segunda-feira, 21 de maio de 2018





O LEGADO DE D. PEDRO II EM PERSPECTIVA










Praticamente às portas das eleições, o retrato do País não apresenta situação das mais auspiciosas, no consenso internacional. Claro que há países em pior estado, dispensável até mencionar quais, por óbvio. Em termos geopolíticos, o mundo parece se equilibrar em corda bamba, com vicissitudes em toda parte, mas com certo grau de suportabilidade.
E nosso País, ousará vencer suas diferenças educacionais, econômicas, políticas, enfim acertar os passos e alinhar-se entre os desenvolvidos, sobretudo sair do atraso devido a corrupções endêmicas, que desmoralizam nossas instituições, a corroer-lhes os alicerces?
Se tivermos a curiosidade de auscultarmos nossa história, mesmo a oficial, teremos a surpresa de verificar que o Brasil, no passado não muito remoto, já viveu tempos de “prosperidade e progresso” — e acreditem se quiserem — não foi na República, essa vigente desde 1889, proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, mas, sim, no Império. Sim, no suposto “Velho Império”, aquele que o espírito modernista revolucionário chamava de ultrapassado e que ousaram derrubar em 1888, substituindo-o pela decantada, mas praticamente inócua República dos positivistas maçons.
E sabem a quem se atribuía esse extenso período de prosperidade e progresso, espécie de “idade do ouro” do Brasil? Nada menos que sob o governo de D.Pedro II, o Imperador do Brasil, que administrou o País de 1831 a 1889, sua gestão iniciada quando tinha apenas 14 anos de idade. Foi drasticamente deposto naquela última data por militares republicanos, insatisfeitos com o regime, apesar do grande prestígio do Imperador junto ao povo. Era um governante modesto, benevolente, mas culto e diligenciador, preocupado com o bem-estar do povo. Com o tempo e em virtude da grande injustiça de que foi vítima, sua expulsão e de sua família em 1889, obrigando-os a se exilarem na França, passou a ser considerado o maior brasileiro de nossa história, verdadeiro símbolo nacional.
O próprio Rui Barbosa — por sinal um dos que apoiou o banimento do Império — em discurso no Senado, em 1914, assim se referiu ao doloroso affaire: “A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal de nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo o nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.”
Por sua vez, a historiadora Lília Moritz Schwarcz revela que ele, o Imperador Pedro II, transformou-se num mito. José Murilo de Carvalho, historiador pernambucano validou a notável figura do Imperador: “... pela longevidade de seu governo e as transformações ao longo de seu curso, nenhum outro chefe de Estado marcou mais profundamente a história da nação.”
Enquanto isto, a República positiva dos militares maçônicos, sob o tacão inglês, com seu apanágio de reformismo e progresso, desde os primeiros passos que arrebataram o poder do tirocínio do velho, mas erudito Imperador, erodiram a nação com medidas atabalhoadas, ao longo do tempo a República desvalorizada pela maioria da população, menos pelo crédito dado a democracia nascente e mais pela impopularidade de seus discípulos tributários. Certamente pelos desacertos e o demérito de quantos sucederam o Marechal Deodoro da Fonseca, que nunca conseguiu superar a traição cometida contra o amigo de infância e escola Pedro II.
Indagamos hoje. A que se atribuem os contínuos desacertos, os imbróglios sócioeconômicos, e demais ineficácias dos governos republicanos brasileiros na consecução do progresso e na melhoria do bem-estar do povo?
Por que os brasileiros somos um povo incrédulo politicamente, nossa moral é tão baixa, descremos tanto da política quanto da justiça e das instituições, ainda frágeis, a burocracia nos prejudicando a vida? Chegamos a descrer até de nossa capacidade de ser livres e independentes.
Por que somos desrespeitosos para com nossos ícones históricos, descuramos de nossos deveres, enquanto paradoxalmente nos rejubilamos de sermos pessoas cordiais naquela perspectiva do homem cordial  de Sérgio Buarque de Holanda, constante do livro Raízes do Brasil de 1936? Não seria o chamado “jeitinho brasileiro” , aquela atitude de o brasileiro olhar as coisas, sair-se bem em tudo, sempre querendo burlar o outro? Isso que fez o Presidente Barack Obama chamar o então presidente Lula, em visita aos States de: “You are the Guy!” – você é o cara! Na gíria americana, o safado, o cafajeste.
Por que o brasileiro é assim, supostamente cordial até para com sua Mãe-Pátria? Com a devida vênia é porque falta ao brasileiro um valor a que respeitar, um governo consciente, não tem um ícone, um brasão, uma figura na qual deposite sua fé pública, um símbolo inconteste de sua Pátria. Por isso, o brasileiro é uma pessoa errática, sem fé, principalmente com relação à coisa pública, à cidadania, moral e caráter suscetíveis ao erro.
Por esses dias assistimos ao show de virtuosidade que foi o casamento real do casal Harry e Meghan, o fervor com que o povo acolhia o cerimonial com toda sua pompa — fato muito diferente de nosso carnaval. Então nos lembramos de quanto nos faz falta uma realeza, um valor acima de nossas frivolidades cartoriais. Sim, falta-nos uma figura icônica, a de um Rei, uma Rainha como Elizabete II ou um Imperador como D. Pedro II. Vêm-nos à baila os 60 anos de prosperidade e progresso de nosso velho ícone nacional D. Pedro II.
Será que, sob o signo de um reinado ou império não estaríamos livres dos horrores que hoje protagonizamos no País? É a pergunta que não nos deixa calar.  
                                                                  Bsb, 22.05.18





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