A CONSCIÊNCIA ALÉM
DA MATÉRIA
Decorridos sete anos de sua morte, vem-nos à baila, no
You Tube, a última entrevista de Stephen
Hawking, o famoso cosmólogo inglês. Físico e cientista agnóstico de projeção mundial, dias antes de falecer expõe
a público suas extravagantes teorias sobre o universo.
Desta feita, parece avançar um pouco
em suas lucubrações científicas, sua famosa Teoria
do Tudo, agora acrescida de algumas panaceias teóricas, embora insista na
mesma ideia quanto a inexistência do Criador e sua visão algo panteísta do
universo. Segundo afirma agora, um passo a mais nas afirmações anteriores, de
que o universo é uma cadeia de eventos extraordinários criados por si mesmas,
mediante leis matemáticas, químicas e equações formais, com começo mais sem
fim, sem necessidade de nada que o direcione. Agora na sua última entrevista,
Hawking parece tergiversar quanto as suas afirmações anteriores — permite uma
nova lucubração, de a consciência humana poder influir como elemento inovador,
influindo na evolução do Cosmo. Isto significa uma nova teoria de que as
pessoas falecem, mas podem continuar, através da consciência, de tal modo
noutro plano, o que representa reintegrar-se no universo, espécie de argamassa
ou veículo de vivência, talvez subsistindo eternamente.
Sobre os buracos negros, também integrantes de suas especulações, que
segundo ele são capazes de absorverem tudo que deles se aproximem, a despeito
de contrário à teoria quântica,
afirma agora que a consciência seria como uma informação que haveria de
permanecer, portanto, o conceito de alma, que agora ele inova. Seria espécie de
espírito primordial do ser humano,
O fenômeno da consciência existiria
no espaço tempo, compondo assim a Breve
História do Tempo. Assim, a ciência acumula respostas, mas também perguntas,
o caso de consciência em face da
mecânica quântica, que permitiria seu trânsito, enquanto o buraco negro a
eliminaria.
Assim, segundo ele, a consciência
remanesceria após a morte, integrando-se no Cosmo como parte dele, incorporada
à Ordem Cósmica. Trata-se de
questões, segundo Hawking, irrespondíveis, por se referir à imortalidade. A morte seria uma transição, além de
interferir no horizonte do Universo. Religiões antigas se parecem com nossas
especulações científicas.
Se interpretarmos tais lucubrações
últimas de Hawking, diríamos tratar-se da transcendência
por ele simulada, reconhecendo que há a
matéria e o espírito. Poderia ser, portanto, a alma.
E vai mais além Hawking. Além de
explorar as fronteiras do desconhecido, esse espetro que seria a alma, a
ideia significando o universo com fonte também de informação, a consciência
assim permaneceria. Aliás, a psicologia, a neurociência, tentam provar, mas
ainda em vão, talvez à falta de instrumentalidade adequada, pois parece
extrapolar os caminhos da ciência. Talvez configurem espécie de consciência
primária — como prefiguram os ritos religiosos antigos.
Então qual o objetivo do universo?
Para Hawking o universo simplesmente existe, portanto ele não acredita em Deus.
Ele acredita que talvez o universo seja habitado, também com a proliferação de seres.
O princípio antrópico talvez enseje
isso. A consciência pode se confundir com a própria realidade — o que
equivaleria a uma forma de panteísmo.
A consciência seu subproduto. Para ele, haveria outros universos, inclusive sem
fronteiras, o que teria ocorrido antes do Big
Bang. Seria como experiências cósmicas que se constituíssem em pensamentos
místicos.
Segundo Hawking, os seres humanos se
encontrariam num umbral de uma nova era, com os avanços tecnológicos tais como
a teoria da informação e novas perspectivas do conhecimento, sempre a
prevalecer o conhecimento científico. A consciência pode representar uma
reflexão filosófica, senão um problema metafísico, embora seja questionável os
parâmetros da ciência moderna. Meu corpo tornou-se uma prisão, mas com
extraordinária capacidade de especular sobre a realidade. Não se trata de
misticismo, talvez um compartilhamento com a filosofia. Por exemplo, a neurociência tem experiência nesse sentido, dirimir as diferenças. Significa que
compartilhamos com esses problemas, de expansão da consciência.
Por fim, Hawking dá sua última
mensagem. A metafísica se transforma na
física moderna. A consciência torna-se um problema difícil que desafia a
realidade, conquanto enseje reflexões a
respeito. De minha parte — finaliza ele — devemos refletir sobre tais assuntos,
o papel que representa a consciência na existência humana.
A nosso ver, face ao se aproximar de
sua morte, o intransigente físico dos buracos negros e da diversidade de
universos parece menos flexível em seus conceitos ao admitir a consciência
mística e a possibilidade de uma preexistência da alma, embora continue
agnóstico.
Bsb, 5.09.25
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