segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

 

 

 

POR QUE ME UFANO DO MEU PAÍS

 





 

O brasileiro é, antes de tudo, um reclamão. Reclama do sol, da chuva, da noite, do dia, do governo, do desgoverno, da vida, do tempo, do futuro e quejandos. Parodia-se e, de certo modo  contradizemos o que escreveu Euclides da Cunha, em Os Sertões – O Sertanejo é, antes de tudo, um forte.

Agora consideremos o que nosso País acumula em termos de grandeza territorial, clima, riqueza natural. O Brasil é  uma espécie de paraíso tropical. Tanto que na primeira carta ao rei de Portugal seu portavoz Pero Vaz Caminha ao descrever as belezas da nova terra descoberta, declara: Em se plantando tudo dá.

Então, por que o brasileiro reclama tanto? Enquanto isso, o que pensam os estrangeiros, como eles, de longe, avaliam nosso País? É inacreditável o que os estrangeiros falam e descrevem o Brasil. É só consultar o youtube onde esses estrangeiros  de livre e espontânea vontade dizem. Certa holandesa, que já nos visitou, anunciou uma lista das virtudes de nosso País, em comparação com os defeitos, que ela mesma aponta, do seu próprio e de toda a Europa. Saibam que na Holanda a telofonia é simplesmente horrível. Em toda Europa, os açougueiros que tratam de carnes, sequer lavam as mãos para o metier. É notória a falta de educação dos taxistas, na Europa, sobretudo os franceses. Nos mercados, peixe é simplesmente embrulhado em folha de jornal. O sistema eleitoral não tem resultado imediato, é confuso, atabalhoado, como exemplo tem-se o da maior suposta democracia mundial, Estados Unidos. Pois a holandesa faz elogios estrondosos do Brasil, terra de clima maravilhoso, o melhor sistema de telefonia, pessoas amáveis, sobretudo solidárias, coisa difícil de acontecer entre os europeus. E não é só a holandesa que fez comentários elogiosos de nosso País. Também uma moça russa, que  diz passar temporadas no Brasil, onde tem muitos amigos, inclusive fala bem o português. Dentre as maravilhas que aponta, ela se espanta com a idade provecta a que os brasileiros comumente alcançam, de 80, 90 anos. Ela afirma que sua progenitora que não tem 60 ainda, já se considera velha — a senectude lá é vista como o fim da vida.

Outra circunstância que faz o brasileiro desvalorizar seu próprio País.  Esquecer sua história, seus representantes ilustres, escritores notáveis, os grandes heróis da Pátria. Querem ver um nome, hoje totalmente esquecido e que no início do século tornou-se destemido defensor do Brasil e sua obra literária texto obrigatório nos currículos ginasianos? Afonso Celso, autor de Por que me ufano de meu País.

Às vezes, quando Afonso Celso é citado é no sentido pejorativo.  E o motivo são as correntes culturais modernas, o desconstrutivismo  gramsciano que tomou conta de nossa cultura, dominou as Faculdades, desmantelou o cérebro das pessoas menos avisadas, até mesmo de personalidades de vulto, proeminentes, professores, escritores, dotados de cultura sapiencial.

Observe-se o que publicou no Jornal do Brasil, em 10.09.20, a professora, teóloga formada na PUC, Maria Clara Luchetti Bingemer, autora do ensaio A Argila e o Espírito, onde valoriza autores católicos como Adélia Prado, Murilo Mendes, Edith Stein, Simone Weil e Cecícilia Meireles, espiritualista. Agumas coisas ditas pela teóloga são incontestes, em relação ao que acontece  em nosso País, mas esse fato não justifica, a nosso ver, que a autora alardoe que perdeu as esperanças no Brasil, segundo declarou: “...estou em situação de imensa dificuldade para ufanar-me do meu país.”

Perdoe-nos a Dra. Berginger, mas nosso País não merece que jamais desconfiemos de suas qualidades intrínsecas, o País como um todo, com seus representantes ilustres, nossa historiografia, os progressos já alcançados, sua maravilhosa riqueza natural. Mesmo tendo sofrido crises imensas, muitas delas decorrentes da má gestão dos governantes, sobretudo as recentes sob a tutela do petismo, responsável pela expropriação, roubo e espoliação de que o País foi vítima, a ponto de a levá-lo quase  à banca rota — mesmo assim não temos o direito de difamar nossa Pátria, mesmo com meias palavras.

É lamentável que pessoas estrangeiras  se antecipem a certos brasileiros e analisem nosso País com senso de equilíbrio e visão mais virtuosa do que certos  compatriotas nossos que se comprazem em desmerecê-lo, erigir críticas negativas,  ignorando suas verdadeiras qualidades como Nação e Povo.

Quanto a mim, jamais deixarei de me ufanar do meu País, torrão onde nasceu minha raiz, familiar, humanística, cultural, a cujo berço devo minha consciência de cidadão responsável, amante da verdade, da justiça e jamais descrente na magnitude do Criador.

CDL/Bsb, 22.02.21