sexta-feira, 21 de julho de 2017


               SANTOS DUMONT - O HOMEM VOADOR


         Em viagem que recentemente fiz à Europa, enquanto visitava a célebre Torre Eiffel, causou-me espécie  o fato de em todos os recantos paisagístico que ela tem não haver uma única referência ao brasileiro Alberto Santos-Dumont, o homem que inventou o avião.
             Ora pois, se, em várias ocasiões nosso conterrâneo, habilidoso engenheiro e inventor, inclusive do relógio de pulso atual, sobrevoou com seu monoplano a Torre Eiffel. Recordemos os feitos extraordinários de Santos-Dumont em Paris. Primeiro em 1898, quando construiu um dirigível. Depois, em 1901, após falhar algumas vezes, ousou vencer o Prêmio Alemão, promovido pelo Governo Brasileiro, por ter realizado a façanha de ter sido a primeira pessoa por tempo determinado a voar de Saint-Cloud à Torre Eiffel, completando a volta. Só em 1903 — portanto três anos depois – irmãos Wright americanos realizaram a façanha, inclusive aproveitando as ideias de Dumont.
              Não somos nós que o dizemos: é o que costa de verbete específico da Enciclopédia Britânica, Micropédia, vol VIII. Aliás, justiça seja feita, fazendo jus, portanto, ao mérito do brasileiro, que, se não inventou propriamente o avião comercial, foi seu protoinventor.
                     Ciente do também celebrado intento dos irmãos americano, Santos-Dumont retornou sua atenção, agora para o problema “do mais pesado que o ar”, isto é, construir uma máquina que pudesse voar. Então, depois de várias experiências, finalmente, em 1906, construiu um protótipo de propulsão vertical, o 14 Bis, apoiando-se no princípio do voo da familiar “pipa”, modelo com o qual obteve o prêmio “Archedacon Alemão”, por ter realizado o primeiro voo oficial na Europa. Em novembro do mesmo ano, ele voou 220 metros em 21 segundos.
                  Então, nos perguntamos: por que na Torre Eiffel, justamente onde Santos-Dumont realizou todos esses feitos, inclusive dando a volta à torre três vezes, um verdadeiro furo para repórteres na ocasião, existindo fotografias comprovando o inusitado evento —  não há nenhuma referência sobre o acontecimento? Observe-se que Santos-Dumont não era um estrangeiro em Paris, pois morou a maior parte de sua vida nessa Capital. Prevenção dos franceses? Aliados dos irmãos Wright, que eram americanos, não franceses?
             É realmente lastimável – o que de certo modo nos deixou frustrado, pelo desrespeito ao mérito do homem que foi percussor da invenção do avião, na verdade um idealista, que não teve, infelizmente a visão do grande alcance de sua invenção. Também a nosso ver um grande aleive à própria Nação Brasileira.                    Quanto a Santos-Dumont, é a prova de que não passava de um sonhador, que não tinha espírito empreendedor e mercantilista, tanto que, quando retornou em 1928 à sua terra natal,  ao saber que sua invenção, o aparelho voador, servira para ser usado na guerra, tomou-se de profunda depressão – e suicidou-se em 1932, em Petrópolis.
Enquanto isso, na sua própria terra natal, nunca ninguém reclamou por fato tão mesquinho da parte dos franceses – o que, de direito, a nosso ver,  cabia ao próprio Governo Brasileiro exigir, pela melhor via do direito, a devida reparação.

CDL?Bsb.22.07.17