quarta-feira, 22 de abril de 2020






AVE  BRASÍLIA, BRASILÍADA




                            Murilo Moreira Veras


Brasileiros, brasileiras, ouvi-nos,
Mitológicos entes, Zeus, Apolo, Atena, Hermes,
                        de bons aires insuflai-nos.
Dante, Camões, Schelley, Goethe, amparai-nos
que um brado mais alto se alevanta
O que somos nós — frágeis criaturas.
O que somos nós — aleatórias sombras.
Vagamos neste grande imperfeito vale
Artefatos ambulantes à busca de incertezas.
Entrementes, dir-vos-ei  — somos inconfidentes
                       de uma trama em curso.
Ignotos são nossos caminhos,
refluxo de pedras e sonhos.

Nestes tempos exercemos o exílio endêmico.
Vivemos sem visão do mundo.
Antropofágica e insana, a mídia trespassa
                       a fronteira da verdade.
O pânico se alastra, cérebros e corações
                        contaminados.
E vige o estrabismo de casa arrasada.
Afinal, quem somos? Títeres do imobilismo cerebral
                        de alguns?
Figuras mambembes de um Gran Circo
                         de fantoches?
Não. Somos visionários, contra nós erige-se, sim,
                         o estrépito infame da cizânia.
Do arco-íris da vida, ousam nos apagar os sonhos.
                        

Névoas sombrias vislumbram-se no céu lúdico
                         da nova Brasilíada.
Nas asas edênicas da Capital da Esperança,
                         tripudiam engodos e insídias.
A tirania da pandemia ao invés da
celebração dos sessenta anos de Brasília,
as premonições de Dom Bosco, de leite e mel, esquecidas.
Agora soam os oráculos, a sandice das bravatas.
Vitupérios de almas em pânicos.
O que somos, não há razão que justifique as sombras
                           no exílio nas cavernas dos lares.
Somos símiles da claridade do paraíso lá fora.
Somos seres ou mitos — justiceiros ou factoides
                           engaiolados?
Entes verdadeiros ou simples sombras irônicas
                            do não-ser?
Brasília, Brasilíada, panorâmica, visionária, sonho
                            épico de Dom Bosco.
Querem ocultar teu helênico destino,
sátrapas ideológicos denigrem a vertente de
                            tua Brasilidade,
Tu que nasceste plantada na fé e na esperança.


Eis que no teu céu acrílico de ventura
já se vislumbram as luzes da Justiça,
a semeadura do leite e do mel,
que sufocarão as sinecuras do Mal.
Libertos, ilesos do torvelinho da algaravia,
oxalá possamos dizer, eufóricos:
— AD LUCEM, BRASÍLIA.
Para cima e para alto, sempre.
                                             
                                                    Bsb, 21.04.20


Um comentário:

  1. Poema fantástico, que eleva nossa cidade Brasília e ao mesmo tempo alerta para o excessivo confinamento atual. Belo, papai.

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