PÓS-PANDEMIA
— O MUNDO MELHOR?
A história da humanidade dividir-se-á doravante em duas etapas, antes e depois da pandemia do vírus COVID-19 — exemplar mais moderno da série virótica CORONA.
Entrementes, o surto de sua virulência, ao que
tudo indica, tende a retroceder. É o que
prediz a poderosa OMS em consonância com os pesquisadores médicos,
segundo os quais os movimentos do vírus já se deslocam em ataques irregulares,
as chamadas ondas, ora maiores, ora menores. Isto ocorrerá até que o
deslocamento do vírus atinja a maioria da população, produzindo anticorpos às
pessoas, o contágio assim contido. Não há, até agora, previsão exata, fala-se no fim do ano — sua
atuação arrefecida e findo o perigo.
Acontece que outro imbróglio há de surgir:
como ficará o mundo, as pessoas se ajustarão às novas realidades? Mas que
realidades seriam essas? Os futurólogos já começam a elucubrar sobre seus
vaticínios. Espécie de mais uma teoria da conspiração a nos azucrinar a
paciência? Não e talvez sim.
As mídias sociais investem em teorias as mais
mirabolantes. Psicólogos de carreira já conspiram com suas evocações
evolucionistas, filósofos midiáticos assumem seus lados sofísticos. E la
nave va. Religiosos aproveitam para superfaturar em cima de preceitos
evangélicos, protestantes, os católicos estes ditos propagadores da simbólica e
transcendente teoria crística do Novo Reino, espécie da Nova Jerusalém
anunciada a quatro ventos pela seita adventista criada pela ingênua Irmã White,
oriunda do protestantismo americano. O Novo Reino se consagraria à medida que se
implantasse, na realidade, o badalado Mundo Melhor.
O tempo pós-pandemia seria o ideal para que o
dito Mundo Melhor caia do céu e nós, os viventes, agora sobreviventes de uma
pandemia que se supunha avassaladora, mas que nem tanto o foi — que se deliciem
com um novo mundo, a esperança em dias melhores, de fartura, beleza, paz e
tranquilidade. Eternas e até eviternas? Sem tormentos, todo mundo se abraçando,
enquanto o aquecimento global arrefece, o capitalismo se transforma em
solidarismo, o pão agora partilhado para todos, o mundo todo globalizado,
nações e contingentes humanos em simpático abraço de cordialidade. As pessoas
com doses maciças de misericórdia perdoando seus desafetos — é a assunção entre
nós do Novo Reino prelibado pelas delícias perfunctórias do Mundo Melhor.
Oxalá o fosse. A Nova Jerusalém adventista
nunca passou de uma utopia distorcida do Apocalipse, como o são suas teses
delirantes de fim do mundo. O aclamado Mundo Melhor, certamente desejável, não passa,
pelo menos por enquanto, de mais uma utopia, tanto quantas o foram as do
passado, a partir de Utopia Thomas Moore, Cidade do Sol de Domenico
Campanella, o socialismo utópico e demais veleidades da espécie.
Talvez haja realmente uma mudança pelo menos
no comportamento das pessoas, precavendo-se melhor. Que se conscientizem de que
o sol continuará a brilhar e nós, agora sapiens sapiens, declinando para
insapiens, façam suas vidas terem um sentido e aprendam que não somos
eternos.
CDL/Bsb, 12.09.20
Mais uma vez parabéns CDL, Murilo Moreira Veras, "PÓS PANDEMIA - MUNDO MELHOR ?" Com verdade e sabedoria, devemos sim, refletir o tema
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