quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

 

TUDO DE NOVO NO FRONT BRASILEIRO ET ALLIA

 

 

 



         N
esse iniciar de ano — o atávico 2023 — os dias parecem se esboroar reverberando na estrada da vida do País. “Nada de novo no front” — não, o front se abre com novas facetas, facetas, inclusive, perigosas. Novidades? Sim, mas que tempos estranhos esses. Seriam os primeiros indícios do derrame profético das Taças do Apocalipse? No ar falácias, mentiras, ditas como verdades. Mas a mentira pode substituir a verdade? Desde Platão, Sócrates e Aristóteles que mentiras têm ousado substituir a verdade.

Digo-vos: foram os sofistas, um sistema filosófico pernicioso que se infiltrou entre os gregos, combatido por Sócrates. Pois a  sofística prevalece até hoje, por incrível que pareça, basta olhar o que se passa ao redor. “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura” — não é um ditado, é fato verídico. A mentira entre os gregos, como Protágoras, Hípias, Trasímaco e Górgia, já era combatida por Platão, que  denominou seus agentes de hábeis enganadores, isto é, charlatães. Cobravam por seus serviços. Ora, hoje nós também pagamos a esses charlatães modernos e pior pomos em prática seus sofismas.

O mais conhecido de todos chamava-se Protágoras que anunciou o malicioso princípio: “O homem é a medida de todas as coisa.” Esse fabuloso epíteto maculou toda coerência da filosofia clássica. Tornou-se bandeira de todas as ideologias vigentes, ditas modernas e salvadoras da humanidade, através do progresso, pragmatismo, cientificismo e outros ismos surreais.

Ora, dir-se-á, os tempos são outros, o mundo evoluiu, nosso País progrediu. Sim, mas a custo alto, inclusive pela inseminação de ideologias ironicamente simuladas como democráticas e salvacionistas.

E não seria menos irônico dizer que esse novo mundo, no qual nos inserimos, vem se transformando num celeiro de sofistas. Até os tecnólogos, cientistas, reformistas, mestres e sobretudo a clã dos políticos, de há muito sucumbiram ao logro do charlatanismo institucionalizado. São os discípulos do Big Brother na utopia ou distopia de Aldous Huxley.

Ninguém se engane vige hoje sistemas apócrifos, comandados por ideólogos, singularidade que tem marcado o pensamento escrito e falado do que se autodenomina mundo novo.  O império do fabianismo,  no Brasil e no mundo? Aliás, essa ideologia tem se inserido no mundo como uma doença endêmica, ainda ignorada  por muitas cabeças ingênuas, que a pensam  ter perdido a validade. Não seria talvez a versão modernizada do gramiscianismo ressuscitado?  Observe-se que o fabianismo nasceu na Inglaterra, como germe do Partido Trabalhista, com objetivos socialistas, apregoando, sob o lema de social-democracia, ideais humanísticos, embora a finalidade visasse o fim do capitalismo.

Pois não é que no tumulto político e social em que vivemos esses dias, certa autoridade, auditor-mor da Justiça, em entrevista, ele, vezeiro em  ideias marxistas, perguntado como o comunismo podia conviver com o mercado livre, a liberdade de expressão e outros itens de direita, ele respondeu, o riso frouxo, muito ao gosto dos sofistas: “... nós convivemos com a direita, sem problema, somos voláteis, compreensíveis...”

Teria feito inveja ao maior sofista de todos os tempos — o velho e astucioso Protágoras de Abdera.

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