AVE BRASÍLIA, BRASILÍADA
Murilo Moreira Veras
Brasileiros,
brasileiras, ouvi-nos,
Mitológicos entes, Zeus,
Apolo, Atena, Hermes,
de bons aires insuflai-nos.
Dante, Camões, Schelley, Goethe, amparai-nos
que um brado mais alto se
alevanta
O que somos nós — frágeis
criaturas.
O que somos nós — aleatórias
sombras.
Vagamos neste grande
imperfeito vale
Artefatos ambulantes à busca
de incertezas.
Entrementes, dir-vos-ei — somos inconfidentes
de uma trama em curso.
Ignotos são nossos caminhos,
refluxo de pedras e sonhos.
Nestes tempos exercemos o
exílio endêmico.
Vivemos sem visão do mundo.
Antropofágica e insana, a
mídia trespassa
a fronteira da verdade.
O pânico se alastra, cérebros
e corações
contaminados.
E vige o estrabismo de casa
arrasada.
Afinal, quem somos? Títeres
do imobilismo cerebral
de alguns?
Figuras mambembes de um Gran
Circo
de fantoches?
Não. Somos visionários,
contra nós erige-se, sim,
o estrépito infame da
cizânia.
Do arco-íris da vida, ousam
nos apagar os sonhos.
Névoas sombrias vislumbram-se
no céu lúdico
da nova Brasilíada.
Nas asas edênicas da Capital
da Esperança,
tripudiam engodos e
insídias.
A tirania da pandemia ao
invés da
celebração dos sessenta anos
de Brasília,
as premonições de Dom Bosco,
de leite e mel, esquecidas.
Agora soam os oráculos, a sandice
das bravatas.
Vitupérios de almas em
pânicos.
O que somos, não há razão que
justifique as sombras
no exílio nas
cavernas dos lares.
Somos símiles da claridade do
paraíso lá fora.
Somos seres ou mitos —
justiceiros ou factoides
engaiolados?
Entes verdadeiros ou simples
sombras irônicas
do não-ser?
Brasília, Brasilíada,
panorâmica, visionária, sonho
épico de Dom Bosco.
Querem ocultar teu helênico
destino,
sátrapas ideológicos denigrem
a vertente de
tua Brasilidade,
Tu que nasceste plantada na
fé e na esperança.
Eis que no teu céu acrílico
de ventura
já se vislumbram as luzes da
Justiça,
a semeadura do leite e do mel,
que sufocarão as sinecuras do
Mal.
Libertos, ilesos do
torvelinho da algaravia,
oxalá possamos dizer,
eufóricos:
— AD LUCEM, BRASÍLIA.
Para cima e para alto,
sempre.
Bsb, 21.04.20
Poema fantástico, que eleva nossa cidade Brasília e ao mesmo tempo alerta para o excessivo confinamento atual. Belo, papai.
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