OS HOMENS E OS LIVROS DE UMA NAÇÃO
Monteiro Lobato –
nosso grande escritor e empresário cultural – certa feita declarou: “Uma Nação se constrói com Homens e Livros.”
Nos tumultuados
dias de hoje as palavras do mestre ecoam enigmáticas e parecem se diluir na
formidável catapulta de fatos e ocorrências em que se acha envolvido nosso
País.
– Onde se encontram
os homens e os livros com que devemos contar para a salvação da Pátria? — seria
de perguntarmos estarrecidos.
Outrora, às
primícias civilizatórias, os sonhos humanos eram acolhidos pela pletora de
grandes sábios: Péricles na
proclamação da Era de Ouro aos atenienses, quatro séculos antes da era
crística. Túlio Cícero quando acusa
no Senado Romano a rebeldia de Catalina, para salvação de Roma. Paulo de Tarso, judeu drasticamente
convertido cuja tenacidade apostólica disseminou a semente do Evangelho da Boa
Nova cristã na antiguidade. Abrãao Lincoln,
com dignidade e coragem, ousou
estancar a sangria da escravatura nos Estados Unidos conflagrados. E quantos
quejandos mais...
Em nossas
plagas, não se dirá menos: o espírito nacionalista no exemplar patriotismo de José de Bonifácio de Andrade e Silva,
junto ao Império de Dom Pedro II; o empreendedor extraordinária que foi João Evangelista de Souza, o Visconde de
Mauá – verdadeiro precursor do desenvolvimento nacional; patriotas como José do Patrocínio, Castro Alves e Joaquim Nabuco,
cujas vozes retumbantes contribuíram para execrar de uma vez por todas a
escravidão no Brasil; João Francisco Lisboa cuja tribuna, com
audácia e inteligência, com seu jornal Timon, em Lisboa, defendeu a cultura e o
nacionalismo de sua Pátria. E o que dizer de nossos protomártires e mártires,
cujas vidas foram sacrificadas em favor de um ideal libertário? Manuel Bequimão no Maranhão, Frei Caneca em Recife e o alferes José Joaquim da Silva Xavier, em Ouro
Preto?
São apenas meros
exemplos, pinçados ao alvedrio do pensamento, enquanto inúmeras outras figuras,
hoje, diluem-se na poeira inexorável do tempo, que as páginas da historiografia
moderna , injustificavelmente ousa sufocar no esquecimento.
Indagar-se-á
então: e hoje, onde estão os homens e mulheres que resgatarão o País da
ignomínia? Não temos resposta, pelo menos por enquanto.
E quanto aos
livros, como responder ao Mestre Lobato, com seu maravilhoso sonho de
transformar o País pela leitura e modernidade?
Ah, meu nobre
Mestre de cuja pena lúdica nasceram personagens tão fabulosas para crianças e
adultos – os livros que agora empanturram as prateleiras e balcões das nossas
livrarias são de autores desconhecidos, os chamados “best-sellers” – esses são lidos apenas para divertir, depois jogados
no lixo, por inúteis. E os nossos clássicos, os cultores do idioma, os artistas
no ofício de escrever, aqueles que enobreceram nossa cultura e defenderam
nossos anseios narrando com desassombro a aventura do viver? Onde estão nossos
clássicos, senhores?
Júlia Lopes de Almeida, Constantino Paleólogo, Cornélio
Pena, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Sousândrade, Paulo Setúbal, Graça Aranha, Aluizio e Arthur Azevedo, Olavo Bilac, Afonso Celso, Gastão Cruls,
Humberto de Campos, J.G. de Araújo Jorge, Dinah Silveira de Queiroz, Maria José Dupré, Oswaldo França Jr., Breno Aciolly. Josué Montello, e tantos outros mais...
Dir-vos-ei:
desapareceram, os editores os eliminaram das prateleiras, consideram-nos, todos, impublicáveis, por
obsoletos!
Agora, só resta
nos contentar com o reverso da pergunta de Monteiro
Lobato: “Uma nação se destrói sem homens e sem livros.”
CDL/Bsb, 11.06.17
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