segunda-feira, 23 de março de 2020

              
            DA  EXISTÊNCIA  ESPIRITUAL

        À  INFINITUDE  DO  UNIVERSO






Nesses tempos de ócio obrigatório, nada mais apropriado do que algumas reflexões sobre variados assuntos. Isto não significa nos alijarmos da realidade. Ao contrário, mais nos aguça a inteligência, advertindo-nos sobre a existência, quem somos, por que somos, os recursos materiais e imateriais de que dispomos — seres pensantes, quem sabe até candidatos a  viajantes univérsicos.
É o que nos adverte o autor do livro Infinito em Todas as Direções, Freeman Dyson, físico e matemático anglo-americano, falecido  aos 96 anos.
Em sua análise científica e filosófica, Dyson tece considerações sobre nosso mundo, os avanços tecnológicos e os desafios que nos aguardam o futuro. Declara-se agnóstico, mas reconhece que os seres humanos são afeitos à espiritualidade, aderindo, assim, ao pensamento de Albert Einstein sobre a importância da religião para a melhoria do mundo.
A maioria dos cientistas são assim se apegam apenas à matéria, aos resultados absolutos de suas pesquisas, ignorando o transcendente, com que assumem o relativismo matemático e filosófico. Criam uma espécie de religião científica, à qual, por incrível que pareça, prestam culto e obediência absoluta. Dyson parece aderir a uma posição mais amena, igual a de Einstein, relativizando a infalibilidade da ciência. Aliás, muito sabiamente, Dyson  assinou a Declaração Mundial do Clima de que não há emergência climática, contradizendo os terroristas climáticos com suas apopléticas previsões.  Ora, em 1931, o grande matemático e também filósofo austríaco, Kurt Gödel formulou a Teoria da Incompletude, provando matematicamente a inconsistência de qualquer modelo axiomático, inclusive os de propositura científica — o que sinaliza o relativismo da ciência, isto é, sua falibilidade.
Mas o que isto tem a ver com nossa realidade atual — arguirão os mais apressados e eu vô-los direi. Tem muito a ver. Queiramos ou não, nós os seres, ditos pensantes, temos que reconhecer nossa fragilidade diante, inclusive da fatalidade natural, senão também de nossas ações inconsequentes,  muitas delas decorrem de nosso livre arbítrio, exercido de forma temerária e irresponsável. Como sanar essa falha existencial, não há outro remédio senão o apelo à espiritualidade, ou seja, à transcendência, que é o que ilumina nossa razão, muitas vezes, invertida em irracionalidade, por falta de equilíbrio. É o que proclamam os grandes pensadores, não os mecanicistas, os relativistas,   pregadores da comunitarismo  ideológico e outros quejandos. Citaremos alguns: Platão, Aristóteles, São Tomás de Aquino, Raimundo Lúlio e modernamente,  Chesterton, Gustavo Corção e outros mais do mesmo jaez.
E se nos voltarmos para o momento atual, quando um simples vírus, mas de consequências letais nos desafia, a ponto de ousar paralisar o mundo, as comunidades, governos e a própria economia, a nossa única arma capaz de desarmar seu impacto não é outro senão buscar a razão transcendente. Ou seja, orar e vigiar contra o inimigo, buscar o equilíbrio, fazer de nossa diuturnidade, a nossa vida imanente mais elevada, transcendê-la para não sermos vítima do oportunismo ideológico, de quanto pior, melhor, cujas gralhas representativas nos atropelam esses nossos dias de quarentena viral.

CDL/Bsb, 23.03.20   







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