória
evolutiva, em direção ao fim-ômega.
É no mundo e por ele que o ser se torna
autor e condutor
de seu próprio destino,
a dimensão do espírito se sobrepondo à
tensão da matéria,
a graça removendo os obstáculos, como
dispensário
à construção da Cidade
dos Homens.
Este mundo, o mundo onde
o estar coletivo do ser no mundo multiplica suas ações,
a arena vital de sonhos,
derrotas e realizações.
Este mundo, cujos
tentáculos de máquina movem atos, entes e ossos, e se constrói à custa de
sangue,
o sangue dos homens.
O mundo é um tablado de
xadrez cujas regras desobedecemos, quando a todo instante temos de nos livrar dos cheques-mates da existência.
Ver o mundo não como o
mundo nos vê, mas como o vemos, na perspectiva de suas múltiplas alternativas.
Todos vivemos no mundo,
mas quem realmente sabe os segredos que o cercam,
ou se desvia de seus
fatídicos encantos?
É preciso estar-no-mundo
sem realmente estar nele, conhecer o mundo, sem se tornar escravo de suas malícias.
As malícias do mundo são
as nossas próprias malícias, os nossos próprios erros, que a todo instante
cometemos para retificar o nosso roteiro.
Somos o produto das
gerações anteriores, os trabalhos com os quais edificamos a vida de nossas
cidades, o empenho de nossas vidas, o conglomerado de nossos sonhos.
O mundo e as coisas do
mundo se confundem, porque coisas e o mundo são artefatos e argamassa de uma
construção maior, que supera nossa razão, transcende nosso estar-no-mundo.
O mundo se constrói e o hominídeo,
quando colabora na construção, é causa
propulsora da transformação do mundo.
O silêncio não sabemos
hoje se se esconde onde ou depois das nuvens.
Sabemos que ele golpeia
fundo a soleira do mundo, deixa suas pegadas, onde o equilíbrio costuma romper
a alcatifa do horizonte.
Ali o olho da terra não
chega perto, porque se sobrecarrega de conhecer, a cupidez de sua destra lhe
rouba os desejos.
Faça-se o silêncio,
magoem-se todas as nuvens para que possamos ser desanuviados de qualquer
memória e nossos pés de novo beijem o chão, removido o sangue que tornou os sapatos mais do que limpos de vergonha.
O silêncio desperta a
verdade do caos, o novo amanhã é o que pode renascer hoje, enquanto as nuvens
sejam alentos de cantos, que enlevam na terra as criaturas.
São elas que acordam o
inquieto silêncio dos que sabem voar.
Sim: eis o silêncio das
nuvens. Ou são as nuvens que fazem silêncio para ouvir o ruído da vida no
redemoinho do mundo?
Eis a fala invertida, a
que pratica a verdade escondida no caos, a sombra que desenha o contorno das
coisas esquecidas na memória.
Relembrar, não, sepultar
o passado movediço. Esquecer, sim, compreender a ascensão, mesmo diante das
quedas sucessivas.
O silêncio das águias
ressoa nos altiplanos, testemunho atávico das estrelas, iluminadas de sonhos.
Sonhar por sonhar é
conviver com o horizonte, é diminuir a distância entre o antes do depois,
espasmo de inigualável alegria, como auscultar o ermo, trespassando o abismo.
É preciso compreender o
barulho que faz o silêncio das nuvens no abismo.
O silêncio do abismo?
Tem preço, sim, o
silêncio do abismo, o convívio com o nada profundo.
Tem preço, sim, o cair
sem ascender.
Justamente o custo do
sonho quebrado, a mistificação do absurdo que por ser absurdo não realiza a
tranqüila morada do ser.
Aprende-se a cair,
ascendendo, eis a questão, a extrema sabedoria.
O abismo é sedutor, com
seus truques, suas ilusões, a simbologia do nada, a fantasia do escuro.
É de uma fantasia
incrível a sedução que o abismo causa.
Contra ela, é preciso trilhar
outras trilhas, cingir outras águas, respirar ar mais puro, desde que imune ao
niilismo da reflexão vazia, que é o próprio abismo mistificado.
Longe desta falsa ilusão
que nos cega e mata a visão, a mais eficiente receita é nos mantermos sempre à
escuta e evitar que resvalemos para a astuta borda do sedutor abismo e venhamos
a ser abatido no chão.
Dir-se-á:
– o que fazer então, se
o vento desvia as pegadas de nossos rumos?
Alçar as asas mais além,
onde não ruge o frágil gesto, o olhar da solidão informe.
O olhar da solidão
informe.
Visão sem visão que
atropela, que só vê aquilo que não deve ver, o imaturo sonho.
Adormece a aurora no
início da manhã sem o sorriso do devir,
é como descumprir a
magia da sidérea luz, com o advento inoportuno do crepúsculo, à mingua de
idéias e de cânticos.
Sem gesto, sem sorriso,
sem olhar, o grito não passa de um grande silêncio, desabridamente afônico.
Onde o carinho da
primavera na tenra folha do trevo-vida?
Onde está a soltura dos
grilhões que nos prendem a liberdade do coração?
Tudo parece longe,
informe e frio – gélida indecisão esse pérfido conluio da aurora querendo
sufocar a recém-nascida esperança.
Por que as asas renascem
desnutridas de aurora?
As asas renascem
desnutridas de aurora porque lhes falta o vigor do viço que corre livre nas
nervuras de seus suportes, nervosos suportes de vitalidade, a coragem e ousadia
suficientes para enfrentar o risco de viver.
Há os que não se
arriscam a viver e por isso adotam a vilania de outros caminhos, embora sejam maiores
os riscos, digamos, de comprometer o próprio destino da rota,
esses flibusteiros da
ação se inclinam mais para a tentação de se beneficiarem à conta do bem comum,
nova espécie de raça de
víboras, que agora não atacam os templos, mas dilapidam a construção dos
homens, o grande edifício do trabalho humano?
O que querem com isso? –
perguntar-se-á.
A locupletação pessoal,
é evidente, a ânsia do poder, o destaque oficial, o nome e a fama de ser grande,
poderoso, cheio de artimanhas,
todos co-participantes de
uma ilusória fraternidade, a cidade do vício, do logro social e da vergonha.
Tamanha ignomínia faz
parte do jogo democrático?
Sim, mas é evidente a
concepção de que precisamos mudar, purificar o jogo do poder,
transformá-lo, ao
contrário, num justo conciliábulo de interesse em prol do bem comum.
Nada de dança de infames
urdiduras, maquiavélicos conchavos
– uma competição de alto
nível, onde se ousem se busquem as
melhores soluções, conjunção de ideais para construção de uma comunidade mais
ínclita, solidária
e realmente equânime.
Eis os piratas do erário
público, como fazem e como agem.
Por que não são
expulsos, erradicados quais as mais daninhas das ervas?
Estimulá-los jamais. São
como o joio, a urtiga, eles se infiltram na lavoura sadia, rompem as fronteiras
da justiça,
para se esconderem em
covas rasas, depois cavarem suas cavernas de mentiras, onde florescem e de onde
partem para amordaçar mentes e corações incautos.
Quereis melhorar o
mundo, como fazê-lo se aceitas o exemplo do falso líder, do palavrório fácil,
da (des) razão, que a nada leva
senão ao sofisma do
pensamento, à arte de confundir?
Sim, arte de confundir
hoje prevalecente, os fakenews, as redes sociais, que nos desviam de ver
o viver e somar, em vez de melhorar, definir o sentido do mundo.
Dir-vous-ei — tudo isto
é distorcer as faces da justiça e da
razão.
Mas, não somos seres desprovidos do descontino.
Não somos simples
projéteis que atingem ou não as metas do destino.
Somos, sim, projetos que
nossa experiência e habilidade alcançam os desejados objetivos.
Não precisamos de robôs
alternativos, folhas secas que vivem, mas não alteram os planos vivenciais..
Somos marcados para
viver, não esse viver alternativo, onde tudo vale, no vale tudo do viver, onde
o inconsistente torna-se o consistente de nosso ser.
Daí o constitutivo evidente
de nosso sentido de viver — o plano projetivo de como estar bem com a
meterialidade de nosso ser,
Num mundo de imanência
inconsistente, que se contém na seta permanente do temporal.
O devir que se projeta
no amanhã do porvir, que se potencializa na eternidade do devenir do vir
a ser.
Enfim, dir-vos-ei:
O sentido da vida, de
nossas vidas, é sabermos contextualizar, com certeza e presteza,
as circunstâncias
imediatas do vir-a-ser, já sendo, de nosso verdadeiro SER
Bs,
28.06.18
POEMA
AXIOLÓGICO
Murilo Moreira Veras
O que é o valor senão
o mérito final das coisas
— o dever-ser da sacralidade
do ente, o amor à justa razão,
a verdade sobre o ente-em-si e o que será?
O poema se desdobra entre o peso
axiológico e a leveza do ser ontológico
entre a ética final e o sedentarismo do ente-em-si
inicial.
porque água, flor, vida e sonho são a matéria prima
de que ela é feita
– e sempre o será,
artefato ínclito do coração de Deus,
fruto de sua inventiva criadora,
matéria sutil da inteligência superior,
mater-filha-de-maria,
provedora e mantenedora,
santa ou pecadora,
não mais que
Mulher.
CDL/Bsb, 8.03.19
A SUSTENTÁVEL
GRAVIDADE DO SER
Murilo Moreira Veras
Decantarei todas as coisas
que a vida nos dá
— belos dias, todos os haveres
que se pode ter
mas nada, nada se compara
com os sonhos que nos proporcionaram
a sustentável gravidade do ser.
Corremos mundos, grandes surpresas,
cruzamos com terras, temos amigos,
bons e maus amigos, ricos, pobres,
gente humilde, espertalhões, doutores,
comendadores, escritores, fiéis e infiéis
seguidores
— os caminhos que nos levam ao querer e
poder,
mas nada, nada se compara com as belezas
espelhadas em nosso ser.
Amores, ardores e tantos sofreres,
desse mundo nada se leva
senão o que na verdade se é,
o sim do âmago de nosso ser
que transcende a extravagância
do ter e do querer.
Decantarei,
sim, as coisas que a vida nos dá,
belos dias, louvores e fervores de que
podemos
nos regalar
— mas nada, nada se compara
com a sustentável gravidade,
que
é a beleza inigualável do Ser.
Bsb, 25.10.18
CÉU ÁVIDO
Murilo Moreira
Veras
Os inimigos, por Jove, nãos os
tenho,
a sério,
mesmo envoltos no mistério
que se
debate no mais raivoso pélago.
Se os
tive, guardo-os em segredo comigo.
Se acaso
os relembro,
a
ressoar seus nomes no livro da existência,
não me
doem, a consciência já inerme,
simples
pensamentos adredes
que ao
senil prescreve
e o
juvenil se atreve.
Amigos,
sim, os tive, os tenho
e espero
tê-los sempre
nesse
nosso trilhar afora.
É como
definir-se o reverberar do sonho
que o
Destino espelha
em cada Céu Ávido
da outra
vida que —
tê-la
todos nós supomos.
Bsb,
1.05.18
CÂNTICO
DO PÃO CRÍSTICO
REINVENTADO
Murilo Moreira Veras
Que nos deem o pão para que sem egoísmo saibamos
dividi-lo, Que não nos deixem o desprezo da
insônia nos impedir de perdoar,
O pão — que
ele não se transforme em guloseima de glutões,
mas acepipe sutil, experiência superior
Que não nos
ceguem os olhos de assistirem a beleza
que o silêncio oculta.
Que não nos
represem as mãos de exercer o sublime gesto de ceder e amar
Que o coração
se enriqueça sempre de sonhos
E na mesa da esperança
jamais nos falte o pão partilhado
— para que não
venha a ser vítima da cilada do desamor e soframos da solidão.
Que o pão
desnudado e simples represente o signo comunitário e
nos ensine a
ser livre, sem ilusões e nos faça
compreender a dor e o sofrer humanos
— esse partilhar fragmentado.
Que a energia
do pão nos traga força e jamais nos empobreça os olhos da luz de seu fermento
O pão é ele que nutre de esperança a fome
espiritual de nosso irmão
Que o pão da
verdade e a verdade do pão sejam o alimento contra a afasia da razão, que se
mede em opróbio da injustiça.
Este é o
Cântico do Pão Crístico, ora inventado.
Iluminem-se
todos os olhos e todas as mãos, súplices, incendeiem-se de luz.
Que o pão se
espalhe em frações de sonhos e lucilem como estrelas entre os seres indomáveis,
— prelibações de oráculos, o pão da vida, que é
o maná da salvação.
Ouvi todos:
Onde o pão crístico que ainda não matou a fome espiritual do mundo?
Bsb,11.10.17
O V E L E J A D O R
Murilo Moreira Veras
De há muito velejo por este mar da vida,mar de sonhos –
o verde mar da vida.
Velas ao vento, navego, velejando pela
existência.
Bujarrona solta,
vou navegando,
todo o cordame feito de vivências,
livre de consciência,
sempre velejando, de porto em porto,
busco o promotório da esperança.
Vida que vivo, na verdade, como a verdade na vida.
Quantas novas trilhas? Quantas novas milhas percorridas?
Vou velejando, vou vivendo,
por vales, vielas, vilas vou passando e a vida renovando.
Velejar é como navegar nas ondas da vida,
caminhar por trilhas inauditas, mas que passamos a conhecer.
É comungar com os desejos escondidos, de repente
renascidos.
Eu sou esse velejador visível e
previsível
— o Velejador de Sonhos.
Bsb,01.01.17
A FLOR E A ESTRELA
Raimundo Nonato Veras, reconsti-
tuído por Murilo Moreira Veras.
HÁ DUAS COISAS QUE A VISTA
HUMANA
SE QUEDA A CONTEMPLAR
INEBRIADA,
A FLOR NO VERDE PRADO
DESBROCHADA
E A ESTRELA NAS ALTURAS
SOBERANA.
A FLOR
REPRESENTA A NATUREZA
ONDE OS
SERES SE ACHAM GUARNECIDOS
JÁ E
ESTRELA NOS CÉUS DEESCONHECIDOS
EVOCA
SEMPRE RÚTILA BELEZA.
SE NUMA A SINGELEZA DIVISO
NOUTRA VEJO UM SOL ALADO TAL
QUE ARDE EM DIVINAL AVISO
A NOS
ENCHER DE FÉ E DE ESPANTO,
PORQUE
DEUS FEZ A FLOR DE SEU SORRISO
E A
ESTRELA DE UMA GOTA DE SEU PRANTO
CDL/Bsb, 27.10.16
HOMENAGEM AO POETA
PEQUENA ODE A TROIA
Nauro Machado
Como te massacraram, ó cidade
minha!
Antes, ,mil vezes antes fosses
arrasada
por legiões de abutre do infinito
vindos
sobre coisas preditas ao fim do
infortúnio
(ânsias, labéus, lábios,
mortalhas, augúrios),
a seres, ó cidade minha, pária da
alma,
esse corredor de ecos de buzinas
pútridas,
esse vai-e-vem de carros sem
orfeus por dentro,
que sem destino certo, exceto odo
destino
cumprido por estômagos de usuras
cheios,
por bailarinos d’ascos sem bale
nenhum,
por processões sem desuses de
alfarrábios velhos,
por ´teros no prego dos cachos sem
flores,
por proxenetas próstatas de outras
vizinhas,
ou por desesperanças dos
desenganados,
conduzem promissórias,
anticonceptivos,
calvos livros de cheques e de
agiotagem,
esses lunfas políticos que em
manhãs – outras
que aquelas há havidas, as manhas
do Sol –
saem, quais ratazanas pelo ouro nutridas,
apodrecendo o podre, nutrindo o
cadáver.
Se Caim matou Abel e em renovado
crime
Abel espera o dia de novamente ser
assassinado em cuinha de rota
bandeira,
que inveja paira em Tróia ou em outro
nome qualquer
da terra podre e azul de água e cotonifícios?
Mutiladas manhãs expõem-se nas
vitrinas
de sapatos humanos mendigando pés,
de vestidos humanos mendigando
peitos,
de saias humanas mendigando sexos.
Esta é Tróia!, o vigésimo século
em Tróia,
blasfemam as fanfarras de súbito
mudas
aos ouvidos marcando a pancada da
Terra.
____________________________
Nasceu em São
Luis (MA), em 1935, faleceu este ano. Filho de Torquato Rodrigues Machado e
Maria de Lourdes Diniz Machado. Poeta, escritor, com vasta obra, notadamente
poética. Seus últimos livros foram: “Esôfago Terminal” (2014) e “O Baldio Som
de Deus” (2015). O Brasil perde mais um grande poeta, este das plagas maranhenses.
EVOCAÇÃOLUDOVICENCE
Murilo
Moreira Veras
Erefaz-se o olhar de repente na reclusão dos
sonhos não
os sonhos de uma manhã desfeita, os
sonhos de uma saudade a
ecoar num pátio, como
batendo em ladrilhos e
abre-se uma pequena janela na
memória perdida do tempo. –O que se
pede? O que se sente naquela
tarde mergulhada em sonhos? Um
sorriso se acende no retrato antigo, uma
mão tece o enredo da vida, a
explosão de um olhar, inquieto olhar, o
adeus, o desenlace e
lábios sôfregos desembrulham saudosa lágrima... Na
tarde, aquela figura frágil de pássaro. No
cais aqueles olhos compridos de louva-a-deus esperando a
esperança que jamais virá. Ah,
São Luis, tu jazes insepulta no meus ínvios olhos,
nuvem
de sonhos de uma manhã insone. A
praça Gonçalves Dias das antigas festas de igreja, com
suas ladainhas, a alegria, os pirilampos, os rodopios. O
antigo campo de Ourique com suas casas de estudo tradicionais:
o Ateneu, o Colégio Estadual, o Rosa Castro. No
meio, plantada,a biblioteca abre suas
asas de livros, carrossel
de folhas, histórias e flores –porta
aberta de aventuras. Em
antigos detritos, a rua dos Afogados afoga o
olho foragido do tempo. A
boca do lobo tragando a sujeira. Os
fatos também fluem na correnteza do tempo. A
rua dos Hortas não tem horta, mas tem portas. A
rua das Flores tem amores. O
sol da rua do Sol esconde o olho tímido, vadio, de luz as casas devassadas,
embriagadas, sonolentas. Sem
pressa segue-se pela rua da Paz, a
costear o casario azul, verde, amarelo e branco até
a praça João Lisboa, antes aportando-se ao prédio azul da
Academia, antiga biblioteca. O
Carmo ergue seu nicho sagrado de
longe controla os nobres sobrados, arqueados
de histórias e sombras. No
centro, o pombalino relógio que
as horas esqueceu. Pela
rua Grande ou se sobe ou se desce, serpenteando
até o coração da cidade. Na
Viração é o entroncamento do bonde São Pantaleão que
corta a rua dos Passeio rumo ao cemitério, enquanto
o do Anil e seu caradura seguem
rua Grande a fora, em busca do Areal, da Estação, do
ponto final. O
Beco do Escuro se esconde nas sombras com
seu odor de madeira podre, suor e latrina. E
lá para o outro lado da cidade no seu altiplano situam-se
o Viaduto, o Palácio dos Leões, a
Igreja da Sé e o Hotel Central, onde
o bonde Gonçalves Dias atinge o fim da linha e
o motorneiro manobra o seu retorno. Por
onde ele passa vai acenando e
recordando o passado. Pode-se
ver o olhar de Bequimão enforcado
no seu sonho rebelde. Dali,
como um golpe de faca, uma
ladeira nos leva direto à Praia Grande, os
armazéns, o formigueiro do porto, a
Alfândega, os barcos, espetado
no horizonte, um navio fundeado na baía de São Marco. Não
muito longe, o velho mercado. Secos
e molhados, peixe, farinha, camarão, verduras
e frutas, arrepiadas, perdidas, apodrecidas. Labutas
e trapaças escondidas. O
transporte é a carroça puxada a burro, vai-se
para onde se quer. Beco
do Quebra-Costa, da Pacotilha, Madre Deus. Praia
Grande, o comércio a grosso, cheiro de sacaria, babaçu e marisia. Bem
pertinho, fazendo-se o contorno, alcançamos a Beira Mar. Bairro
nobre, a brisa marinha aliviando o castigo do sol. É
lá que fica o Cais da Sagração e
onde aos cambulhadas se chega galopando no
dorso da ladeira da Montanha Russa. A
três ou quatro passos refugia-se a sucata da antiga Estrada
de Ferro São Luis/Teresina. (Quanto
tempo faz isso? 50, 60 anos?). Quem
se lembra mais da velha e pachorrenta Maria Fumaça Maranhense, suja,
poerenta, desengonçada, soltando faíscas no tempo, deslocando
ineficiência? Ah,
São Luis, São Luis, velhas
e novas lembranças redivivas! Os
desfiles estudantis, os antigos carnavais, os
matinées, os vesperais e
soirées no Roxy, Éden e Cine Teatro Arthur Azevedo. O
Colégio Estadual. A Praça João Lisboa. As
divagações noturnas ao pé da estátua de Benedito Leite. Os
bondes, os dribles no estribo enganando o cobrador. Os
seriados de cow-boy aos domingos no cine Rival. Os
pães da padaria Cristal. A
Mercearia Brasil vendia a prazo. Depois
do cinema o sorvete no Hotel Central. Melancia
nos intervalos de aula. Descer
a Rua Grande a pé é uma festa. A
Viração, as lojas 4.400, o Tabuleiro da Baiana, o Cassino Maranhense, a
Farmácia Garrido, as Lojas Rianil e
desembocamos na João Lisboa pra tomar caldo de cana ou
refresco na Fonte Maravilhosa ali perto.
Ah, São Luis, São Luis
dos meus verdes tempos. Será que ainda existes ou apenas tu te escondes atrás das janelas da emoção? Bsb, 6.08.05 CAVALGADADOSINCONFIDENTES
Murilo
Moreira Veras
Romanceiro
o que fazes senão
sonhar com encantados ribeiros e
montanhas escondidas a se
enrolarem nos caminhos de sombras do
Verbo Divino Encarnado? Ó
Romanceiro da Inconfidência que
logo Ouro Preto revelaste. É a
corrida do ouro a
terra que se fere de sulcos, enriquece
pontes e palácios também
paixões se acendem, em
cada caminho um ladrão encurralado. Caçadores
trilhando nas matas? Ai,
menina assassinada com
seu esvoaçante lencinho feito
de sonho, ouro e papel, apunhalada
em tempo natalino pelo
próprio pai. O
ouro podre foi desfeito, Um
menino dorme sem sonhar. Morre
Felipe dos Santos, enforcado
e esquartejado, numa
noite de luar. Trocam-se
grãos de chumbo à
força do pecado. O
que fazem os negros, senão
espiar, catar raios de alegria e
se assustarem? E
Chico Rei veio de Luanda ou do Congo? Seu
trono fica na lua, no
sol, nas estrelas de
seu mísero cantar. É
um ínfimo romance ou
uma cantiga de ninar? Santa
Ifigênia sacode o manto: ouro
em chama se transforma. A
donzelinha pobre chora lágrimas de ouro e sangue diante
dos desvarios dos homens, enquanto
diante do altar outra
donzela põe-se a rezar por
seu enamorado que
lhe mandou uma flor. Ouvidor
que manda flores, enquanto
aprisiona sem pudor os traidores? Nossa
Senhora da Ajuda ajuda
todo mundo que a ela se socorre? Crianças
rezam cheias de fé –
Nossa Senhora, ajudai, Ajudai
Joaquim José. E a
figura de Fernandes – o
contador de sangue, sonhos e diamantes, alvarás,
contratos e decretos na
vida ele vai contratando. Eles
eram muitos cavalos Mas
Chica da Silva dorme
em dourada cama e
os marotos do Reino recolhem
os frutos, em
ouro e diamante escavados
às grotas e gupiaras: é a
tirania do ouro a
escravos fazer, com
ele se fabricam algemas, muros
imensos se erguem com
os tijolos da vergonha. Eles
eram muitos cavalos Quando
Chica da Silva se desfaz, sem
mais ouro, só pranto. Nublados
reinos de saudade? São
restos de chafarizes onde
a frigidez do tempo imola
a língua das palavras, vidas
sobre-humanas segregadas
de tristezas e rebeldia. Eles
eram muitos cavalos Esses
acadianos com suas criaturas de deleites, com
ramalhetes de flores, redondilhas
sob nevoas de tristeza
e apatia.
Esses
nomes de deuses tardios,
Maria,
Glauceste, Dirceu, Nice e Anardia,
imbricados
em leques de saudade.
Eles
eram muitos cavalos
Anjos,
promessas, procissões
e cavalhadas,
alfaias
de capela, o barroco
sonhando,
a
deslizar sobre seixos e pedras
num
carrossel de ideias
–
invejas que se embaraçam
e
se espalham pelo clero, nobres
e pelo povo,
enquanto
a chibata é cruenta
e
em negros troncos outros negros troncos
se imolam.
a
Arcádia os noveis pastores literários
tecem
sonetos em liras e adormecem,
esquecendoos impostos e os castigos.
Até
um diamante em ideias retratado.
Eles
eram muitos cavalos
Enquanto
sombras de revolta abrasam
as
terras de Vila Rica,
esse
levante de que participam
tolos e sábios.
Atrás
das portas fechadas,
trêmulas
velas tramam os contrafortes
da revolução
–
os insurretos inconfidentes,
Vigário,
juiz, poeta,
o
Alferes a comunicação:
Libertas
Quae Sera Tamem”
– de
onde ecoa esse grito?
Ressoa
nos iconoclastas, nos revoltosos
em
todos os Inconfidentes,
libertários,
retardatários,
humanistas,
humanitários
–
os afiliados da Sedição.
Eles
eram muitos cavalos
Eis
que o animoso Alferes emerge
ura
ele febres e chagas
–
febres dos homens e chagas de Deus?
Inocente
útil? Revolucionário? Iconoclasta?
Reformador
ou Traidor?
Eles
eram muitos cavalos
Na
calada da noite,
Silvério
dos Reis redige a carta
de delação
–
Judas redivivo?
Traidor,
impostor, ladrão?
Inicia-se
a devassa,
os
acusados aprisionados,
Gonzaga,
Toledo e Cláudio
–
todos insurretos.
Quem
avisa Vila Rica?
o
guardião da vida
que
se traveste de espião?
a
Morte, o mascarado desconhecido?
Amigo
ou Inimigo?
– É
o Embuçado em ação.
Eles
eram muitos cavalos
Que
se calem todos,
as
lavras, os loucos, os parentes.
É
ele o sonhador louco,
o
salvador que não se salva
– o
Alferes Tiradentes.
Eles
eram muitos cavalos
Que
palavras são estas
com
que tanto vos inquieteis,
pela
boca húmida do tempo.
Que
palavras são estas
que
cavalgam em vossas bocas
com
sentenças terríveis
que
vos castigam e vos devoram
– o
castigo vindo a galope?
Vêde,
igual o manto crístico,
a
mãos malignas lançado,
assim
o Alferes tem seus bens
arrematados,
fivelas,
navalhas, relógio, canivete,
espelho
– onde estão as cinzas do perdão?
Eles
eram muitos cavalos
Até
um padre corrupto,
insurgente,
conspira no tempo
presente
–
Padre Rolim, saltimbanco
aos
ferros apanhado.
Eles
eram muitos cavalos
Ah,
os pusilânimes,
or
que vos escondeis entre palavras
confessáveis,
vós
que do fundo da morte
tereis
vossos nomes selados
na eternidade.
Eles
eram muitos cavalos
Claudio
Manuel da Costa,
como
ele morreu
–
envenenado, apunhalado
ou
teria fugido embuçado
nas pedras das colinas
de Minas?
E
já vem o peso da morte,
Batendo
nas portas,
mãos
e pés sob o peso do infortúnio,
agora
estraçalhados.
Sim, eles eram muitos cavalos
Que
madrugada aquela
sombria,
negra de consequências,
inda
longe a alvorada,
o
povo apinhado,
colchas
ao vento em reza
de sentimentos
–
afrontosa agonia?
Eles
eram muitos cavalos
Onde
o caminho do cadafalso?
O
Alferes há de morrer sozinho
–quem
o salvará da sanha
dos julgadores?
Pois
ele há de morrer sozinho,
o
corpo partido em quatro pedaços
a
serem vistos dos alpendres
dos palácios.
Eles
eram muitos cavalos
Ninguém
o segue,
Ninguém
mais o ouve,
os
amigos se afastam,
do
sonho só leva tristeza
no
bolso não leva vintém,
uma
estrela de sonho revisitado.
Onde
está o amor de Tomás Antônio Gonzaga?
O
que restou da Arcádia,
de
Marília e suas tranças
de ouro trançadas?
Tudo
nos porões dos navios.
Marília
agora não passa de uma flor
desbotada.
Eles
eram muitos cavalos
Elas
com seus sonhos,
a
beleza reconstituída.
Eles
eram muitos cavalos,
o
olhar de enlevo que só a esperança
acolhe.
Eles
eram muitos cavalos
Os
cascos soando nas lajes
do passado,
nas
ruelas, nos pátios,
o
coração de Ouro Preto estrangulado.
O
ouro cobrando à vingança
de antanho,
o
braço da vida rasgado à espada inaudita.
A
vila adormece apodrecendo,
a
rudeza do sonho esquecido.
Eles
eram muitos cavalos
Os
suspiros das donzelas,
a
florirem de esperança
–
corações apaixonados.
Marília
cujas tranças se entrançam
de justiça.
O
nó da forca vil esmaga a tristeza
das vozes.
Noite
sinistrada de sombras,
dorme
a ilusão, perde-se o sonho.
Pelas
janelas, beijos calcados,
esvoaçam
sussurros,
enquanto
as janelas dos casarios
se
arrojam à beleza do ensolarado dia.
Com
seu instrumento de arte
Aleijadinho
cinzela os vultos arrancados
à imaginação
–
coração imbuído de fantástico
realismo.
Não
há mar de marulhos e ondas
ou frígidos ruídos,
mas
os túmulos dos mortos;
Ó
Aleijadinho, modelador de estátuas,
de
pedra, carne e sangue,
ergue-te
do túmulo onde adormeces
e
cinzela na pedra
a
Cavalgada dos Inconfidentes
em
que se transformou a Trágica MineiraConspiração
pela
liberdade desta Nação!
Bsb, 16.05.15
O OLHARDEDEUS
Murilo Moreira Veras
Nuvens de rebanho
o estranho odor
da aventura
dor do mundo
estrangulada
no estreito nó
da esperança
rebanho de nuvens
ou de estrelas?
Retalhos de aurora
se abrem
em sorrisos
Olhar das nuvens
é o olhar da memória
translúcida nos homens
frigidez
simplicidade
oração
– tudo no rebanho
do olhar de Deus.
Bsb, 30.05.15 AVE TU,POESIA
Murilo Moreira Veras
Cessa tudo enquanto o canto encanta
que o poema em alto astral
a vida decanta
os olhos do mundo se traveste
de esperança.
Dá-me um poema e a felicidade
respirará sonho de todo o pranto
dos homens.
Vê como a rósea aurora
já resplandece
tingindo a manhã de arco-íris.
A vida é um caminho
em busca do sorriso do céu.
Sê tu como a destreza da águia
que espreita o Destino.
Ri à larga
e enternecerás de utopia
as sombras da noite.
Desfruta o dia com seu roteiro de pedra
e vibra com o cintilar das estrelas
que iluminam janelas
num céu desconhecido.
Ave luz
Ave sol
Ave alegria
Ave tu, poesia
com teu alforge
de magia.
Bsb. 28.06.14
Publicado em 8 de ago de 2014
Ficha técnica de O QUE SERIA A POESIA: Música - JC Dattoli Letra - Murilo Veras Voz e violão - JC Dattoli Teclados - J Goulart Baixo elétrico - Daniel Júnior Percussão - Jorge Macarrão Gravação, mixagem e masterização - J Goular Trabalho concluído em julho/2014.
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