sexta-feira, 5 de setembro de 2025

                                 A CONSCIÊNCIA ALÉM 

                          DA   MATÉRIA

 


 

 

Decorridos sete anos de sua morte, vem-nos à baila, no You Tube, a última entrevista de Stephen Hawking, o famoso cosmólogo inglês. Físico e cientista agnóstico de  projeção mundial, dias antes de falecer expõe a público suas extravagantes teorias sobre o universo.

Desta feita, parece avançar um pouco em suas lucubrações científicas, sua famosa Teoria do Tudo, agora acrescida de algumas panaceias teóricas, embora insista na mesma ideia quanto a inexistência do Criador e sua visão algo panteísta do universo. Segundo afirma agora, um passo a mais nas afirmações anteriores, de que o universo é uma cadeia de eventos extraordinários criados por si mesmas, mediante leis matemáticas, químicas e equações formais, com começo mais sem fim, sem necessidade de nada que o direcione. Agora na sua última entrevista, Hawking parece tergiversar quanto as suas afirmações anteriores — permite uma nova lucubração, de a consciência humana poder influir como elemento inovador, influindo na evolução do Cosmo. Isto significa uma nova teoria de que as pessoas falecem, mas podem continuar, através da consciência, de tal modo noutro plano, o que representa reintegrar-se no universo, espécie de argamassa ou veículo de vivência, talvez subsistindo eternamente.

Sobre os buracos negros, também integrantes de suas especulações, que segundo ele são capazes de absorverem tudo que deles se aproximem, a despeito de contrário à teoria quântica, afirma agora que a consciência seria como uma informação que haveria de permanecer, portanto, o conceito de alma,   que agora ele inova. Seria espécie de espírito primordial do ser humano,

O fenômeno da consciência existiria no espaço tempo, compondo assim a Breve História do Tempo. Assim, a ciência acumula respostas, mas também perguntas, o caso de consciência em face da mecânica quântica, que permitiria seu  trânsito, enquanto o buraco negro a eliminaria.

Assim, segundo ele, a consciência remanesceria após a morte, integrando-se no Cosmo como parte dele, incorporada à Ordem Cósmica. Trata-se de questões, segundo Hawking, irrespondíveis, por se referir à imortalidade.  A morte seria uma transição, além de interferir no horizonte do Universo. Religiões antigas se parecem com nossas especulações científicas.

 

Se interpretarmos tais lucubrações últimas de Hawking, diríamos tratar-se da transcendência por ele simulada, reconhecendo  que há a matéria e o espírito. Poderia ser, portanto, a alma.

E vai mais além Hawking. Além de explorar as fronteiras do desconhecido, esse espetro que seria a alma, a ideia  significando o universo com  fonte também de informação, a consciência assim permaneceria. Aliás, a psicologia, a neurociência, tentam provar, mas ainda em vão, talvez à falta de instrumentalidade adequada, pois parece extrapolar os caminhos da ciência. Talvez configurem espécie de consciência primária — como prefiguram os ritos religiosos antigos.

Então qual o objetivo do universo? Para Hawking o universo simplesmente existe, portanto ele não acredita em Deus. Ele acredita que talvez o universo seja habitado, também com a proliferação de seres. O princípio antrópico talvez enseje isso. A consciência pode se confundir com a própria realidade — o que equivaleria a uma forma de panteísmo. A consciência seu subproduto. Para ele, haveria outros universos, inclusive sem fronteiras, o que teria ocorrido antes do Big Bang. Seria como experiências cósmicas que se constituíssem em pensamentos místicos.

Segundo Hawking, os seres humanos se encontrariam num umbral de uma nova era, com os avanços tecnológicos tais como a teoria da informação e novas perspectivas do conhecimento, sempre a prevalecer o conhecimento científico. A consciência pode representar uma reflexão filosófica, senão um problema metafísico, embora seja questionável os parâmetros da ciência moderna. Meu corpo tornou-se uma prisão, mas com extraordinária capacidade de especular sobre a realidade. Não se trata de misticismo, talvez um compartilhamento com a filosofia. Por exemplo, a neurociência  tem experiência nesse sentido,  dirimir as diferenças. Significa que compartilhamos com esses problemas, de expansão da consciência.

Por fim, Hawking dá sua última mensagem. A metafísica se transforma na  física moderna. A consciência torna-se um problema difícil que desafia a realidade, conquanto enseje reflexões  a respeito. De minha parte — finaliza ele — devemos refletir sobre tais assuntos, o papel que representa a consciência na existência humana.

A nosso ver, face ao se aproximar de sua morte, o intransigente físico dos buracos negros e da diversidade de universos parece menos flexível em seus conceitos ao admitir a consciência mística e a possibilidade de uma preexistência da alma, embora continue agnóstico.

                                                                Bsb, 5.09.25

 

 

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