SANTOS DUMONT - O HOMEM VOADOR
Em viagem que recentemente fiz à Europa, enquanto visitava a
célebre Torre Eiffel, causou-me espécie o fato de em
todos os recantos paisagístico que ela tem não haver uma única referência ao
brasileiro Alberto Santos-Dumont, o homem que inventou o avião.
Ora pois, se, em
várias ocasiões nosso conterrâneo, habilidoso engenheiro e inventor, inclusive
do relógio de pulso atual, sobrevoou com seu monoplano a Torre Eiffel. Recordemos
os feitos extraordinários de Santos-Dumont em Paris. Primeiro em 1898, quando
construiu um dirigível. Depois, em 1901, após falhar algumas vezes, ousou
vencer o Prêmio Alemão, promovido pelo Governo Brasileiro, por ter realizado a
façanha de ter sido a primeira pessoa por tempo determinado a voar de
Saint-Cloud à Torre Eiffel, completando a volta. Só em 1903 — portanto três
anos depois – irmãos Wright americanos realizaram a façanha, inclusive
aproveitando as ideias de Dumont.
Não somos nós
que o dizemos: é o que costa de verbete específico da Enciclopédia Britânica, Micropédia,
vol VIII. Aliás, justiça seja feita, fazendo jus, portanto, ao mérito do
brasileiro, que, se não inventou propriamente o avião comercial, foi seu
protoinventor.
Ciente do também
celebrado intento dos irmãos americano, Santos-Dumont retornou sua atenção,
agora para o problema “do mais pesado que
o ar”, isto é, construir uma máquina que pudesse voar. Então, depois de várias
experiências, finalmente, em 1906, construiu um protótipo de propulsão vertical,
o 14 Bis, apoiando-se no princípio do voo da familiar “pipa”, modelo com o qual
obteve o prêmio “Archedacon Alemão”, por ter realizado o primeiro voo oficial
na Europa. Em novembro do mesmo ano, ele voou 220 metros em 21 segundos.
Então, nos
perguntamos: por que na Torre Eiffel, justamente onde Santos-Dumont realizou
todos esses feitos, inclusive dando a volta à torre três vezes, um verdadeiro
furo para repórteres na ocasião, existindo fotografias comprovando o inusitado evento
— não há nenhuma referência sobre o
acontecimento? Observe-se que Santos-Dumont não era um estrangeiro em Paris,
pois morou a maior parte de sua vida nessa Capital. Prevenção dos franceses? Aliados
dos irmãos Wright, que eram americanos, não franceses?
É realmente
lastimável – o que de certo modo nos deixou frustrado, pelo desrespeito ao mérito
do homem que foi percussor da invenção do avião, na verdade um idealista, que
não teve, infelizmente a visão do grande alcance de sua invenção. Também a
nosso ver um grande aleive à própria Nação Brasileira. Quanto a Santos-Dumont, é a prova de que
não passava de um sonhador, que não tinha espírito empreendedor e mercantilista,
tanto que, quando retornou em 1928 à sua terra natal, ao saber que sua invenção, o aparelho voador, servira
para ser usado na guerra, tomou-se de profunda depressão – e suicidou-se em
1932, em Petrópolis.
Enquanto isso,
na sua própria terra natal, nunca ninguém reclamou por fato tão mesquinho da
parte dos franceses – o que, de direito, a nosso ver, cabia ao próprio Governo Brasileiro exigir,
pela melhor via do direito, a devida reparação.
CDL?Bsb.22.07.17