O RETROCESSO IDEOLÓGICO
Os brasileiros parecem todos dormirem
em berço esplêndido ao ignorarem o grande embuste que vem se tramando na
educação. Quem não tem filhos nas escolas públicas, níveis elementar e fundamental,
simplesmente – como fazem os medrosos
gansos enfiando os bicos em buracos – preferem se omitir e deixar o barco
passar. E quem os tem, por preguiça mental ou negligência, dão uma de ouvido
mouco, se acomodam. Enquanto isso, o
nível de conhecimento, o cabedal intelectual, o acervo cultural do brasileiro
tudo vai se dissolvendo na poeira do tempo.
E tem pessoas
que alardeiam que nosso País caminha a passos largos para o progresso. Ou
regresso? Sim, regresso ou melhor, vivemos, isto sim, tempos de retrocesso, em
termos de conhecimento, racionalidade e dimensão social, antropológica,
econômica e humanística.
Observe-se, por
exemplo, o descalabro que está ocorrendo no aprendizado escolar. Atente-se para
esse monstrengo que constitui a Base
Nacional Comum Curricular, espécie de planejamento global no âmbito da
educação formal, proposto pelo Ministério da Educação. Trata-se de um plano
objetivando a padronização dos currículos escolares, seja pública ou privada,
pelo qual os estabelecimentos de ensino do País serão automaticamente
orientados a compatibilizar o conteúdo de suas grades de ensino e o professor –
que assim fica mais acéfalo do que já
está – em sala de aula, obrigado a
transmiti-lo a seus alunos.
Antes de mais
nada já resultaria num absurdo impor às escolas e consequentemente aos alunos
conteúdos obrigatórios, quando muito poderia ser diretrizes a título de
orientação, nunca imposições de caráter ideológico. Sim, porque esse, em ultima
instância, é o verdadeiro objetivo desse famigerado Plano: ideologizar o ensino
brasileiro, desmontar o estudo tradicional, desmoralizar o ensino humanístico,
pluralístico. O modelo tradicional de ensino foi inspirado no famoso método
Trivium da escolástica que a Irmã Miriam Joseph, atualizou em obra recente do mesmo título.
Ou como dizem
em artigo de 8.11.15, na Folha de São Paulo, Demétrio Magnoli e Elaine Senise Barbosa, ao criticar a proposta do
MEC: “... os autores (anônimos e, assim,
“especialistas”) do documento do MEC investiram numa sociologia do
multiculturalismo que esvazia a temporalidade e, com ela, a gramática da
historiografia. De fato se aplicada, a proposta oficial significará o
cancelamento do ensino da história.”
A verdade que salta aos olhos é que esses supostos
“especialistas” sabichões do MEC, que se escondem no anonimato, ousam nos enfiar garganta a dentro, numa
espécie de lavagem cerebral, essa demagogia espúria, esses dejectos de
conhecimento, essas armadilhas ideológicas, que em última palavra nada mais são
que o resultado de interpretações errôneas da história humana, esse verniz corrosivo que se denomina
sociologia do multiculturalismo, ou seja, a mais vil e nociva distorção da
historiografia humana segundo sua vertente temporal.
E o que é pior,
meter na cabeça de crianças de 11, 12 tais conceitos e depois, por extensão nos currículos das Faculdades – outra coisa
senão o método subliminar de terrorismo social, político e cultural criado por
Gramsci (1891-1937) e adotado como bíblia pelas novas gerações neomarxistas,
que formam hoje esse exército de saltimbancos corrompendo sistematicamente os costumes, a moralidade, a política, a
economia, a ciência de nosso tempo –
tudo isso com o auxílio da mistificação, do ceticismo violento e dessa
monstruosidade chamada “desconstrutivismo”, responsável por
desmoralizar, com seus conceitos espúrias, os pressupostos filosóficos que
buscam a sabedoria.
Bsb, 11.11.15
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