segunda-feira, 29 de março de 2021

 

 

                                      SERMÃO DA  PÁSCOA

                                  Murilo Moreira Veras

               


                 

              Ó homem da Terra, o que pensas da Páscoa?

O que pensas sobre o Itinerário da Paixão e Morte

                          do Salvador?

Quem é Ele, o Mestre, aquele que caminhou pela

                          Palestina, o que fez,

o que realizou, que mensagem transmitiu ao

                          Mundo,

por que o Mundo não O aceitou?

No Sermão da Montanha Ele iluminou o Mundo

                          com palavras de Justiça, Paz,

                          Amor, Perdão e Misericórdia

convertendo uma multidão desprezada.

Transfigurou a água em vinho nas Bodas de Caná,

perdoou à adúltera, fez pescadores Seus discípulos,

em vez de eruditos e grandes pensadores.

Curou leprosos e reacendeu a Fé e a Esperança

                          no  coração dos aflitos.

Foi tentado pelo demônio, que lhe prometeu

                          riquezas se o adorasse.

Mas — Messias e Salvador —, sofreu o desprezo

                          da cúpula dos fariseus,

os homens da justiça e a justiça dos homens

açoitaram-NO, apedrejaram-NO e condenaram-NO

                          à morte na Cruz.

 

Senhor — por que morreste na Cruz?

Por que tanta ignomínia?

Os homens não acreditaram em Ti:

Deus, ó Deus, por que me abandonaste?”

                        Ó seres humanos de pouca fé!

Raça de víboras, por que escondes  em máscaras

                          a magnitude do Amor e da Fé?

Ó senhores que pretendem dominar o Mundo,

que demandas as Estrelas, mas rastejas pelo chão.

Desperta desse teu sono de Morte,

sai da Caverna e alça teus pés e teus olhos

                          para a Luz.

Ouve as palavras do Mestre, enquanto é tempo.

 

Eleva teus olhos à Cruz e verás a Redenção.

Sente as chagas doloridas de Jesus.

Ele sofreu por ti, Ele te redimiu e a teus irmãos.

O que fazes de tua vida?

Por que aniquilas os teus sonhos,

choras por tua sina inútil?

— O’ coração empedernido!

                      Os sinos já ressoam no limiar da Vida

O Universo todo rejubila,

miríade de estrelas lucilam nas galáxias.

Uma plêiade celeste de Anjos e Arcanjos

uníssonos, entoam hinos e louvores:

Hosana! Hosana nas alturas:

— Jesus ressuscitou!

 

                                                 Bsb, 28.03.21

 

 

 

 

 

                         

 

                          

terça-feira, 9 de março de 2021

 




TEORIA DO TUDO — UMA ABORDAGEM LAICA







 

Vez em quando cientistas trazem à baila a discutida e também discutível Teoria do Tudo. Como é sabido, graças ao filme sobre a vida do físico inglês Stephen Hawking, trata-se da teoria científica que tenta explicar os eventos sobre a origem e os fundamentos do universo. A teoria tenta resolver todas as controvérsias dos fenômenos cósmicos. Uma vez testada e aprovada pela comunidade científica, a Teoria do Tudo estabeleceria a uniformização e compatibilização de todas as forças que atuam no universo, com consequências físicas e filosóficas para o ser humano, inclusive quanto ao sentido da vida, espécie de nova visão do mundo — pelo menos é o que vaticinam os adeptos da teoria.

Na presente abordagem, não nos preocupam os aspectos técnicos e científicos da Teoria, simples leigos que somos no assunto. Interessam-nos, sim, perquirir sobre aspectos relacionados com aqueles que a imaginaram, como surgiu a ideia e suas implicações para nossa vida humana. Alias, sabemos ter sido a Teoria do Tudo o maior sonho de Albert Einstein, que faleceu sem conseguir vê-la concretizada.

Pois eis que nos cai a mão o livro Uma Teoria de Tudo — Que Importa, do físico molecular Alister McGrath, que também é teólogo em história intelectual, ex-ateu, professor de Ciência e Religião na Universidade de Oxford. Trata-se de Uma breve introdução a Einstein e suas ideias surpreendentes sobre Deus.

Fascina-nos logo no início saber que um físico, antes ateu,  autor do livro, se preocupa em demonstrar tema tão árduo e misterioso, a existência de Deus, na vida de outro físico, Albert Einstein, que construiu a célebre Teoria da Relatividade, fato que modificou profundamente  o mundo da Física com implicações em nossa vida.

O surpreendente do livro de McGrath é como, de forma meticulosa, clara, com argumentos compreensíveis, ele defende as ideias de Einstein. Ao contrário do que viraliza entre as pessoas, por culpa dos próprios cientistas, de que Einstein era ateu convicto. McGrath em sua exposição nos esclarece o contrário: Einstein nunca foi ateu, nem mesmo agnóstico, ele tinha uma visão própria, conhecimento peculiar sobre o Criador, desde que não antropomórfica, isto é, Deus não corporificado, um Pai eterno, sentado num trono celeste, mandando no mundo e nas pessoas. Einstein na verdade tinha uma crença firme em uma mente superior — o que absolutamente não significa ter sido ateu, como algumas pessoas inadivertidamente propalam.

Pelo que nos esclarece, não se pode dizer que Einstein tenha sido uma pessoa religiosa no sentido específico do termo. Não o foi. Sua concepção de Deus seria mais ou menos a de Spinoza, de um Ser que se confunde com a natureza, gerador e geratriz de um mundo que se governa a si próprio. E assim sendo não tem nenhuma relação com as criaturas. Uma concepção pragmática de um ser invisível dentro de um quadro existencial de imanência sem qualquer participação com seus habitantes como um jogo sujeito a lances matemáticos do acaso e das leis de probabilidade.

Claro que esta não é a concepção do Deus do Cristianismo, mas não deixa de ser uma visão com certo grau de transcendência, diferente daquela que nega qualquer ingerência espiritual no mundo.

Segundo McGrath, Einstein foi um cientista preocupado com a realidade do mundo, que se bateu contra as ideias intervencionistas, os governos ditatoriais, tendo sido em toda sua vida a favor dos valores éticos e morais, na sociedade e nos empreendimentos humanos, também anticientificista quanto aos projetos originários da ciência e tecnologia — fato que tem se tornado voz geral hoje entre certos cientistas e tecnólogos, desprovidos desses valores.

A nosso ver, o livro de Alister McGrath contribui definitivamente em recuperar o valor que o físico formulador da Teoria da Relatividade merece ter dentre os eminentes vultos cuja sapiência e desempenho pessoal têm engrandecido o gênero humano.

CDL/Bsb. 9.03.21