QUEM CRIOU DEUS E OUTRAS
DIGRESSÕES POSSÍVEIS
Tem se tornado lugar comum nos meios de comunicação — a mídia escrita e falada e redes sociais — o tema “Quem Criou Deus”. Na realidade é uma porta aberta para uma profusão de itens da moda, IA e seus bonecos robôs.
Como se não bastasse tanta informação, contribuindo para mais um desserviço à sociedade — eis que o Papa Francisco, figura máxima da Igreja Católica, mediante um sinuoso processo, chamado moto-próprio, modifica a teologia católica e decreta que os Bispos cumpram novas regras, através de sua recente Carta aos Bispos de Todo o Mundo. O objetivo é atualizar a aplicação da fé católica à realidade atual.
Inquieta-nos, cada vez mais, a impressão de que vivemos os tempos pre-apocalípticos, tantos são os sinais, guerras, mudanças climáticas, revoluções dos costumes, desgovernos nas nações, sem falar na proliferação de crimes e a acefalia cerebral das pessoas. Entre os desmando, incluam-se, infelizmente, esse recente desvio teológico do Papa, fato que mais contribui para o avanço do ateísmo e a incredibilidade no mundo, devido a destemperança dos pregadores da fé em Deus.
É nesse cenário, já preconizado por Cícero na antiga Roma, que os cientificista incrédulos continuam a negar a existência do Criador. E perguntam alto e bom som — Se Deus existe, quem criou Deus?
Ora, ninguém criou Deus, Ele é eterno, incriado, não tem começo nem fim. Aliás, urge alertar esses interlocutores incrédulos, que no século XVII, um grande filósofo alemão, verdadeiro polímata — Gottfried Wilhelm Leibnz (1646-1716) — afirmava e provava a existência do Criador, sobretudo no livro Ensaios de Teodiceia. E se consultarmos as Escrituras, ali encontraremos a prova teológica de Deus — para os que ainda têm fé e guardam os seus mandamentos. Observe-se que cerca de 2,18 bilhões de pessoas acreditam em Deus, o criador do Universo.
De minha parte, mesmo tendo compilado afirmações de vários cientistas e filósofos, de que Deus não existe, a pergunta Se Deus existe, quem criou Deus?, afigura-se infantil, pelo fato de que Deus não entra em nenhum tipo de classificação terrena ou extraterrena, Ele se completa a si mesmo. Observe-se o Êxodo 3:14 — Ele disse: Eu sou aquele sou. Quem pode definir Aquele que sou? Ora, Ortega y Gasset, filósofo espanhol, declinou como baluarte de sua teoria Eu sou eu e a circunstância — mas Deus não tem circunstância, tampouco parte de qualquer circunlóquio. Entrementes, o filósofo francês que criou a raiz do racionalismo e pragmatismo modernos com seu aforismo Penso, logo existo, nada conseguiu contra a existência de Deus — Deus não pensa, Ele é o próprio pensamento, assim como Ele é a própria existência!
Vejamos agora a contraparte de nossa indignação. Refiro-me a esse tour-de-force de que se vale nosso Papa Francisco — o chamado motu próprio que constitui a Carta aos Bispos de Todo o Mundo, decreto recentemente provindo de Sua Santidade. Faço meus os argumentos do cardeal Gerhard L. Mueller, pela veleidade dos meus e sapienciais do religioso. Em artigo recente o teólogo alemão admoesta o Papa com absoluta eficácia, teológica e cristãmente, demonstrando as consequências advindas da propositura papal para o bispado católico.
Diante de tanta discórdia e falta de clarividência dos seres humanos na condução de nossa civilização, fruto, talvez, de veleidades pessoais em comunhão com ideários socializantes e vazio pragmatismo — só nos resta rezar para não termos nossa consciência violada por uma existência desprovida de sentido.
Bsb, 13.11.23
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