REFLEXÕES QUARESMAIS
Os
cristãos católicos no mundo todo se preparam para celebrar o tempo litúrgico da
Quaresma, também nosso País. Segundo a liturgia católica é o período em que os
professantes devem aderir à conversão, procedimento que de si implica a presunção do aumento e manutenção da fé em Jesus Cristo, da parte
do rebanho de fiéis que o consideram o Salvador da humanidade pelo sacrifício de
sua crucifixão. A Quaresma recorda o
terrível suplicio do Mestre da Galiléia, perante o Sinédrio e o julgamento
presidido por Pilatos, e, na sequência dos fatos, celebra como Ele venceu a
morte, mediante a fantástica ocorrência da Ressurreição e Sua não menos
fantástica aparição, depois, entre os discípulos estarrecidos.
Enquanto
os fiéis se submetem a esse aprofundamento de fé no Filho de Deus feito Homem,
nosso mundo se engolfa numa avalanche de
ocorrências, ocorrências essas que não só envolvem o orbe todo, como em especial nosso sofrido
torrão natal, com o desenrolar de outros tantos acontecimentos e problemas que deles resultam ou são por eles
gerados, num verdadeiro círculo vicioso de circunstâncias, ora execráveis, ora
de importância significativa. Se por um lado tais ocorrências nos estarrecem,
por outro lado nos sevem de alerta e também motivo para sobre elas fazermos nossas reflexões.
Acode-nos
em primeiro lugar a morte do astrofísico e professor emérito da Universidade de
Cambridge, Stephen Hawking, o famoso
descobridor dos buracos negros no Cosmo, defensor acérrimo da chamada Teoria do Tudo e outros teorias
excêntricas, como a das Cordas, assim
como os não menos estapafúrdios buracos
de minhoca. O físico inglês sofria há mais de cinquenta anos de uma doença
degenerativa, de consequências fatais, mas que se prolongou miraculosamente
durante tanto tempo, graças à avançada tecnologia nele aplicada e desenvolvida.
O cientista escreveu vários livros sobre temas ligados à astrofísica, mas sua
vida extinguiu-se, como uma vela, diante dos grandes dilemas científicos que se
propôs enfrentar e que jamais conseguiu solucioná-los, nem podia fazê-lo, por
absoluta impossibilidade de o ser humano, adentrar os mistérios da Eternidade e Transcendência de Deus, o Criador
do Universo.
E
na sequência dos fatos que sucedem à luz desse período quaresmal, de oração e
penitência, comentamos nos cinemas uma fita — certamente em razão da própria
Quaresma — cuja temática gira nada menos que sobre a vida de Maria Madalena, quem primeiro
testemunhou a Ressurreição de Cristo, ao aportar bem cedo ao túmulo onde jazia
o corpo do Salvador, de quem ouviu a
enigmática frase Noli mi tangere,
não me toques, pois, disse Ele, “não havia subido até o Pai.” O filme tem o
título de Maria Madalena , é dirigido
pelo cineasta Garth Davis, o papel de Jesus dado ao ator americano Joaquim Phoenix ( o mesmo que
interpretou um imperador tresloucado no filme O Gladiador). Rooney Mara interpreta
Madalena, com boa e convincente interpretação, o que não o fêz Phoenix, dando a
Jesus uma voz rouca, com aparência extremamente simplória, para não dizer
medíocre. O roteiro coube a duas mulheres Helen
Edmundson e Phlippa Goslett, as
quais, com forte insinuações feministas e ideológicas, impuseram ao filme uma
narrativa descontextualizada dos Evangelhos, que, de certo modo, desvaloriza a
personalidade de Jesus e, a nosso ver, tampouco enriquece a de Madalena, pois
não apaga sua condição de prostituta arrependida, como lhe impinge a narrativa
dos Evangelistas. O que mais desmerece no filme é que seus realizadores na
verdade omitiram os episódios mais importantes da vida de Jesus, no seu
Ministério, tais como o Sermão da Montanha, a realização da Páscoa e das significativas
palavras que entronizaram a Eucaristia, a Ressurreição e o fantástico momento
da Ascensão do Senhor. Em razão disso, o filme restou pobre, com narrativa
arrastada e sem grande motivação.
Enquanto
isso, assistimos nos dias que correm o tumulto decorrente do recente assassínio
brutal de uma Vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, de cujo fato tem se aproveitado
o ativismo político ideológico auxiliado pela mídia sensacionalista.
Demonstração patente de quanto nos afastamos dos ensinamentos do Mestre, em
especial os pobres habitantes desta Terra
Papagalis, inculta, mas ainda assim bela, obrigada a se espelhar numa
modernidade antropofágica e volúvel.
Haja
coração, fígado, nervos e estômago para digerir tanta desvario, incompreensão e
irracionalidade. A essa altura, o Ressuscitado,
egresso do tumulo, há de dizer, perplexo, aos homens do mundo: Noli mi tangere, pois ainda não subi ao Pai.
Bsb, 22.03.18
boa reflexão, confrade!
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