OS
QUE NÃO BEBEM
COMO CÃES
Viceja em certos meios agnósticos e até
circula entre pessoas que se dizem
gnósticas, a ideia ou concepção, um tanto quanto extravagante, de que as
religiões no futuro terão desaparecido. Aduzem
que, para substituir o vazio deixado, uma única seita nossos pósteros haverão
de aderir: o culto absoluta à
personalidade – cujo desvio pressupõe uma outra crença, esta inventada, de
caráter inconsútil, que se diz espiritualista por cultuar o além-túmulo.
O ser humano
sob tal perspectiva se apartaria da realidade, coadunando-se com uma espécie de
imanência transcendental, decorrendo dai o exercício de um materialismo
disfarçado, com a idolatria ao morto, o mito do retorno à vida e outras excentricidades,
que não contribuem absolutamente com nosso caminhar nesta vida. Conquanto haja
outras correntes de pensamento que se
contrapõem a essa visão fantamasgórica, a verdade é que as duas,
espiritualistas e materialistas, se afinam, uma ajudando a outra – tudo para
reforçar o fim das religiões, cada qual fazendo cobro à sua tese. Em outras
palavras, exterminar com a crença num Criador, como mantenedor do mundo por ele
criado, trocando o que dizem ser um mito, por outro mito, o de que o ser homem,
e só ele, é responsável por seu destino no mundo.
Ora, se se
apegam a concepções de vivência em além-túmulo, fazendo com que o ser humano
reviva mediante processos reencarnatórios, tais ideias só fazem estimular o
ideal materialista de que, cada qual é responsável por seu destino, vivo ou
morto. Dai serem prata da mesma moeda, farinha do mesmo saco, ideológico e
contrário, portanto, à lídima doutrina filosófica dos Evangelhos.
O fim das
religiões, como apregoam esses asseclas da desrazão, tem certa semelhança com o
pensamento desvairado de Nietzsche, ao preconizar que “Deus estaria morto”, de cuja
afirmação é corolário o pensamento do economista americano de origem asiática, Francis
Fukuyama, que, em 1985, declarou o fim da
História.
Não há negar
que tais assertivas, citadas assim levianamente, não têm crédito, são de fulgurância
fugaz e falaz. Traduzem visão opaca e prevaricam quanto às verdades reveladas
pela doutrina do Mestre do “Sermão da
Montanha”. Observe-se com que maestria já nos ensinava no passado o sábio
francês Michel de Montaigne(1533-1592): “O
homem que não é nada, procura com sua fraqueza e incapacidade sondar os
mistério de Deus, mas, ali, nada ele
encontra a que se apegar.”
O cristianismo
– “A Religião do Homem”, como explicitou
o filósofo paulista Mario Ferreira dos Santos – jamais há de desaparecer,
porque se enraíza em verdades eternas. É tão forte, tão arraigada na
consciência humana a centelha da religião, que nenhuma tempestade ideológica
haverá de fazê-la, desaparecer, não só do mundo, como videira existencial, mas
do próprio cérebro humano, em cujo lóbulo central se acha localizado, fato,
inclusive, já provado cientificamente.
O que seria o
mundo se não fosse a religião, uma vez que constitui o elo de ligação com a
Divindade?
Como os seres
teriam alcançado o progresso, inclusive o tecnológico, se tais atos não hajam encontrado
a ressonância necessária advinda do espírito empreendedor, embebidos na força
do personalismo e da compaixão, ambos originários do cristianismo, que
proporcionou ao ser humano a dignidade capaz de, valorizando sua intuição,
evoluir moral, social e economicamente? O contrário seria o ser humano retroceder
ao caos.
Não há negar:
sem religião o mundo retornaria à barbárie e a vida não passaria de uma
trajetória sem sentido, vazia de eternidade.
CDL/Bsb, 23.05.15
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