segunda-feira, 8 de abril de 2019


ENGENHARIA DA SANTIDADE:

OS  GUARDIÕES  DA  FÉ








A humanidade tem se desenvolvido a olhos vistos em todos os setores. Desde os primórdios da civilização, do protótipo hominídio Homo Erectus, tramitando pelo Aferensis, a proto-tecnia do Habilis e o pré-humano Neanderthal, num crescendo espetacular, que o ser humano vem evoluindo em graduação, até alcançar a de Sapiens Sapiens — que significa o suprassumo da sapiência.
O ponto alto dessa ascensão, asseguram os especialistas etnólogos, encontra-se sem dúvida no avanço da Ciência e de sua auxiliar primordial, a Técnica, a tecnologia, responsável pela materialização de suas inúmeras invenções.
A contrapartida, isto é, a ascensão espiritual do ser humano não tem acompanhado essa vertiginosa euforia da matéria, pelo menos naquela perspectiva evangélica de que nem só de pão vive o homem.
Mas, neste cenário, qual o papel do cristianismo, sua função transformadora teria diminuído,  a ponto de sua influência desaparecer diante dessa espécie de (des) conversão do ser humano? Em outras palavras, teria perdido a disputa com o tour-de-force do materialismo, diante da toda poderosa Ciência, alavancada pela teoria evolucionista da qual se originaram os ismos  depredadores da espiritualidade — o marxismo, o positivismo, o estruturalismo, o desconstrutivismo? Essas as correntes que têm dominado o que hoje se intitula de  modernidade ou pós-modernidade.
Terá sido culpa da religião, melhor,  negligência dos próprios devotos, que, em vez de crescerem na efervescência do fogo criador evangélico, sua fé delinquiu-se diante da onda cada vez mais crescente do agnosticismo e materialismo no mundo?
É nessa conjuntura, atualíssima por sinal, que surge como contraponto nova corrente renovadora do cristianismo. Porta-vozes autênticos têm apresentado o que acreditam seja a providência mais urgente capaz de combater, inclusive arrefecer o irracionalismo materialista,  dentro das próprias hostes católicas, gerando espécie de des-sobrenaturalização da Igreja. Eis a nomenclatura criada pelo Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, da Paróquia Várzea de Campo Grande, Mato Grosso, em suas já famosas preleções on line.
Segundo ele, devido as transformações feitas pelo Papa Paulo VI, a Igreja passou a ser mais naturalista, desviando-se, portanto, da espiritualidade — o que acarreta a des-sobrenaturalização da Igreja.
Com veemência e oportunismo incomuns, o Pe. Paulo Ricardo alerta para a leniência da fé católica nos seus dogmas e preceitos mais importantes, notadamente a Missa e a Confissão.
Ora, a fé católica com toda sua vigência de dois milênios se enraíza na sobrenaturalidade, seja na pessoa icônica de Jesus Cristo, seu fundador, seja pela hagiografia e o martirológio de seus inúmeros santos e mártires, marcados pela devoção e obediência aos fundamentos crísticos.
O congelamento da fé, o esmorecimento do cristão perante os apelos do mundo moderno só pode resultar no enfraquecimento da fé — é o que Pe. Paulo Ricardo qualifica fator de desobrenaturalização da Igreja. A receita seria recorrer à Engenharia da Santidade, isto é, na sua terminologia o cristão renovar-se a si próprio e manter-se sempre em estado de graça.
Oxalá as advertências do valoroso pároco ousem encontrar apoio dos católicos brasileiros e ecoem no mundo todo junto às hostes cristãs. Que o fogo criador se renove na intimidade de cada criatura devota. Quem sabe o mundo não melhore e nós, seres suscetíveis às intempéries materiais, assumamos uma nova linhagem de Homo Sapiens, muito mais que Sapiens — Engenheiros da Santidade

CDL/Bsb, 8.04.19