segunda-feira, 26 de agosto de 2019





 COMO FAZER INIMIGOS E

           INFLUENCIAR PESSOAS






Dale Carnegie, célebre escritor couching do passado, viralizou seu nome no mundo com o livro Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas. Hoje se vivo fosse, ficaria injuriado e frustrado com ver suas fórmulas de como viver e conviver bem com as pessoas serem distorcidas e totalmente voltadas para o mal.
Mesmo provido de toda parafernália tecnológica, haurindo os conhecimentos mais fantásticos das descobertas científicas, o ser humano, as pessoas, hoje, vêm se tornando cada vez suscetíveis  a influências malévolas. Na verdade, as pessoas parecem ter perdido o bom senso e a boa vontade, por se deixarem enganar, principalmente por informações inverídicas, os supostos mensageiros insufladores da maledicência e da insânia. Daí a necessidade de, nos dias que correm, sabermos separar o joio do trigo — joeiramento que implica conhecimento de causa, saber distinguir razão da emoção, liberdade da dominação.
Aparte da traiçoeira campanha movida pela mídia escrita, radiofônica e televisa, ao explorar diuturnamente o veio da informação falsa e negativa, torna-se lugar comum as pessoas se digladiarem no cenário nacional e internacional por coisas e fatos ínfimos, ou seja, de  quanto  pior, melhor ficaremos — como se diz na gíria ver o circo pegar fogo.  Caber-nos-ia chamar isso de síndrome de Babel, espécie de confusão mental capaz de gerar o nefelibatismo nas pessoas.
Veja-se, por exemplo, o imbróglio intelectual criado, em função desse cenário negativo de terceiros interessados no enquanto pior, melhor para o País, para o mundo. Aquecimento Global, Teoria do Gênero, Feminismo, Gaysismos, Nova Ordem Mundial, Gaia e quejandos são temas viralizados erroneamente   pela mídia, inclusive redes sociais. Por enquanto,  vamos nos ater aos termos Ideia e Ideologia. As pessoas confundem ou então desconhecem, por desinformação, os conceitos dos dois termos. O conceito de ideia é completamente distinto de ideologia. Segundo o Dicionário de Filosofia Larrouse do Brasil, trata-se de “... noção que o espírito forma de alguma coisa — A ideia tem caráter intelectual que a distingue do simples sentimento.” Portanto, quando uma pessoa tem uma ideia, ela dá vida a uma representação de seu espírito de forma livre, por vontade, sem interferências. Isto difere totalmente do conceito de ideologia. O termo ideologia foi criado pelo francês Destutt de Tracy, significando a ciência das ideias. Com Napoleão, depois, ganhou sentido novo quando chamou os seguidores de Tracy de idólogos, com o sentido de deformadores da realidade. Na Antiguidade Clássica e Idade Média, os pensadores entendiam ideologia como o conjunto de ideias e opiniões de uma sociedade. Mais tarde, Karl Marx concebeu a ideologia como consciência falsa, resultado da divisão do trabalho manual do intelectual, portanto, com o sentido de dominação de uma classe sobre outra. Assim, em sentido crítico ideologia implica a relação de manipulação e domínio exercido ou exercível por qualquer meio de quaisquer instrumentos simbólicos, ou seja, uma frase, um texto, uma notícia, uma reportagem, uma novela, um filme, uma peça publicitária ou um discurso, pode conter ou difundir uma ideologia. Posteriormente, Gramsci, a título de atualizar e tornar o marxismo mais palatável e abrangente, inclusive para fins de sua difusão maior, reverteu o pensamento de Marx, tornando a ideologia não mais enganosa ou negativa, mas, ao contrário, o mais ativo e melhor instrumento de divulgação do ideário comunista e, por seu intermédio, dominação do mundo capitalista.
No Brasil, o Sr. Paulo Freire, de cuja doutrinação tem sido impregnado toda a educação, apoiou Marx considerando a ideologia como ocultação da verdade dos fatos, o uso da linguagem para encobrir a realidade, parecendo desdizer Gramsci, no entanto, seu método de ensino, aplicável à educação, também é uma ideologia por maquiar a realidade em favor do marxismo.
Como se vê, o conceito e o emprego da ideologia, em todos os seus sentidos não foge à regra de dominação, não importa tratemos de economia, ciência, religião, literatura, sociedade, educação — e o que é mais pernicioso, seu emprego pela mídia falada, escrita e irradiada, assim como servir, abusivamente, como instrumento ou método de ensino, em sala de aula, seja público ou privado.
O que queremos dizer, enfim, com essa explanação, é que precisamos deixar bem claro o emprego dessas duas palavras, ideia nada tem a ver com ideologia. Podemos expor nossas ideias, quando as temos, de forma livre e espontânea, como nos permite o livre pensar e arbitrar. Já expressar ou impor uma ideologia, de qualquer forma e meio, estamos nos referindo a um instrumento de dominação, gerado não por sentimento, mas por fanatismo, em virtude do sentido de virulência que a palavra contém e da força simbólica que ela representa junto às pessoas, comunidades e até perante o mundo.

                                                                               Bsb, 26.08.19  

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