LAUDATO SI – A ENCÍCLICA
ECOLOGICA DE FRANCISCO
“Louvado
Seja, Meu Senhor” – esse o título da encíclica publicada em 26.05.15
pelo Papa Francisco, em Roma. O título é extraído de um cântico de São
Francisco de Assis: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa, a mãe terra, que
nos sustenta e governa e produz variados frutos e com flores coloridas e
verduras” (Cantico delle creature: Fonti Francisco, 263).
Contém o
documento pontifício 246 tópicos e todos o seu conteúdo é demonstrado ou
fundamentado em 172 fontes bibliográficas, o que pressupõe a garantia dos
conceitos ali expostos.
O próprio Papa
admoesta ser uma “longa reflexão jubilosa e ao mesmo tempo dramática”.
Percebe-se logo que, com sabedoria e grande pertinácia, o Pontífice se desvia
do proceder dos chamados “ecoxiitas”, quando querem impor ao mundo e às nações
certos conceitos e ações, às vezes temerários de que se julgam portadores de
forma absoluta.
Podemos dizer
que a encíclica se apoia em dois principais pressupostos:
(a) uma
reflexão jubilosa
(b) uma
propositura dramática de ações
Sob a égide reflexiva, a encíclica faz
uma exortação maravilhosa sobre a natureza e a Criação de Deus, tendo por
paradigma a luminosa figura de São Francisco de Assis. Aliás, sabemos que o
santo inspirou o título do Papa ao
exercer seu vaticanato.
À guisa de proêmio, a encíclica
premune-se de exortações e elegias antes de fazer as advertências e as
orientações que considera imprescindíveis à guarda e proteção do meio ambiente.
Depois, na sua segunda etapa, é um conjunto de medidas e ações concretas a
serem observadas por toda a Igreja, extensiva também às pessoas de boa vontade,
independente da religião que professam.
Não se trata, evidentemente, de um
documento qualquer, mas uma mensagem de alto teor teologal indutor de salutares
e virtuosas ideias, de cunho propedêutico, de grande alcance e repercussão na
sociedade, inclusive a laica.
Assim, apoiado nesses dois pressupostos,
um elegíaco e outro admoestativo – sem perder o horizonte da melhor doutrina
católica – o Pontífice afastou-se estrategicamente das ações de caráter
ecoxiita, espécie de terrorismo ecológico disfarçado.
Isso não implica que o Supremo Pontífice
deixe de condenar os atentados praticados à natureza e, inclusive, se mobilize a recomendar a adoção, pela sociedade
e pelos organismos pertinentes, medidas políticas eficazes e de alcance
duradouros, ações que, em conjunto com
os movimentos éticos e ecológicos, envolvendo a sociedade humana,
obtenham êxito na luta contra a degradação ambiental.
As diretrizes do novo documento papal não
considera, como foco crucial da questão, as ostensivas pretensões dos
ecoxiitas, mas prefere fazer um diagnóstico da situação, pedindo o apoio de
toda sociedade, para que, num esforço coordenado, procurem encontrar as melhores
soluções possíveis.
E nesse sentido, não tem receio de
apontar também como coadjuvante na degradação ambiental, o próprio ser humano,
na medida em que se torna individualista ou, o que é pior, se omite no
enfrentamento do problema, inclusive quando endossa campanhas meramente
evasivas, com resultados ineficazes.
Sem deixar de demonstrar o lado perverso
da problemática sobre o qual tanto demonizam os que defendem a bandeira
ecológica radical, o Papa Francisco apela para o bom senso dos seres humanos,
propondo como modelo e conduta admiráveis, seu patrono no Vaticano – São
Francisco de Assis.
Destarte, a encíclica, Laudato
Si, além do mérito educativo e religioso que está implícito em seu
modus operandi, novo júbilo se desprende de seus 247 tópicos – um hino de louvor
à Criação, à sapiência do Criador – enquanto alimenta a esperança, sob a mais
lídima fé, de que os seres humanos se solidarizem como guardiões da natureza e
adotem novos estilos de vida. E que façam de seus dias um continuado ato de
louvor a Deus, em sua múltipla transcendência.
CDL/Bsb,
29.06.15