A NOVA CAVERNA DE PLATÃO
Reflexão
das mais significativas nos traz o texto base da Missa Pascoal deste domingo, 29.03.20.
Trata-se da narrativa do Apóstolo João, cuja simbologia tem sentido escatológico. O Apóstolo narra o
episódio em que o Mestre sabe, por suas irmãs Marta e Maria, da morte de
Lázaro, a quem estimava. Jesus havia se retirado de Betânia e dirigia-se para
outro lugar da Judeia, mas retorna diante da notícia. Lá chegando as irmãs o
advertem de que Lázaro jazia há quatro dias. Mesmo assim, ele vai ao local do jazigo, manda remover a pedra
que o fecha e chama em voz forte: “Lázaro, vem para fora! Então, Lázaro
que estivera morto quatro dias, sai vivo do sepulcro.
Observemos a dinâmica do
milagre, transportemos a epifania do fato extraordinário para os dias que vivemos
no País — essa famigerada pandemia que assola o mundo e ora nos ataca.
Resultado: todos estamos em quarentena, observando ordens superiores. Não seria
espécie de caverna como aquela alegoria de Platão? Presos e até mesmo
apavorados, encontramo-nos sepultos em nossos jazigos residenciais — do mundo
exterior só vislumbramos as sombras. O Big Brother da toda poderosa OMS
nos emboscou em nossas cavernas individuais, da realidade da vida cotidiana só lobrigamos
as sombras. Impediram-nos de sair, de viver a realidade. Fizeram-nos prisioneiros
das sombras.
Mas o Mestre — que também é o
Mestre da vida nos está chamando: Vem, homem de pouca fé, vem para fora.
Na realidade, não passamos de
sombras, a realidade da vida nos é simplesmente furtada por um vírus, misterioso,
invisível. Realiza-se a profecia maligna de O Admirável Mundo Novo de Aldous
Huxley, o Grande Irmão já nos comanda o que fazer e o que não fazer. E
nossos dias, a beleza da vida, a realidade que nos ressuscita das sombras,
tornam-se em dias vividos em Terra Devastada, as ruas desertas, o povo amedrontado,
aprisionado em suas celas. Disso já nos
advertia no século XX o grande profeta dos Quatro Quartetos — T.S. Eliot.
O que nos resta a fazer senão
orar? Ou não temos ouvido para ouvir o
chamado que vem da Luz a nos advertir?
Lázaro, vem para fora!
Lázaro, vem para fora!
CDL/Bsb, 31.03.20
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