quarta-feira, 14 de abril de 2021


 

 

 

     O MUNDO E AS NARRATIVAS

     SOBRE  O   MUNDO

 




             O mundo, o globo, as nações, as sociedades, as pessoas — eu, você, meus amigos, todos somos ou nos tornamos vítimas das narrativas. Faz parte do mundo moderno, é o espelho e um dos maiores esteios nos quais se sustenta a tecnologia. As narrativas destruíram as barreiras da Técnica. Aliás, no século passado, Gustavo Corção, escritor católico brasileiro, escreveu um livro sobre o tema — As Fronteiras da Técnica.

A narrativa, melhor, as diversas e múltiplas narrativas que vêm dominando hoje mentes e corações, disseminam-se como uma verdadeira praga, talvez uma das pragas do Apocalipse. E o que é mais repugnante — essas narrativas se atrelam a outra praga que assola hoje o mundo, a pandemia gerada pelo Covid-19.

Explicou-nos bem o imbróglio e o fez de maneira escorreita, o Prof. Belei, no seu canal no youtube: narrativa é um tipo de fala e meio de comunicação que discorre e transfere uma informação sobre ato ou fato. Por paradoxal que seja, a narrativa falsa tem origem na Grécia, sim, o berço da Filosofia e também da Democracia. Nasceu com Protágoras (481-411 a.C), filósofo que teria convivido com o grande Sócrates, que o criticou, classificando-o como sofista, que tem hoje o sentido de enganador, falacioso, aquele ou aquela que falseia a verdade das coisas e dos fatos, um tipo de filosofia que busca, não a veracidade dos fatos, mas distorcê-los, a seu modo, para torná-los verídicos, sob o ponto de vista de sua narrativa.

O resultado de tudo isso, da proliferação desse tipo de comunicação em forma de narrativa, é simplesmente excruciante, capaz de influenciar pessoas, sociedades, regimes políticos, a cultura, a fé, a religião. E, claro, influencia de forma absolutamente negativa, tal o nível de corrupção que impregna a essa que se poderia denominar estrutura superior  de uma sociedade, nação, povo, até em termos civilizatórios. Esse tipo de narrativa deriva de uma teoria desviante da verdadeira Filosofia, a Sofistica que busca não a verdade a ser narrada, mas seu contrário, a mentira, o engano, todo tipo de falsidade ideológica, viés que fere os conceitos comezinhos do simbolismo, axiológico e ontológico, que regem a Ética, a Estética e a Moral.

Espécie de um engodo no qual nosso mundo tem se envolvido e de cuja mentira tem se servido nosso suposto inteligente Homo Sapiens Sapiens, como maná civilizatório de progresso. Somos envenenados, dia após dia, por essas narrativas falsas, mentirosas, que nos apresentam um mundo medido por esses narradores virtuais, da forma como eles pensam, agem, segundo as ideologias de que são portadores. É o que se poderia dizer o mais novo mal da civilização.

Quais os malefícios causados por essas narrativas falsas, basta nos debruçarmos sobre o que ocorre  hoje no mundo, em termos midiáticos. São informações truncadas, que nos empurram a mídia escrita e televisiva, os livros tendenciosos, as falas de supostos comunicadores, sociais, econômicos, políticos e religiosos. Cada qual pensa e revela o seu olhar, a medida do seu olhar, cada olhar uma medida, cada medida uma maneira de olhar — coisas, fatos, pensamentos, induções, disfunções, espécie de máscara com que se inverte a personalidade autêntica. É sim, a prática da medida invertida do olhar as coisas, os fatos, o mundo.

Ora, se cada pessoa tem a medida das coisas, todas as coisas podem não ter a mesma medida, de vez que cada ser humano tem sua própria medida sobre coisas e fatos. Então como  ficam os fatos e as coisas sob diversas visões? Qual a verdadeira, se cada visão tem sua medida?

O axioma de Protágoras está errado — não passa de um grande, vulnerável sofisma. Vem-nos à baila, acerca do imbróglio que a mídia vem causando no mundo, o que afirmou Aristóteles sobre  a comunicação  — um meio, a mídia, jamais um fim, como seria, por exemplo, a Filosofia, a Sabedoria, na qual estariam baseadas a Ética, a Estética e a Moral.

Hoje, sob a panaceia de suposta modernidade, os canais midiáticos, TV, jornais, livros, ensinamentos, redes sociais, plataformas, tuti quanti, se arvoram  de comunicadores e instrutores da medida de todas as coisas e fatos, como narrativas finais, absolutas, dispensadas as contraditas, como se verídicas fossem.

Observem se não é isso o que acontece hoje, no mundo, inclusive principalmente em nosso País, uma avalanche de narrativas falsas, tomadas como informações verdadeiras, envenenando cérebros e corações, os quais inadvertidamente se deixam contaminar, enquanto “La nave va”  disseminando o veneno do ultrassocialismo — os carneirinhos de boa fé sendo tragados pelos leões gramicianos.

CDL/ Bsb, 14.04.21