domingo, 17 de abril de 2016





MONTANHA DOS SETE ABUTRES
REDIVIVA MAS DEMOCRÁTICA





Hoje – 17.04.16 – é o dia D do impedimento do governo, o famoso processo de “impeachment” que vem se desenrolando nesses últimos dias. O fato tem se transformado numa espécie de comoção nacional, quem sabe um torvelinho, com a movimentação de multidões, grupos que se revezam, ora de um lado, ora de outro, os que são a favor do “status quo” outros que apoiam o afastamento da atual  presidente.
Desde sexta-feira, toda a mídia escrita e principalmente a televisiva, passa o tempo informando ou troando nas telinhas todo o processo que se realiza, ao vivo, no Congresso Nacional, com parlamentares, da oposição ou situação, se revesando na tribuna a explodirem suas falas, o mais das vezes arrevesada, estrambóticas, tonitruantes e alucinatórias, cada qual defendendo sua posição – algumas delas ou a se referir aos sexos dos anjos ou são alocuções de indignação raivosa, como requer a situação.
De qualquer modo é a tal transparência da democracia, ao vivo, apesar de desconcertante, monocrática e, ao fim, visionariamente demagógica. Mas, necessária. No Parlamento, o espetáculo invulgar da votação maciça do deputados, enquanto fora, na Esplanada uma multidão calculada em 300.000 pessoas invade as áreas fazendo valer, de preferência  o mais ruidosamente possível, suas indignações, aos gritos, apitos, batuques, panelaços, também acompanhados por carrocinhas, vendedores ambulantes et allia. Apenas com um detalhe realmente espantoso: a turba se acha separada por um imenso muro de 80 metros, já pelo vulgo  denominado de Muro da Vergonha.
Vêm-me à mente um antigo filme contracenado pelo grande ator americano Kirk Douglas “A Montanha dos Sete Abutres”. Douglas faz o papel de um jornalista de porta de cadeira, alucinado por se tornar famoso que se aproveita de um acidente de um homem que ficou preso numa montanha, sem saída e faz, à custo desse infausto acidente, uma verdadeira panaceia, melhor, um circo, ao qual, movido pelas notícias estapafúrdias do repórter, comparece em massa todo tipo de gente, curiosos, vendedores ambulantes, com carrocinhas de pipocas,  sanduiches, doces, marreteiros, pick pokets e outras espécies de malandros, prontos para agirem na aglomeração. Ao final, a grande decepção porque o acidentado morre, antes do resgate e nosso audacioso repórter perde, assim, sua belíssima presa.
Certamente a semelhança é mera coincidência com o espetáculo que ora se realiza no recinto parlamentar e, principalmente nos arredores, hoje a praça de guerra em que se transformou a Esplanada do Congresso, a Capital Federal – ou a Capital da Esperança como eufemiza um douto amigo.
Mais uma vez o País enfrenta um desafio. O receio é que os contrafortes da República e da Democracia resistam ao terremoto político. A despeito de tudo e de todos, que prevaleçam a justiça, o bom senso, mas nem por isso a esperança deva esmorecer nos corações dos brasileiros. Que não esqueçamos  da vetusta  Insurreição Mineira, cujo epíteto ainda hoje revive: “Libertas Quae Sera Tamen”.
CDL/BSB., 17.04.16

domingo, 20 de março de 2016





                   MANIFESTO BRASIL ESPERANÇA



                                    Murilo Moreira Veras


           Não obstante  minha vivência  ultrapassar mais de oito décadas, continuo lúcido e perfeitamente apto à consecução de atividades, inclusive as de minha pertinência, o afazer literário, por conseguinte pronto e adestrado  a contribuir para a elevação do País.
          Cada vez me estarrece o desenrolar dos acontecimentos em nosso País, enquanto, sem me furtar, acompanho todos os fatos que contracenam  nossa realidade, cenário que se esgarça por todo o Mundo, e mais precisamente no Brasil, atualmente engolfado num vendaval de perplexidades.
Impossível nos furtar à roda viva em que vivemos,  cada minuto contando para o acirramento das improbidades  que nos açoita, mercê de disputas execráveis, fragilidades de honra e caráter dos agentes envolvidos. Ao invés da dignidade, fervor à Pátria – o solidarismo sincero e autêntico entre as pessoas - assistimos vicejar entre esses, a infâmia, a peçonha, o desacerto  e a falta de caráter e vergonha, indignidades que contribuem para o verdadeiro lamaçal em que, infelizmente, se tornou nosso ambiente político e institucional..
           Não nos enfraquecem, tampouco nos acovardam a truculência, a insânia e a virulência  exercidas por pessoas e grupos espúrios, posto que  fortalecidos no  fervor ao cumprimento do dever para com a Pátria, enquanto nos norteiam os princípios fundamentais do Direito, da Razão e da Justiça, sob os eflúvios perenes da Onipotência Divina.
           Concito os Amigos internautas, que têm me honrado com suas presenças em seus acessos diários a, diante dessa realidade, nos unirmos  e que  jamais nos esmoreçamos, quando os objetivos atingíveis são o fervor pela Verdade, a salvaguarda às Instituições Democráticas e, sobretudo o amor à Pátria, momentaneamente ferida.

Bsb, 20.03.16

terça-feira, 1 de março de 2016


 

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR:

EDUCAÇÃO OU IDEOLOGIA COMUFLADA?

 
 


 

      I deólogos do igualitarismo têm forjado a concepção de que o processo civilizatório se funda apenas na luta de classe entre opressores e oprimidos e que se mantém como contraponto à ânsia pelo poder e ganância financeira dos agentes envolvidos. Ledo e crasso engano. Desde os primórdios, à luz da etnologia e antropologia, a evolução do mundo, em termos educacionais, tecnológicos e sociológicos, se constrói através de um processo lento, sistemático e continuo de superação. O homo sapiens, que substituiu o homo fabens e depois sapiens sapiens, migrou da caverna para a savana, tornou-se hábil caçador-coletor, obteve o fogo,  aprendeu a armazenar alimentos e, com outros da espécie, empreendeu a construção de vilas e cidades. Tudo isto mediante saltos de inteligência, esforço e trabalho árduo, visando o progresso sócio-econômico-cultural da humanidade.

        Para eles, como todo o processo, também a educação está sujeita à luta de classe, através desse engodo criado por Paulo Freire que é a Pedagogia do Oprimido. O povo sofre a opressão dos poderosos, dai precisar ser educado para livrar-se dela e tornar-se, livre, para o que deve contar com o apoio do estado ou a casta  que tiver se encastelado no poder, desde que alinhada com o socialismo igualitarista, a melhor salvaguarda do povo, com seu ideário populista.

       Não se precisa de muito cérebro para verificar que se trata na verdade de um grande e famigerado sofisma tal raciocínio. Se o povo é oprimido pelos supostos poderosos, sob o tacão socialista eles apenas mudarão de dono, passarão a escravos dos igualitaristas, reféns de ideólogos burocratas, quase sempre parcos de inteligência e incompetentes natos.

      Pois sob o manto dessa ideologia nefasta o  Ministério de Educação de nosso País – o MEC, está querendo  empurrar goela abaixo do povo brasileiro, precisamente as escolas públicas e privadas, estudantes, famílias e toda sociedade afetada – essa estrovenga que eles denominam Base Nacional Comum Curricular, título tão ostentoso quanto inócuo. O projeto do MEC está eivado de ideologia espúria, como, por exemplo, a do gênero, hoje tão em voga, a que abraçam gregos e troianos, desde que pessoas incautas, verdadeiros inocentes úteis.

      Especialistas e abnegados profissionais da educação, estudiosos e pessoas de bom senso já abominaram o tal projeto, até mesmo por considerar sua implantação um despropósito e uma anomalia à sociedade. Marco Antônio Villla, historiador assim se referiu ao projeto: “É um desserviço. É uma proposta panfletária, anti-civilizatória. Há um conjunto de erros, mas o que é mais grave é que apaga nossa tradição, nossa formação, aquilo que é fundamental para a compreensão do Brasil hoje.”

      Sem nos determos em análise mais profunda por cansativa, os ideólogos burocratas do MEC se dão o despropósito de serem os descobridores e criadores do mundo, criarem um estrato civilizacional para si mesmos. Para eles, o estudante brasileiro só deve estudar as civilizações sob a ótica da “pedagogia do oprimido” –  os povos subjugados, culturas inferiores, como a da África,  a Afro-América, que é chamada Ameríndia, os movimentos de lutas sociais. Nada das grandes civilizações antigas, mesopotâmicas e sumérias,  do pensamento grego, dos movimentos  sociais e religiosos que influíram na nossa formação cultural e humanística. O importante é o pobre e combalido estudante  brasileiro,  já incipiente em matemática e um zero à esquerda em escritura e lexicografia, balbuciar que recebe o bolsa-família, para se tornar ainda mais ignorante e inepto, incapaz de compreender a realidade do mundo.
CDL/BSB, 2.03.16
 

 

 

 

 

domingo, 31 de janeiro de 2016






                               AH, OS CARNAVAIS DE OUTRORA!

 Ah, esses Carnavais de antanho! Como eram diferentes os Carnavais do passado. Tão diferentes dessa folia estapafúrdia de hoje. Predominavam as marchinhas explorando os assuntos do momento, todas rimadas, sátiras bem feitas, hilárias, boas do povo cantar, o chiste, o refrão: “Me dá um dinheiro ai” ou “Menina, vai, com jeito vai, senão um dia a casa...” Lá pelos idos de 1940 era a célebre marcha dos carecas “... Nós, nós o carecas, entre as mulheres somos os maiores, e na hora do aperto, é dos carecas que elas gostam mais...” E sobre a bebida: “Você pensa que cachaça é água, cachaça não é água, não.” Os bailes carnavalescos sempre iniciavam com “Ô abre alas que eu quero passar...” de Chiquinha Gonzaga. Ao final das festas, tocava-se o “Viva o Zé Pereira, que morreu na quarta-feira.”

Todo mundo cantava essas marchinhas, a maioria, sabia-se, eram feitas com segundas intenções. Mas havia graça nelas, gozavam de licença coletiva, porque ninguém fazia cavalo de batalha com suas letras, afinal era tempo de Carnaval. Não é a festa da carne, a vetusta “carnem levare” do latim, que significa “ficar livre da carne”?

Nas ruas não havia, como hoje, essa espécie de vandalismo, essa batucada infernalmente estrondosa e, principalmente, ainda não existia essa coisa maluca que são os tais “trios elétricos”, arrastando em estado de euforia idólatra uma multidão de aficionados. Havia, sim, o corso, que eram carros enfeitados, rapazes e moças fantasiados lançando confetes e serpentinas em direção do público, que assistia, cantando os mesmos refrãos.

Também apareciam os mascarados, geralmente caveiras e os famosos  “dominós” – que eram geralmente mulheres escondidas atrás de mantos ou macacões fofos pretos. Esses dominós paravam as pessoas nas ruas para fazerem graçolas, jogarem conversa fiada, com voz de falsete, para  não serem descobertos. À noite, esses mascarados, os dominós, assaltavam em bando as entradas nos bailes ditos de segunda, ou seja, bailes sub-judices, que não eram frequentados pela sociedade – sociedade que tinha seus bailes nos principais clubes da cidade, nos quais não era permitida essa espécie de folião.

Aliás, corria a boca pequena que muitos desses dominós eram moças e mulheres casadas da sociedade que assim se disfarçavam para caírem livres na folia momesca. Mas com a maior inocência. Não havia a violência que hoje impera, esse desbagramento etílico, esses desastres horríveis nas estradas, devido as pessoas se deslocarem das capitais em busca de refúgio,  descanso ou lazer, talvez.

Bonito de se ver, os casais dançando, os cordões de foliões desfilando nos salões, sem confusão, a orquestra atacando as marchinhas, o público cantando, todos se divertindo.

Não esqueçamos os disputadíssimos desfiles de fantasias que ocorriam no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Clóvis Bornay que concorria sempre “hors concours” vencendo os concorrentes. Evando de Castro Lima, seu maior adversário nas passarelas e também outros como Wilza Carla, Mauro Rosas, Marlene Paiva. É fato que tais desfiles continuaram, mas perderam o glamour especial que tinham no Municipal.

Ah, esses Carnavais do passado não voltam mais. Quantas lembranças escondidas naqueles dias de folia!

Hoje, o que vemos são espetáculos que beiram a barbárie. Muitas pessoas, por isso, fogem dessa tresloucada folia.

Então que tal ler um bom livro neste Carnaval, assistir filmes antigos, os novos têm sido horríveis –  se esconder numa praia deserta ou passar os dias numa pousada nas montanhas?

É bom, até mesmo para espairecer, aliviar o espírito, cansados que já estamos da política, do aumento de impostos e da caristía que assola o País – para não falar no espetáculo dantesco a que a mídia nos tem obrigado a assistir, um massacre diário à nossa paciência.

Haja Carnaval – “Carnem levare”! Haja indulgência que a barbárie já toma conta de tudo.

                                       Bsb, 1.02.16

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015




                        O   ANDARILHO DE SONHOS

                       

                                                  Murilo Moreira Veras

 

          No meio da estrada do mundo

                 tem uma pedra

                No meio do mundo tem uma

                 pedra na estrada.

                Caminhos do mundo

                estradas  da vida.

               Tem uma pedra no mundo?

               Tem uma pedra na vida?

               O primeiro dia do Novo Ano

               é mais uma pedra

               na estrada da vida,

              pedra  obstáculo

              nos obstáculos de pedra.

             Em cada coração uma pedra

             em cada pedra um coração.

            No primeiro dia do Ano

            não tem mais uma pedra,

            em vez de pedra, um coração.

            Pedra de utopia, talvez.

           Do convívio com o Tempo,

           nutre-se o Ideal

           – idealismo no tempo

           em tempo de idealismo.

           No meio da estrada do Tempo

          caminha o Andante do Novo Ano

         – no meio da estrada da Vida

         caminha o Andarilho

         de nossos Sonhos

                                              Bsb, 01.01.16

          

 

 

 



         O  ADVENTO  DO  NATAL

 
                                          Murilo Moreira Veras
 
 
Estes dias do Advento são como buscar 
a confiança neste mundo.
As aves não voam no limite do horizonte?
As flores não desabrocham saudando
a beleza da manhã?
Os lírios nos campos já não se vestem
com os fios da eternidade?
No berço, antes de dormir a criança recebe
a ternura da Mãe
enquanto os anjos lhe resguardam
                                  o sono,
embevecem-lhe os sonhos.
Jesus nascerá – os Magos  proclamam,
no manto da noite, uma estrela
                                   lucila,
sorri  de euforia.
As crianças se alegram.
Urge que haja alvorada no mundo.
 
Jesus vai nascer.
O tempo de espera já se cumpre.
É o fim dos tempos de Advento.
É tempo de esperança.
O mundo entoa um canto novo
– uma euforia se abre no campo
                                   dos sonhos:
É Natal – Jesus acaba de nascer.
 
          

                                      Bsb, 8.12.15