sábado, 23 de março de 2019




      MÍDIA  AÉTICA : COMPULSÃO 
            OU AFASIA MENTAL?









Cada vez mais a mídia brasileira vem se comportando de forma esdrúxula, inadequada no que se refere à atitude de alguns de seus jornalistas, em especial a equipe da Rede Globo de Televisão. Impressionante como esses profissionais hodiernos demonstram desconhecer o verdadeiro papel da comunicação, a função que lhe é reservada como fonte e  formação no processo civilizatório. Faltam-lhes, sobretudo, reserva, ética, respeito e cabal conhecimento das matérias, itens ou assuntos abordáveis nas suas entrevistas, reportagens, enquetes ou reflexões.
E o que se nos afigura mais deprimente: os agentes dessa mídia são falhos, impertinentes, deselegantes e invasivos em abordagens e entrevistas, ao vivo e comentários escritos. Dai as entrevistas, comandadas por esses jornalistas, ao invés de instruírem ou esclarecerem os espectadores, ao contrário, deslustram   os verdadeiros objetivos da informação, atentam contra as ideias, com que prejudicam a razoabilidade da  mensagem.
Foi o que aconteceu com a entrevista a que assistimos no canal youtube no dia 3, do corrente, no Jornal da Globo, com a sra. Damares Alves, titular do Ministério da Mulher e dos Direitos da Família e dos  Direitos Humanos, no Governo Bolsonaro.
O que assistimos não foi uma troca de informações, digamos, de alto nível como seria de esperar, compatível à seriedade de um canal de comunicação, senão um tropel de perguntas aleivosas, rasteiras ideológicas e idiossincrasias endêmicas da parte dos entrevistadores, com o único propósito, não de colher respostas corretas e verdadeiras, mas — isto sim —  desmoralizar a entrevistada, constrangê-la, o que no linguajar chulo se conhece como casca de banana.
Verdade se diga que, diante das veladas invectivas, a sra. Damares se portou à altura de seus méritos acadêmicos, não  deixando, em nenhum momento, se enxovalhar com as perguntas sibilinas, algumas até de forma desrespeitosa, como a de repente feita pelo sr. Merval Pereira, renomado jornalista, inclusive membro da Academia Brasileira de Letras, quando insinuou que a Ministra devia conter as palavras em suas declarações  anteriores, para não confundir as pessoas. Na verdade, uma recriminação sibilina, totalmente aética e descabida, senão para colocar a Ministra em saia curta.
A entrevista mais parecia uma audiência inquisitória, às vezes declinando para o ridículo. O mesmo jornalista acadêmico pergunta à Ministra se sua pasta vai defender os direitos humanos ou os humanos direitos  (ironia para se referir que a defesa seria dos humanos da direita). O sr. Gerson Camarotti ingenuamente indaga  o que, para a Ministra, significa  direitos humanos, enquanto a repórter especializada nos bastidores do Congresso se sai com essa pérola: sabendo que a sra. é evangélica, pastora da Igreja Batista, não seria um abuso colocar o tema religião em pautas políticas, se o estado é laico?
Incrível a repórter da Globo não sabe o que significa estado laico, confundindo laicidade com ateísmo!
Mantendo-se sempre altiva, com respostas coerentes, palavras educadas e sem tergiversar em meio   ao  aluvião de sandices que lhe assestavam, ora por um, ora por outro entrevistador, a Ministra respondia, como se expendesse sobre temática colegial, ensinando um tropel de estudantes primários de pensamentos.
E foi essa a armadilha que os asseclas midiáticos da Rede Globo prepararam para a Ministra Damares naquela inútil entrevista. E o que nós, espectadores, assistimos foi uma Mestra dando aula a alunos estouvados, vazios de ideias, desatentos quanto ao verdadeiro objetivo de um encontro jornalístico — todos atrelados, como robôs, aos interesses subterrâneos de seus patrões. 
Nessa entrevista — como em todas a que tivemos o desprazer de assistir — a equipe de jornalistas da Rede Globo jogou no esgoto da ignorância os princípios mínimos, nem por isso clássicos, da Ètica da Comunicação, denegrindo o mérito do autêntico jornalismo brasileiro.
 CDL/Bsb                                                              Bsb, 23.03.19



Nenhum comentário:

Postar um comentário