sexta-feira, 18 de novembro de 2022


 

SINAIS ESCATOLÓGICOS E O BOM COMBATE

 

 

 

 

Vivemos instantes dos mais inquietantes, a nos indicar que os acontecimentos escatológicos já se sobrevêm ao País e ao mundo — sob os padrões da visão do cristianismo. Seria o prelúdio dos fins dos tempos?

Enquanto isso, reina a apatia de grande parte da sociedade, daqueles que quanto pior melhor, contanto que se refastelem vivos e absortos em seus próprios interesses pessoais.

Em contrapartida que não nos atinja o estado geral de apatia, sem dúvida o contraventor dos eventos e da capacidade de, nós seres ainda humanos, agir e sobreviver neste nem tão suposto “vale de lágrimas”.

Ora, os dias que correm parecem-nos os sinais evidentes de que os fins dos tempos já se aproximam, basta atentarmos para os eventos, o desgaste do mundo, o despudor das sociedades e das pessoas.

Não será isto o de que nos advertiu o Mestre Jesus, nos diversos ensinamentos que predicou, em sua rápida passagem vivencial ao nosso mundo — quando nos alertou: “Orai e vigiai”?

Dissemos anteriormente “Desanimar não é preciso”, mas o epíteto parodiado de Fernando Pessoa parece-nos cada vez mais inepto à vista de tanta negatividade que nos têm afligido os fatos.

Acontece que o desanimar não parece tampouco o remédio para a cura dos males da sociedade, sobretudo  fórmula ideal para combater os desacertos que ocorrem no mundo atual. Seria como agir com o mesmo remédio, o erro pela afazia mental.

Será que essa teria sido a atitude, por exemplo, de um dos discípulos mais ativo do Mestre, o apóstolo Paulo de Tarso? Teria ele simplesmente esperado que Deus proviesse tudo? Se nos atermos à sua ação, como divulgador da boa nova, em quase todo o mundo antigo, ele não descansou enquanto não promoveu sua cristianização, sofrendo os maiores dissabores por onde andou, inclusive o apedrejamento, por exemplo, em Atenas, por incrível que pareça o berço da democracia supostamente legada às nações incipientes.

Acolhamos a apologética paulina e não nos deixemos influenciar pelo materialismo, vão e infausto, por exemplo, de um Jean-Paul Sartre. Ao contrário, fortaleçamo-nos da vontade interior do apóstolo Paulo, cujas palavras de admoestação dirigiu aos Corintos — 2Cor. 12: 9-10 — com que fortaleceu a fé daqueles primeiros colonos cristãos:

 

“Por isso, de bom grado, me gloriarei das minhas fraquezas, para que

a força de Cristo habite em mim (10); e me ampare nas fraqueza, nos                                        insultos, nas perseguições e nas angústias, por causa de Cristo. Com efeito,   quando sou fraco, então sou forte.”

 

Não diz o dito popular que é na fraqueza que nos sentimos mais forte? Diante de uma catástrofe, a alternativa é não nos deixar abater.

É-nos oportuno o refrão do grande poeta maranhense Gonçalves Dias em seu poema indiano “Canção do Tamoio”, em que enaltece o em que consiste o verdadeiro sentido heroico da vida:

 

Não chores, meu filho;

Não chores, que a vida

É luta renhida:

Viver é lutar.

“A vida é combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos

Só pode exaltar”

 

 

Que o aforismo poético do vate gonçalvino nos dê força e capacidade suficientes para vencer, mais uma vez, a mão esquerda do destino que, no momento,  ousa se abater sobre nós.

 

  

 

    

domingo, 6 de novembro de 2022

 

O  LOBO  E  O  CORDEIRO

 


 

 

... Naqueles dias, o Lobo e sua matilha invasora, resolveu devorar o Cordeiro que estava ali, há muito tempo, com seu rebanho.

O fato ocorre num riacho onde, ambos Cordeiro, Lobo e suas respectivas trupes, saciam sua sede.

— Ó Cordeiro — diz o Lobo da outra margem — você está bebendo do meu riacho.

Medroso, mas querendo se defender, o Cordeiro replica:

— Senhor Lobo, este riacho e todo esse território nos pertence, há muito tempo, a mim e meus companheiros. Mas o sr. e seus companheiros podem beber no riacho.

O Lobo responde, furioso, mesmo assim:

— Pois agora fique sabendo que este córrego e todas estas terras abeirantes já me pertencem...

— Senhor — replica o Cordeiro temeroso, fazendo das tripas coração — este riacho e todas estas terras nos pertencem, desde tempos imemoriais...

— Mas agora não pertencem mais, preciso de mais espaço para minha trupe se refestelar.

— Nesse caso — responde o pobre cordeiro, mesmo tremendo de medo — sou obrigado a recorrer à Suprema Corte deste território...

— Eu pertenço à Suprema Corte e vou indeferir seu recurso...

Responde o Cordeiro, quase sem mais alternativa:

— Nesse caso, vou à Corte Internacional de Justiça.

— Pois, sim — ironiza o feroz devorador de cordeiros indefesos — todos de lá são do meu lado, fazem parte da justiça mundialista, já estabelecida.

Então, como última instância da razão e justiça, o indefeso cordeiro ousa responder:

— Senhor, sou obrigado, eu e meus companheiros, a medirmos força com os invasores pelos nossos direitos...

Sem mais delongas e junto com toda sua ferocíssima matilha, o Lobo atravessa rápido o regato e estraçalha o cordeiro  desafiante e todo o seu rebanho.

 

MORAL DA ESTÓRIA: A razão do mais forte, formada pelas ideologias dominantes, supera sempre os que ainda acreditam na Justiça e no Direito do bem viver. Quem tiver ouvidos, ouça. E parodiando o velho Shakespeare, afirmamos: há algo de podre na nossa Dinamarca.

CDL/Bsb, 6.11.22