quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

                         POESIA, AMOR E SANTIDADE

 

 



Nesses dias pré-carnavalescos, seria de boa ordem nos prevenir do fastígio momesco. Parodiamos as belas palavras de Olavo Bilac “Ora, direis, ouvir estrelas...” e consultemos o que esses dias nos diz sobre outros fatos, outros temas. Deixemos de lado os prolegômenos destes nossos dias, tempo de bivalência, estorvos e niilismo cultural.

Falemos, pois sobre o livro do escritor, professor e dicionarista notável Deonísio da Silva e o livro que nos veio gentilmente   à mão pelo autor, com o título Teresa d”Avila. O romance foi premiado pela Biblioteca Nacional.

Pelo pouco que hoje se sabe sobre santos —  Teresa d’Ávila (1.515-82), nascida Teresa Sanchez de Cepeda y Ahumada, foi uma freira carmelita da ordem das Carmelitas Descalças. De família abastada em Espanha, entrou aos vinte anos no convento, por convicção própria, em tempo de desordem e inconfiabilidade reinantes nestes redutos religiosos. Indisposta com a liberalidade dos conventos, resolve tomar a si a reforma desse estado de coisa e bateu de frente com a poderosa Inquisição,   ela e seu grande amigo João da Cruz.

 Os inquisidores tentaram prendê-la em virtude de seus escritos,  para eles sacrílegos, poemas e pensamentos de Teresa — os quais versavam  sobre arrebatamento e espiritualidade, tendo Jesus como seu amado. Não conseguiram enquadrá-la nos alfarrábios criminais da Inquisição. Tanto ela como  seu suposto cúmplice Frei João Cruz. Livrou-se da Inquisição, mas caiu nas malhas maledicentes de nossos modernos psicanalistas de plantão, Freud, o principal deles, seguido de Lacan, Foucault. Para eles, Teresa não passava de uma freira atacada de histerismo.

Reconduzida com justiça a seu patamar merecido na Igreja foi canonizada e alçada à extrema regalia de Doutora, como o foram Santo Agostinho e Tomás de Aquino.

Então, tenho em mãos esse interessante livro de Deonísio da Silva, confrade na Academia de Letras de Brasília – ACLEB, escritor, professor emérito e dicionarista. Não se trata de biografia, esta já se  encontra gravada nos devidos anais da Igreja, seus livros repositório de sabedoria e espiritualidade, como o merece.

O livro do autor descreve a santa sob o olhar de um adolescente seminarista, enquanto  no Seminário ele relata  suas peripécias com colegas, dúvidas e atropelos de um rapaz ainda a fazer seu próprio caminho. Mais tarde, já ex-seminarista,  torna-se escritor, professor e constrói, em memória, os eventos, em estilo mais ou menos realista, mas com graça e naturalidade, ensejando merecer o que mereceu — sua obra ser premiada pelo Biblioteca Nacional.

Assim como o Professor Deoníseo, também amamos Teresa d’Ávila, conhecemos sua obra, mas principalmente aquele inefável soneto, seu legado espiritual dos mais significativos, que começa assim:

No me mueve, mi Diós, para querer-te,

El cielo que me tienes prometido,

Ni mi mueve el infierno tan temido,

Para dejar por eso de ofender-te.

 

Lá, no limiar de seu resplendor, Santa Teresa d’Ávila há de elogiar seu fã, Deonísio, que lhe dispensou tanto carinho aqui em nosso ermo,  assim como este servo que estas linhas subscreve.

                                                      Bsb, 19.O2.25 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

                        SINODALIDADE — GLOBALISM0

               CRISTÃO?

 




O movimento hoje de maior alcance no Vaticano, à égide do Papa Francisco, chama-se Sinodalidade — o tal Caminho Sinodal da Igreja.

Ora, o problema é que nós, leigos, não sabemos realmente o que é a sinodalidade. A CNBB expediu boletim aos fiéis, mas parece não ter convencido ninguém, pois não constitui segredo a nós, católicos, que essa entidade age em função da Teoria da Libertação, como é sabido e notório, inclina-se ou tem tendência socialista, no mínimo.

Segundo o Vaticano, às ordens do Papa Francisco, trata-se de um sopro, que, na sua visão, renovará de certo modo a Igreja, que, segundo ele, não atende às necessidades e exigências da modernidade, sociais e até espirituais. Entre os apoiadores do Papa, a providência torna-se urgente, como um esforço renovador decorrente do Vaticano II, tutelado pelo Papa João XXIII.

Segundo essa nova filosofia, o processo sinodal, gerando espécie de dogma, teria suporte até na Bíblia, segundo o que consta em Isaias 43, 19, como segue:

Vejam o que estou fazendo uma coisa nova, ela está brotando agora  e vocês não percebem. Sim, abrirei um caminho no deserto e rios na terra seca.”

Para esses apoiadores a sinodalidade abriria o caminho para ação do próprio Espírito Santo. Foi como se expressou o Cardeal Mário Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos. Já Thomas J. Reese, ex-editor da revista América dos jesuítas dos EUA, autor do livro O Vaticano por Dentro, em artigo publicado pela National Catholic Reporter (3.11.23), sobre o relatório final do Sínodo, assinalou  os seguintes pontos:

a)    evitou-se a LGBTQ;

b)    o debate sobre as diaconatas não teve êxito;

c)    padres casadso teve pouca atenção;

d)    importância do ecumenismo e cooperação.

Havia também os riscos de ser um evento extraordinário, mas apenas de fachada, assim como cair no intelectualismo, apresentação de textos polêmicos, intervenções de problemas sem solução na Igreja. Por fim, não mudar nada, criando situações novas, insolúveis.

Ocorre que dentre o corpo cardinalício da Igreja, o evento encontra grandes resistências. Logramos assinalar as seguintes: Raymond Leo Burke, bispo e cardeal patrono da Ordem Militar Soberana de Malta; Walter Brandmüller, cardeal alemão; Juan Sandoval Iñigue; Robert Sarah, Prefeito emérito da Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos do Vaticano; Joseph Zen Ze-Kiun, bispo de Hong-Kong; Carlo Maria Viganó, núncio apostólico emérito dos EUA. Pois esse elenco do alto clero católico, inconformados, dirigiram carta  ao Papa, solicitando respostas a temas controversos. Os temas giraram sobre (a) interpretação dos Evangelhos; (b) abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo; (c) ordenação de mulheres; (d) arrependimento é necessário para a absolvição.

Vale dizer que  a reposta do Papa não satisfizeram as exigências de seus oponentes, pois todos continuam insatisfeitos, principalmente o caso de Carlo Maria Viganó, que se opõe totalmente contra as atitudes do Papa Francisco, solicitando sua demissão imediata. Como resposta, o Papa o excomungou como cismático.

A situação tem se agravado, gerando cada vez mais  nossa desconfiança quanto às atitudes extravagantes do Papa Francisco. Segundo o youtube, com cerca de 4,16 mil inscrições, o Pontífice vem fazendo  declarações inauditas no decorrer seu pontificado.

Atento que somos quanto a todas essas discordâncias, embora leigo a aspectos mais profundos da teologia católica, resta-nos a esperança de a tal sinodalidade não se transformar em mais um pleito a favor do globalismo anárquico no mundo, do que realmente uma ação renovadora arraigada nas Escrituras.

                                            Bsb, 10.2.25