LONGA PÉTALA DE MAR
— EPOPEIA OU TRAGÉDIA?
Murilo Moreira Veras
O livro em discussão no
próximo dia 26.09.24 no Clube do Livro é da escritora peruana Isabel Allende
com o título Longa Pétala de Mar. Informo que não foi minha opção.
1.
Prólogo
Na
realidade o livro é a história, romanceada, da Guerra Civil Espanhola, ocorrida
em 1936 e finda em 1939 — portanto três anos de violência, mortes, brutalidade
de ambos os lados do entrevero, tanto do General Franco, quanto dos chamados
republicanos, alinhados ao comunismo mundial. Franco, referem os historiadores,
aliado ao nazismo de Hitler e ao ditador Mussolini, enquanto os ditos
republicanos, tutelados pelo comunismo de Stalin. A guerra deixou um saldo de
cerca de 2 milhões de mortos, segundo a Wikipédia.
2.
À
guisa de Enredo
Numa
atmosfera de romance trágico, a autora
cria uma narrativa tendo como pano de fundo a guerra que inundou a Espanha de
sangue, abalando o mundo por idealismos partidaristas. O ator principal que
transita por toda a tragédia é Victor Dalmar e sua família, ele combatente ao
lado dos republicanos, primeiro como paramédico, depois médico formado. Ele e
familiares, envolvidos. O irmão Guillem curte a violência, acaba se casando com
Roser, uma moça abandonada, criada em convento de freiras, mas maltratada e até
vilipendiada. Pai e mãe unidos pelo mesmo ideal de liberdade, ambos agnósticos,
contra o catolicismo e crentes na solução de que serão libertos pelo comunismo
universal. Traídos por Stalin, que abandona seus pupilos e atraídos por uma fé
num suposto companheirismo universal, na realidade não passando de utopia, os
tais revoltosos perdem o entrevero, cruelmente. E então surge o salvador da
pátria no imbróglio, espécie de herói épico — Pablo Neruda, poeta chileno,
prêmio Nobel. Com a derrocada total dos revolucionários, embaixador do Chile à
época, Neruda ajuda a transportar os desterrados da guerra para o Chile, que os
aceita, graças a autoridade do famoso poeta. Então, os imigrantes, refugiados
da guerra civil, são levados para o Chile.
O
título do livro a autora retira de trecho de poema de Neruda — longa pétala
de mar — o navio que transporta os imigrantes tem o nome de Winnepig, cujo capitão odiava
comunistas e suspeito de que desviaria o curso do tal navio, mas que, afinal,
foi absolutamente correto na empreitada. Os agora apátridas foram recebidos com
ovações populares, graças a Salvador Allende, pouco depois tornado Presidente
do Chile.
No
Chile, Victor Dalmau é muito bem recebido, com emprego como médico, já formado,
graças a Allende, do qual se torna amicíssimo, a ponto de os dois jogarem
xadrez juntos. Mas, eis uma reviravolta na história da prodigiosa autora,
sobrinha de Allende. Dá-se uma reviravolta na política chilena. O Chile , então
esquerdista, é retomado à força pelo exército, à frente o famigerado General
Augusto Pinochet em golpe de estado. Agora os comunistas são perseguidos,
inclusive nosso protegido de Allende. Pois em defesa de seu regime Allende é
morto, defendendo seu governo e todo o regime influenciado por Fidel Castro,
ditador cubano. Resultado — Dalmau de novo é repatriado para um campo de
concentração por ter sido amigo de Allende.
Entrementes,
espécie de entreato na epopeia de Victor Dalmau, a autora cria um suspense de
amor proibido entre ele, médico já famoso, com uma dondoca de família rica
chilena, cujo pai e filhos são a favor de Pinochet e contra os comunistas. É a
estória de Ofélia del Soler, que se apaixona por Victor, os dois mantêm
um conúbio amoroso durante muito tempo, embora o médico seja casado com Roser,
mas apenas de fachada — Roser na realidade era a paixão de Guillen, irmão de
Victor, morto em batalha. O romance é quebrado, Ofélia se desencanta com o
conúbio proibido pela família, casa-se com antigo noivo.
Grosso modo, este é o panorama da tragédia de
Victor Dalmau, espécie de pivô do devaneio famélico criado pela Guerra Civil da
Espanha e a tragédia decorrente, astuciosamente
explorado pela autora.
3.
Conclusão
Como
especifiquei, não foi minha opção de leitura, o tema não me agrada, minha idade
não se adunca com esse tipo de temática. Toda revolução implica em terrorismo,
desordem social, capaz de gerar apopléticas discussões. Prefiro, hoje, me
enternecer e acolher assuntos com temas de beleza, amor, o sentido da vida,
como viver neste mundo de transformações violentas. Não me trazem benefício
algum esses temas abordados .Pelo sim pelo não, para não me entenderem como
espécie de pessoa blasée, só tenho que dizer o seguinte — tudo não passa
de memes, invectivas de mal gosto. Isto para não ser alvo de cadeirada,
agora em uso como resposta midiática.
Bsb,
19.09.24
Nenhum comentário:
Postar um comentário