terça-feira, 25 de outubro de 2022


 

DESANIMAR  NÃO É PRECISO

 



Nestes dias de tantas discórdias,  bom alvitre seria recorrer às sábias palavras do pregador batista Graham Green, extraídas de seu livro 366 Meditações Diárias:

Senhor, quando eu me sentir desanimado, tira toda a cegueira causada pela minha fé inconstante. Tu estás sempre comigo. Perdoa meu ingrato coração.

A prece inspira-se nos Salmos 26.14 e deve servir também a nós, pobres eleitores, ora atanazados por tantas crueldades, a lidarmos com mentiras, falsidades, uma verdadeira batalha satânica a nos atacar as consciências, tudo dirigido para nos desvirtuar do que é certo, mais adequado à situação periclitante em que nos encontramos. Observem-se as palavras do salmista: Espera pelo Senhor, tem  bom ânimo...

O desânimo — ninguém se iluda — é uma das ações mais perigosas a comandar nossas consciências, elas não nos fortalecem o espírito, ao contrário delinquem nosso querer, diminuem nosso ensejo de esperança, nos enfraquecem e infelicitam nossas vidas. É um sentimento negativo, um estorvo. Se quisermos ter esperança, jamais  devamos nos tornar vítima dessa desordem que é o desânimo.

Enquanto isso, recorra-se à esperança. Todos nós devemos ter esperança no que fazemos. Querer é poder, diz o feliz refrão. Nunca pensarmos na derrota. Não pensemos no pior, mas no melhor. Lembremo-nos de que o universo conspira contra o negativo da nossa existência.

Haja fé a fortalecer nossa esperança, sem a qual não passaremos de frágeis e covardes patriotas, que, como fôssemos  cobaias de um destino réprobo, nos esquecêssemos de defender a nossa própria Pátria.

CDL/Bsb, 25.10.22

 

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

 

REFLEXÕES PARA OS DIAS ATUAIS

 

 


 

Não há nada de novo no front — desta feita no mundo dos fatos e das ideias. A modernidade nem sempre é original. Já disse o filósofo francês Lavoisier: “No mundo nada se perde, tudo se transforma.

Às vezes, nem sempre para melhor. Os dias que correm nos dão margem a algumas reflexões, umas curiais, outras estarrecedoras, suscetíveis de discussão.

No momento de intensa atmosfera política, os ânimos exaltados com expectativas de mudanças importantes, preferimos o refúgio das ideias onde prelibam temas históricos e filosóficos. Por sinal nada aleatórios à vista da veemência do cenário a que assistimos.

Há cerca de 2.400 anos, Platão, filósofo grego, no Livro VI de  A República, em forma de diálogos, afirmou, através de seus personagens, que a democracia não era o regime político tão perfeito. Segundo ele, a democracia propiciava os eleitores a serem influenciados pela aparência dos candidatos, ao invés de levar em conta suas qualificações de governabilidade. Para ele, o Estado devia ser governado por sábios, filósofos, treinados especialmente para geri-lo, pessoas incorruptíveis, conhecedores da realidade e não indivíduos comuns, que seriam ineptos e inaptos a tão importante missão. Com esta opinião tem também o filósofo Nigel Warburton em série recente da BBC History of Ideas.

Observe-se que fragmentos de A República foram encontrados no Egito, local chamado de Oxyrhynechus.

Segundo o grande filósofo — e trocando em miúdos os aspectos negativos que o regime democrático produziria — o regime seria o governo do povo e devido seus adotantes buscarem insanamente a igualdade, esclarece Platão, o desejo insaciável de liberdade os levariam à tirania. Pois o excesso de liberdade gera excesso de facções e multiplicidade de perspectivas, muitas cegas por interesses mesquinhos, gerando o terreno fértil para surgir o tirano, que manipularia as massas e subjugaria a democracia. Daí ele, Platão, concluir que o governante ideal seria aquele que tomaria as decisões mais justas, prudentes e sábias, orientado pela virtude e não pelas paixões.

Sabemos, desde eras remotas, o quanto estas ideias têm influenciado a chamada civilização ocidental, ora para o lado da tirania, ora para imbuir-se do espírito democrático, sempre tendo como luz o raciocínio dos grandes construtores do pensamento, os gregos, dos pré-socráticos aos que os seguiram, como o próprio Platão, Sócrates e Aristóteles.

A chamada modernidade, saída em primeira onda, pela esbórnia supostamente salvadora da Revolução Francesa, tem nos legado, se de um lado os atavios da liberdade, fraternidade e progresso, por outro tingiu o horizonte do desenvolvimento humano com a praga do iluminismo materialista e do pedantismo cientificista, vigentes até nossos dias.

E, como se não bastasse, o eufemismo da social-democracia, filha mais nova bastarda do ideal marxista, tem se revelado espécie de salvação política e econômica para os males do mundo moderno, quando na verdade não passa de novíssima invenção totalitária do chamado esquerdismo ideológico, agora influenciado estranhamente por outra ou outras teorias nefastas, como o mundialismo, o aquecimento global, Gaia e outras histerias que avassalam o planeta.

Enquanto isso, em meio a essa mixórdia, do entrechoque dessas teorias esdrúxulas, sem falar no desastroso rastro de retração social, econômica e política deixada por uma inominável pandemia, nosso País projeta-se, a muito esforço, dentre as nações, à busca do progresso com a justiça e a equidade possíveis.  

Pois agora querem travar essa ventura evolucionista, trocando-a por uma aventura desastrosa, que nos querem impingir a utopia do socialismo, híbrido criado pela esquerda hiperbólica. É hora de nos abrigar à sombra da verdade e da justiça, para não sermos, mais uma vez, ludibriados pelo sofisma gramsciano.

Oxalá tenhamos a nossos olhos as figuras imortais do passado e recentes de Frederik Hayek, Alex de Tocqueville, Roger Scruton e em nossa história, Visconde de Cairu, José Bonifácio de Andrade e Silva, Visconde de Mauá e mais recentemente Meira Pena, José Murilo de Carvalho e Guilherme Merquior  e nelas nos inspiremos para cumprir com nosso dever cívico e não nos deixarmos  cair na armadilha da utopia asfixiante do esquerdismo. 

CDL/Bsb, 7.10.22