O
MUNDO E AS NARRATIVAS
SOBRE O MUNDO
O
mundo, o globo, as nações, as sociedades, as pessoas — eu, você, meus amigos,
todos somos ou nos tornamos vítimas das narrativas. Faz parte do mundo moderno,
é o espelho e um dos maiores esteios nos quais se sustenta a tecnologia. As
narrativas destruíram as barreiras da Técnica. Aliás, no século passado, Gustavo Corção, escritor católico
brasileiro, escreveu um livro sobre o tema — As Fronteiras da Técnica.
A
narrativa, melhor, as diversas e múltiplas narrativas que vêm dominando hoje
mentes e corações, disseminam-se como uma verdadeira praga, talvez uma das
pragas do Apocalipse. E o que é mais repugnante — essas narrativas se atrelam a
outra praga que assola hoje o mundo, a pandemia gerada pelo Covid-19.
Explicou-nos
bem o imbróglio e o fez de maneira escorreita, o Prof. Belei, no seu canal no
youtube: narrativa é um tipo de fala e meio de comunicação que discorre e
transfere uma informação sobre ato ou fato. Por paradoxal que seja, a narrativa falsa tem origem na Grécia, sim, o berço da Filosofia e também da Democracia. Nasceu
com Protágoras (481-411 a.C),
filósofo que teria convivido com o grande Sócrates, que o criticou,
classificando-o como sofista, que tem
hoje o sentido de enganador, falacioso, aquele ou aquela que falseia a verdade
das coisas e dos fatos, um tipo de filosofia que busca, não a veracidade dos
fatos, mas distorcê-los, a seu modo, para torná-los verídicos, sob o ponto de
vista de sua narrativa.
O
resultado de tudo isso, da proliferação desse tipo de comunicação em forma de
narrativa, é simplesmente excruciante, capaz de influenciar pessoas,
sociedades, regimes políticos, a cultura, a fé, a religião. E, claro,
influencia de forma absolutamente negativa, tal o nível de corrupção que
impregna a essa que se poderia denominar estrutura
superior de uma sociedade, nação, povo, até em termos
civilizatórios. Esse tipo de narrativa deriva de uma teoria desviante da
verdadeira Filosofia, a Sofistica que
busca não a verdade a ser narrada, mas seu contrário, a mentira, o engano, todo
tipo de falsidade ideológica, viés que fere os conceitos comezinhos do
simbolismo, axiológico e ontológico, que regem a Ética, a Estética e a Moral.
Espécie
de um engodo no qual nosso mundo tem se envolvido e de cuja mentira tem se
servido nosso suposto inteligente Homo
Sapiens Sapiens, como maná civilizatório de progresso. Somos envenenados,
dia após dia, por essas narrativas falsas, mentirosas, que nos apresentam um
mundo medido por esses narradores virtuais, da forma como eles pensam, agem,
segundo as ideologias de que são portadores. É o que se poderia dizer o mais
novo mal da civilização.
Quais
os malefícios causados por essas narrativas falsas, basta nos debruçarmos sobre
o que ocorre hoje no mundo, em termos
midiáticos. São informações truncadas, que nos empurram a mídia escrita e
televisiva, os livros tendenciosos, as falas de supostos comunicadores,
sociais, econômicos, políticos e religiosos. Cada qual pensa e revela o seu
olhar, a medida do seu olhar, cada olhar uma medida, cada medida uma maneira de
olhar — coisas, fatos, pensamentos, induções, disfunções, espécie de máscara
com que se inverte a personalidade autêntica. É sim, a prática da medida
invertida do olhar as coisas, os fatos, o mundo.
Ora,
se cada pessoa tem a medida das coisas, todas as coisas podem não ter a mesma
medida, de vez que cada ser humano tem sua própria medida sobre coisas e fatos.
Então como ficam os fatos e as coisas
sob diversas visões? Qual a verdadeira, se cada visão tem sua medida?
O
axioma de Protágoras está errado — não passa de um grande, vulnerável sofisma.
Vem-nos à baila, acerca do imbróglio que a mídia vem causando no mundo, o que
afirmou Aristóteles sobre a comunicação — um meio, a mídia, jamais um fim, como seria,
por exemplo, a Filosofia, a Sabedoria, na qual estariam baseadas a Ética, a
Estética e a Moral.
Hoje,
sob a panaceia de suposta modernidade, os canais midiáticos, TV, jornais,
livros, ensinamentos, redes sociais, plataformas, tuti quanti, se
arvoram de comunicadores e instrutores
da medida de todas as coisas e fatos, como narrativas finais, absolutas,
dispensadas as contraditas, como se verídicas fossem.
Observem
se não é isso o que acontece hoje, no mundo, inclusive principalmente em nosso
País, uma avalanche de narrativas falsas, tomadas como informações verdadeiras,
envenenando cérebros e corações, os quais inadvertidamente se deixam contaminar,
enquanto “La nave va” disseminando o veneno do ultrassocialismo — os
carneirinhos de boa fé sendo tragados pelos leões gramicianos.
CDL/ Bsb,
14.04.21
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