TEORIA DO TUDO — UMA ABORDAGEM LAICA
Vez em quando cientistas trazem à baila a discutida e também discutível
Teoria do Tudo. Como é sabido, graças
ao filme sobre a vida do físico inglês Stephen Hawking, trata-se da teoria
científica que tenta explicar os eventos sobre a origem e os fundamentos do
universo. A teoria tenta resolver todas as controvérsias dos fenômenos cósmicos.
Uma vez testada e aprovada pela comunidade científica, a Teoria do Tudo
estabeleceria a uniformização e compatibilização de todas as forças que atuam
no universo, com consequências físicas e filosóficas para o ser humano,
inclusive quanto ao sentido da vida, espécie de nova visão do mundo — pelo
menos é o que vaticinam os adeptos da teoria.
Na presente
abordagem, não nos preocupam os aspectos técnicos e científicos da Teoria,
simples leigos que somos no assunto. Interessam-nos, sim, perquirir sobre aspectos
relacionados com aqueles que a imaginaram, como surgiu a ideia e suas
implicações para nossa vida humana. Alias, sabemos ter sido a Teoria do Tudo o
maior sonho de Albert Einstein, que
faleceu sem conseguir vê-la concretizada.
Pois eis que nos cai
a mão o livro Uma Teoria de Tudo — Que
Importa, do físico molecular Alister
McGrath, que também é teólogo em história intelectual, ex-ateu, professor
de Ciência e Religião na Universidade de Oxford. Trata-se de Uma breve introdução a Einstein e suas
ideias surpreendentes sobre Deus.
Fascina-nos logo no
início saber que um físico, antes ateu,
autor do livro, se preocupa em demonstrar tema tão árduo e misterioso, a existência de Deus, na vida de outro
físico, Albert Einstein, que construiu a célebre Teoria da Relatividade, fato que modificou profundamente o mundo da Física com implicações em nossa
vida.
O surpreendente do
livro de McGrath é como, de forma meticulosa, clara, com argumentos
compreensíveis, ele defende as ideias de Einstein. Ao contrário do que viraliza
entre as pessoas, por culpa dos próprios cientistas, de que Einstein era ateu
convicto. McGrath em sua exposição nos esclarece o contrário: Einstein nunca
foi ateu, nem mesmo agnóstico, ele tinha uma visão própria, conhecimento
peculiar sobre o Criador, desde que não antropomórfica, isto é, Deus não corporificado,
um Pai eterno, sentado num trono celeste, mandando no mundo e nas pessoas. Einstein
na verdade tinha uma crença firme em uma
mente superior — o que absolutamente não significa ter sido ateu, como
algumas pessoas inadivertidamente propalam.
Pelo que nos
esclarece, não se pode dizer que Einstein tenha sido uma pessoa religiosa no
sentido específico do termo. Não o foi. Sua concepção de Deus seria mais ou
menos a de Spinoza, de um Ser que se confunde com a natureza, gerador e
geratriz de um mundo que se governa a si próprio. E assim sendo não tem nenhuma
relação com as criaturas. Uma concepção pragmática de um ser invisível dentro
de um quadro existencial de imanência sem qualquer participação com seus
habitantes como um jogo sujeito a lances matemáticos do acaso e das leis de
probabilidade.
Claro que esta não é
a concepção do Deus do Cristianismo, mas não deixa de ser uma visão com certo
grau de transcendência, diferente daquela que nega qualquer ingerência espiritual
no mundo.
Segundo McGrath,
Einstein foi um cientista preocupado com a realidade do mundo, que se bateu
contra as ideias intervencionistas, os governos ditatoriais, tendo sido em toda
sua vida a favor dos valores éticos e morais, na sociedade e nos
empreendimentos humanos, também anticientificista quanto aos projetos originários
da ciência e tecnologia — fato que tem se tornado voz geral hoje entre certos
cientistas e tecnólogos, desprovidos desses valores.
A nosso ver, o livro
de Alister McGrath contribui definitivamente em recuperar o valor que o físico
formulador da Teoria da Relatividade merece ter dentre os eminentes vultos cuja
sapiência e desempenho pessoal têm engrandecido o gênero humano.
CDL/Bsb. 9.03.21
Parabéns CDL, especialmente Murilo Moreira Veras, neste início de ano, produção a tudo vapor de conteúdos qualificados, desconsiderando as dificuldades de um início de ano complicado em muitos aspectos. Realmente indo em frente, digno de parabéns.
ResponderExcluirRomulo