quarta-feira, 25 de abril de 2018




O MUNDO ATUAL E O QUE SERÁ DEPOIS












         
Em 1964, o escritor e padre João Mohana publicou O Mundo e Eu , em cujo livro ele apresenta sua visão do mundo à época, com críticas ácidas, sob a perspectiva da fé católica. Hoje, decorridos 54 anos — o autor de há muito falecido — os desacertos da nossa civilização continuam os mesmos, parece até que reforçados com o passar do tempo.
Em 1992, Francis Fukuyama, filósofo americano, previa O Fim da História  com a queda do muro de Berlim e o consequente desmoronamento do comunismo. Mas antes, na década de 1930, G.K. Chesterton, com seus 140 quilos de bom humor e incomparável ironia, enfrentou feras como Bernard Shaw, Sigmund Freud e Karl Marx, desmontando o racionalismo irracional  e a precariedade das ideologias supostamente transformadoras do mundo. Seu argumento — incontestável por sua singeleza natural — era de que tudo decorrera da queda do ser humano, expulso do Paraíso. O troglodita paradisíaco revoltara-se, por sua desobediência perdeu o Éden e transviou-se na administração do mundo.
Assim, por que caminhos esse novelesco homo sapiens tecnológico está levando o mundo? O atual é isso, esse espetáculo mais ou menos dantesco a que somos obrigados a assistir diariamente através da nossa supermídia.  Pessoas atazanadas pela violência, governos desgovernados, nações sob o domínio uma das outras, as mais fortes e agressivas dominando. Um ditador na Síria que persiste em impor sua ideologia, apoiado por outra  ideologia reincidente. Enquanto do outro lado do mundo um homenzinho, quase trigueiro, segura seus governados pela rédea da opressão e desafia explodir boa parte do globo. Em contradita, o homem forte do continente americano brande sua potência com armas mortíferas.
Nós outros não já vimos esse filme? Ocorre que não se trata de filme, é o desfibramento de um olhar, é o alardear de ideias e propósitos extemporâneos, aquele desejo insano de querer salvar o mundo com os pés e não com as mãos, pensando com as tripas e não com a razão natural. Por que não sentam à mesa e negociam? Por que esbravejam e não utilizam o salvo conduto da razão e da diplomacia?  
Simples, porque nossos atuais terráqueos parecem aferrados a uma espécie de prisão funcional, de cuja porta de saída esqueceram as chaves.
E o futuro — o que nos espera? Um cientista, supostamente  superinteligente já criou um robô que só falta mesmo pensar, mas retransmite tudo que seu criador quiser dizer (e fazer?). Desvirtuando toda engenharia da genética natural, os gramiscianos já conseguiram acabar com  o sexo, agora se chama gênero  e não é nascido, mas escolhido a bel prazer pelo infeliz portador.
Manuel Bandeira — aquele poeta recifense autor e criador da simplicidade  natural na poesia, num de seus repentes poéticos magistrais, reservou para si o direito de escafeder desse nosso meio ainda tupiniquim — “Vou me embora pra Passárgada, lá eu sou amigo do Rei.”
Ah, meu caro poeta, se V.Sa. vivo fosse e visse o mundo atual e o que se propõe suceder, não iria para lugar tão imagístico como Passárgada — demandaria correndo para Marte ou Júpiter, quiçá um exoplaneta fora da Via Láctea.
CDL/Bsb, 26.04.18