domingo, 16 de outubro de 2016










O OUTRO LADO DO PRÊMIO NOBEL







Com a recente concessão do Nobel de Literatura ao compositor americano de música folk e rocking’ roll, Bob Dylan – não nos causará espanto se o criador e benfeitor do Prêmio Nobel, o milionário sueco  Alfred Nobel, tenha se revolvido no seu túmulo, de indignação.
Indignados também estamos nós, escritores e cultores da arte de escrever com tão estapafúrdia escolha, fora dos padrões de qualquer mérito a ser concedido às letras. Afinal qual o motivo de premiar um cantor de baladas countries, propalado na mídia americana e internacional, tendo abocanhado inclusive prêmios como o Grammy de Música, o Globo de Ouro, o Pulitzer e recentemente em 2012 a Medalha Presidencial da Liberdade, concedida pelo Presidente do Estados Unidos, Barack Obama? A secretária da fundação sueca, Sara Danius justificou a premiação de Bob Dylan por ele criar versos não para serem lidos, mas ouvidos acompanhados de música, segundo ela – pasmemos todos nós – “na tradição de Safo e Homero”. Quer dizer, o cantor de baladas folclóricas, na onda da contracultura dos anos 60 e 70, embalado no LSD e nos rebeldes de Woodstock, sem mais nem menos, é equiparado repentinamente a Homero, suposto autor das obras-primas Ulysses e Odisséia. No raciocínio dos promotores do Nobel, também seria equiparado a Miguel de Cervantes, com  Dom Quixote e Luís de Camões, com os Lusíadas.
E a escolha se torna ainda mais absurda senão incauta, se verificarmos os escritores que foram preteridos, embora indicados:
- Svetlana Aliksijevit, jornalista e poeta ucraniana,  com livros sobre a segunda Guerra Mundial;
- Haruki Murakami, escritor japonês muito popular, jornalista e com obra prolífica;
- Ngug wa Thiong’ o, escritora queniana, lutou pela independência do Quênia;
- Phillp Roth, premiado autor americano, com 83 anos, notabilizou-se com o livro “O Complexo de Portnoy”;
Joyce Carol Oates, americana, publica livros desde 1963, premiado pelo National Book Award (1969), professora na Princeton University;
- Ismael Kadare, albanês, perseguido pelos comunistas exilou-se na França, onde vive, com vários prêmios e indicações ao Nobel;
- Jon Fosse, jornalista norueguês, autor de novelas e contos, Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito da França;
- Ko Un, autor sul-coreano, traduzido em mais de cinquenta idiomas, indicado mas nunca premiado;
- Liter Handke, austríaco, com vários prêmios, o mais recente o “International Ibsen Award”, novelista, também indicado, sem êxito.
A crua realidade é que esse famoso prêmio Nobel vem caindo, de certo modo, senão no ridículo, no mínimo desacreditado. Haja vista a premiação recente atribuída à categoria Paz: dentre cerca de 376 candidatos, dentre eles até o Papa Francisco, eis que foi galardoado nada menos que o presidente da Colômbia Juan Manuel Santos e o líder da FARC, Timoleon Jimenez, pelo suposto pacto de paz entre o  governo colombiano e os terroristas de uma facção criminosa, responsável inclusive pelo sequestro de 3.000 crianças, que não foram sequer objeto do tal pacto de paz! E mais: o suposto “pacto” foi vergonhosamente rejeitado em plesbicito pela população colombiana!
Com muita clareza contra essa premiação ao bardo da contracultura,  quem melhor se pronunciou foi o escocês Irvine Welsh: “Sou fã de Dylan, mas esse prêmio é apenas uma nostalgia equivocada e rançosa das próstatas senis de hippies delirantes.”
Ora, convenhamos, discografia, letras de música, baladas, cantarolas e cantorias, não há como classificá-las como literatura, senão daqui a pouco pleitearão o Nobel – e com muita razão – esses rapers de rua, cancioneiros de meia tigela, e por que não nossos cordelistas do sertão?
CDL/BsB.,16.10.16


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

                 

                        





        OLIMPÍADAS    2016    NO     RIO :

    PIROTECNIA E LEGADO REALISTA 



Enfim as Olimpíadas 2016 se realizam no Rio de Janeiro. Todas as modalidades olímpicas a despertarem a curiosidade do público, ao vivo nas arenas e nas TVs de todo o mundo. O espetáculo é global, impactante. 

Como sabemos – se é que realmente é do conhecimento de todos –– ao  Jogos Olímpicos foram criados pelos gregos por volta de 2.500 a.C, para  celebrar os deuses, principalmente Zeus, com a realização de competições. Observe-se que somente em 776 a.C ocorreram os Jogos Olímpicos de forma organizada, com a participação de vários atletas das cidades-estados que formavam a Grécia Antiga. Com as olimpíadas os gregos propugnavam pela paz e a harmonia entre as cidades-estados, oportunidade que aproveitavam para celebrar os esportes e a manutenção do corpo saudável. Mas os Jogos Olímpicos só começaram a vigorar no ocidente, nos moldes atuais, em 1896, graças à iniciativa do francês Pierre de Fredy,  barão de Coubertin.

É a primeira vez que o Brasil sedia uma Olimpíada, agora a realizar-se no Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa.

Depois de passar por inúmeros tumultos, principalmente na política, o País ousa enfrentar os  formidáveis desafio que é a realização de uma Olimpíada. E aos trancos e barrancos ai estão as Jogos Olímpicos dentro de casa – milhares de turistas de todo o mundo trilhando pelas ruas cariocas e outras capitais, também sede de modalidades olímpicas.

Somos todos olímpicos” é o refrão midiático. O que se espera, contudo, é que tudo se realize a contento e não ocorram fatos que envergonhem nossa capacidade de realização – seria o mínimo. O máximo a nosso ver seria tomarmos ciência, isto é, o Governo Brasileiro, as instituições em geral, a chamada superestrutura da Nação se conscientizassem de que a Olimpíada não é tudo, não passa de uma ilusão midiática, um fogo-fátuo de ludicidade “à lá” “mens sana in corpore sano”.

As Olimpíadas 206, ora a realizar-se no Rio, jamais salvará o País de suas mazelas sociais, econômicas e políticas.

 Sejamos realistas – coisa por sinal que o brasileiro nem sempre o é – uma Nação se constrói é com educação e saúde de seu povo, muito trabalho e vocação empreendorística de seus  realizadores, apreço ao desenvolvimento tecnológico, estímulo e máximo apoio e empenho  à pesquisa científica. E principalmente o mínimo de intromissão do Estado, cuja mão burocrática não faz outra coisa senão asfixiar a empresa, o trabalho criativo, estimulando, ao contrário, a afasia coletiva e os canais insidiosos por onde percorrem a corrupção.
Depois que passar a ilusão dos deuses olímpicos, com suas performances fantásticas, que todas as arenas e seu faustoso aparato legado,  tudo se lhe dê destinação mais realista e que  desse legado realmente usufrua o povo – escolas, por exemplos, hospitais, bibliotecas comunitárias, centros culturais e esportivos, até fábricas, armazéns ou silos agrícolas.

Os antigos criadores das Olimpíadas nas arenas celebravam os esportes, mas nas Arcádias eles também exercitavam o espírito e por isso inventaram a filosofia para cultuar a razão e o raciocínio lógico, para não deixar que o ser humano virasse um simples troglodita fisiculturista. 
CDL/Bsb. 5.08.16

  

quarta-feira, 6 de julho de 2016




OS  IPÊS  DE  BRASÍLIA







os  ipês de Brasília.
Como são os ipês de Brasília?
Rosáceos, rosilíneos,
da cor da alvorada
ou  do violeta crepuscular?
Ipês de Brasília
— eles florescem em cachos,
casulos de flores embelezando
as vias,
as calçadas,
as quadras,
o coração da cidade.
Óbulos  ardentes de sonhos?
ou suspiros exalando récitas florais
em meio ao fatídico furor do dia?
De há muito a aurora fugiu,
o sol incendeia de luz
a rigidez do tempo.
Lá fora a ânsia da vida voa,
férvida
de urgência e dores.
enquanto os ipês, aqui, se desmancham
em flores,
premissas  sutis,
éclogas  de primavera,
pérolas  roseoestivais,
pétalas sobrenaturais
de esperança.

 Bsb, 6.07.16

quinta-feira, 23 de junho de 2016









                       APOCALIPSE  NOW?



Ressaltam aos olhos e à mente os acontecimentos terroríficos quando nos deparamos nos Evangelhos com o livro das Revelações do Apóstolo João, o Apocalipse. João teria se refugiado pelos anos de 95 a.C, na ilha grega de Patmos, distante 55 km da costa da Turquia, para livrar-se da violenta perseguição que procedia o imperador romano Domiciano contra cristãos e filósofos. Os filósofos também foram perseguidos.
Ali, em estado de êxtase, ele recebeu a revelação sobre os fatos escatológicos que iriam ocorrer aos humanos e ao mundo.
Coisas horríveis irão sobrevir, só não sabemos onde nem quando acontecerão — o que sabemos é que tais fatos ocorrerão no futuro.
Ante o desenrolar de nossa civilização, os tumultuados momentos  em que vivemos, não só em nosso País, mas no mundo, tudo nos alerta que nos deparamos com situação de extrema gravidade. O que dizer do comportamento das pessoas desviando-se da normalidade? Como não reconhecer que os valores morais, éticos e espirituais das pessoas estão desestabilizando  a normalidade da civilização? E a violência que generaliza e recrudesce a cada momento, sem que se consiga detê-la? As pessoas não mais se harmonizam entre si, desentendem-se, vociferam como feras? A família tem sido alvo de profunda e sistemática desagregação, são relacionamentos espúrios agora admitidos, a união afetiva de pessoas do mesmo sexo, o movimento rebelde dos chamados LBST, o avanço do fundamentalismo religioso e social. E para coroar tanta desconstrução das pessoas e do mundo, essa eufemística decretação da morte de Deus e a seu reboque esse espantoso recrudescimento do ateísmo.
E em termos de comunicação na nossa era da aldeia global? A mídia ou — mass media sua contraparte tecnológica — ao invés de agir como meio, intermediária,  se arvora de objetivo, fundamento da comunicação, desequilibrando a equação do conhecimento. Daí a balbúrdia, espécie de Babel rediviva.
Entrementes outros fatores não menos perversos sobrevêm, de maneira insidiosa e até diabólica — o principal deles a renascer das cinzas do esquecimento, o velho e rançoso marxismo, agora travestido de cultura e filosofia ditas progressistas, esse irracional esquerdismo de inspiração gramsciana, a corromper a moral, os costumes, a educação, a cultura, a razão, a inteligência, os postulados clássicos da filosofia e do próprio Direito.
Será que não sinais autênticos de que entramos na era da escatologia apocalíptica? O que falta para convivermos com a “besta” e as feras malditas, de cornos e dentes afiados? Que ou quem configura o número 666, o número da Besta? No passado já foi o imperador romano Nero, depois os ditadores sanguinários Adolf Hitler, Stalin  ou Mao Tsé Tung. Mas há quem diga hoje que pode ser os Estados Unidos com seu poder econômico, a União Europeia, a ONU, a Rússia do poderoso Puchkin, ou então, mais recentemente Donald Trump, o candidato às próximas eleições presidenciais americanas. A seita protestante Adventistas do 7º Dia,  seguindo sua profetiza fundadora Ellen G. White, assevera que é o Papa da Igreja Católica. Mas parece que o tiro saiu pela culatra, pois utilizando-se o mesmo método usado pelos seus adeptos, pasmem, o número fatídico recai sobre a própria irmã White!
É, meus irmãos, não conhecidos de nome, mas de chapéu, nós, o mundo todo, entramos no túnel do tempo, não sabemos se já no escalafobético apocalipse, futurístico, enigmático, terrorífico. Haja compreensão, entendimento e, sobretudo, fé  e esperança na Providência Divina, senão estaremos todos perdidos.