A
TEORIA DO MEDALHÃO
EM NOSSOS DIAS E TEMPO
EM NOSSOS DIAS E TEMPO
Vem-nos
à baila o caso do Medalhão — aquele conto de Machado de Assis, A Teoria do
Medalhão.
Mas o
que é o Medalhão, o que, quem é essa figura conhecida e reconhecida como
Medalhão? Esclarecemos, antes que falem os tolos. Medalhão é a coisa mais
corriqueira nos dias atuais, embora essa anomalia tenha frequentado de há muito
a historiografia humana, expletivo do convívio social, basta uma consulta aos
alfarrábios. Medalhões são aquelas pessoas, vultos conscientes e inconscientes
que se distinguem em meio à corte, não por qualidades originais ou perfeitas,
plenitudes sapienciais. O Medalhão acumula consigo o solecismo da esperteza,
suas armas potenciais são a ousadia, a loquacidade e o devaneio ao manusear a
arte de falar, embelezar a vida e o tempo, sublimar o amigo e vilipendiar o
afoito adversário. Explicação mais
clara? Recorram aos escritos e às atuações dos figurões que habitam e habitaram
nossa terra papagalis, imitando aqueles que afluíram mundo afora. A mediania
tem viralizado desde que o mundo é mundo. Construíram-se, ergueram-se prédios,
criaram-se coisas e loisas no vagar do tempo, inclusive essas figuras caricatas
cujas ideias têm conseguido fazer séquito de incautos seguidores.
O
Medalhão é um ser díspar, gênero dos moluscos recorrentes, que conseguem
encantar dóceis e vulneráveis criaturas com suas falácias, aderir a seu bom e
mal sofisma.
Distinguí-los?
É fácil, basta recorrer ao nosso redor, a qualquer momento, vamos encontrar um
exemplar, no rádio, na televisão, nos jornais — e agora nesse campo aberto, as
redes sociais, neste vale tudo virtual de trivialidades. Há sempre um deles a
postos, engravatado, cara rapada, voz tonitruante, ou de baba aparada, à guisa
de monge cisterciense. Estalam e vomitam informações, criam conceitos, expelem
modernas normas de conduta, volatizam as ideias mais atuais correntes na mídia,
da anedota diária, do fundo do quintal do vizinho às estrelas do universo.
Se
vivo fosse, nosso bom e puritano Machado não perderia o azo de escrever, não um
conto como o fez com seu Medalhão, mas um manual que designaria ironicamente
Tratado Geral dos Medalhões e subtítulo Como sofismar para ganhar a vida e
mediocrizar amigos e inimigos.
E que
nos perdoe nosso bom e conceituado Dale Carnegie que de há muito tenta
influenciar pessoas. Sem querer, deu margem e fôlego aos nossos badalados
Medalhões que, hoje em magote, nos infernizam a razão e a paciência com suas excrescências
existenciais.
CDL/Bsb, 12.11.19
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