sexta-feira, 18 de outubro de 2024


                      O   DECLÍNIO   DA   CULTURA

  — O MUNDO MELHOR OU PIOR?

 



Não há como negar, o mundo vem se transformando inequivocamente num imenso catatau de cultura Woke, à luz daquela expressão americana, que ressuscita a contracultura, ou seja, a proclamação da liberdade absoluta, primeiro aos jovens, agora espalhando-se para todas as idades.

Fato inimaginável ocorreu ontem 17.10.24 em plenário de apresentação cultural na Universidade Federal do Maranhão – UFM, a título de performance, uma suposta professora, que se dizia trans, faz uma palestra que acabou na apresentação ao vivo de uma cena sexual “... mostrando os glúteos durante a mesa redonda. Não satisfeita, ... dançou e cantou uma música com letra erótica. Tudo isto para promover um novo movimento intitulado Dissidências de gênero e sexualidade. Tudo isto como parte de um programa, dito cultural, do Grupo de Pesquisa Epistemológica da Antropologia.

Pensemos nós, leigos, ainda raciocinando. Esse fato, sem dúvida, indecoroso, para não dizer imoral, o que tem a ver com Epistemologia e Antropologia? A imoralidade, não só virtual, mas real, ali para todo mundo ver, de certo até menores na plateia, quem sabe — isto para a UFM integra matéria ínsita na Epistemologia e na Antropologia? Ora, isto não passa de ato indecoroso, transtorno sexual ao vivo. As Universidades Federais, que consomem verba pública, isto é, dinheiro do povo, em vez de oferecer a educação correta aos alunos agora ensina atos sexuais e chama isso de Antropologia e Epistemologia?

Pela madrugada, tenham a santa paciência, tudo isso não passa de torpeza, ignorância intelectual, que nada tem a ver com cultura universitária, tampouco com a cultura em si, fundamento civilizatório.

Sabem de onde provém as universidades atuais, pois consultem os alfarrábios, minha gente. São organizações antiquíssimas, desde a Idade Média, fundada por grandes intelectuais, mestres, sábios, membros da Igreja Católica. A Patrística é a fonte de onde se originaram as universidades, elenco das prendas universais de conhecimento e cultura. Ali meditavam os monges e dessa fonte de saber tem se abeberado até hoje as universidades como centros de aprendizagem cultural, conhecimento e saber.

O fato ocorrido num centro de atividades de ensino, não há negar, tinge não só a UFM, onde aconteceu. Alastra-se por todo o Maranhão, um dos estados  onde se falava o melhor português e pior, o que nos assombra, mais nos envergonha, deslustra a tão falada ATENAS BRASILEIRA, onde uma plêiade de escritores de grande saber, engrandeceram o estado, a terra onde nasceram vultos notáveis, João Francisco Lisboa, Gonçalves Dias, Coelho Neto , Humberto de Campos e os mais novos Catulo da Paixão Cearense, João Mohana, Ferreira Gullar, Lago Burnett, José Louzeiro e que tais.

 

Bsb, 18.10.24

 

 

 

 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

                    

                                     SANTA  TEREZA D’ ÁVILA

 



Nascida Tereza Sánches de Cepeda y Ahumada,  Tereza D’Ávila (1515-82) foi credenciada santa da Igreja Católica do Século XVI, tendo deixado legado de espiritualidade. Adolescente envolveu-se em vida mundana. Seu pai a internou num convento, onde acabou se convertendo. Foi considerada Doutora da Igreja pelos serviços prestados à Igreja, assim como pelo seu legado doutrinário.

Dia 15 de outubro é o dia em que Igreja consagrou para homenagear a grande apóstola de Jesus.

A título de nossa homenagem à grande Santa da Idade Média, transcrevemos a seguir soneto, que acreditamos de sua lavra, pelo conteúdo espiritual, considerado obra-prima da literatura:

 

SONETO A CRISTO CRUCIFICADO

 

No me mueve, mi Dios, para quererte,

el cielo que me tines prometido,

ni mi mueve el inferno tan temido

para dejar poreso de ofenderte.

 

Tú me mueves, Señor, muéveme el verte

clavado em uma cruz y escarnecido,

muéveme ver tu cuerpo tan herido,

muéveme tus afrentas y tu muerte.

 

Muéveme, em fin, tu amor, y em tal manera,

que aunque no hubiera cielo, yo te amara,

y aunque no hubiera inferno, te temiera.

 

No me tienes que dar porque te quiera,

pues aunque lo que espero no esperara,

lo mismo que te quiero te quisera.

 

Eis a tradução de Wanderson Lima:

 

Não me move, meu Deus, para querer-te

o ceu que me hás um dia prometido,

e nem me move o inferno tão temido

para deixar por isso de ofender-te.

 

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te

cravado numa e escarnecido,

move-me ver teu corpo tão ferido,

movem-me o insulto e a vida que perdeste.

 

Move-me teu amor, de tal maneira,

enfim, que sem céu ainda te amara

e a não haver inferno te temera.

 

Nada me tens que dar porque te queira.

E se o que ouso esperar não esperara,

o mesmo que te quero te quisera.


Bsb, 15.10.24

 

 

 

 



                     







sexta-feira, 4 de outubro de 2024

                     A SANTA JUDIA — DEFENSORA DA FÉ

 




Apaz-nos discorrer, hoje, nada menos do que sobre uma judia alemã, convertida ao catolicismo — trata-se de Edith Stein (1891-1942). Era freira carmelita e teve fim trágico: trucidada nos fornos nazistas.

Em boa hora o Papa João Paulo II, em 1998, proclamou a canonização de Edith Stein, como Santa Tereza Benedita da Cruz, também  devido  seu holocausto pelos nazistas, coprotetora da Europa, juntamente com Joana d’Arc. Portanto, a memória da freira, santa sacrificada pela fúria hitlerista, além de seus dotes como filósofa, torna-se marte de toda a Europa.

Stein especializou-se na filosofia de Alfred Husserl, filósofo de quem foi discípula, cuja filosofia ela inovou criando uma espécie de ramo da teoria Husserliana, que seria a filosofia da empatia, ou seja, uma antropologia filosófica específica para a alteridade em relação ao outro, que seria o próximo, dentro do conceito da teologia católica, tendo como base o sistema filosófico de Husserl.

Embora seja original a concepção da filósofa católica, de caracterizar sua filosofia na pessoa humana como representante da alteridade, penso que outro filósofo  pesquisara sobre essa ideia, por sinal, também no período do nazismo na Europa. Seria Emmanuel Levinhas (1906-1995), lituano, inclusive  discípulo de Husserl, mas parece que não no período de Stein.

É de ver-se que, embora as duas correntes filosóficas tenham afinidades, na realidade se diferem, pois Lévinas embora também judeu lituano, não aplica a filosofia da alteridade ao cristianismo, mas à doutrina judaica.

Edith Stein fundamenta-se  em dois pilares originários da filosofia de Platão, Sócrates e Aristóteles —  ética e estética, aos quais acresce os de empatia e mística para construir uma filosofia que explique a condição humana, parâmetros necessários à reorganização da sociedade, ou seja, a melhoria do ser humano na construção de uma nova maneira de pensar o outro, à luz da fé cristã.

De nossa parte, pensamos que Edith Stein está muito próxima das ideias, por exemplo, de Simone Weil e Emmanuel Moutiers, dois filósofos também cristãos. Separa-os apenas a dinâmica da dialética adotada pelos três grandes representantes do cristianismo ao construir seu métodos filosóficos,  inclusive na Europa convulsionada pelo nazismo.

O quanto  importante foram esses filósofos, espécie de profetas equalizadores que nos ensinaram como nos proteger dos perigos de certos movimentos e ideologias apócrifas, conquanto, por outro lado, nos fornecem o caminho das pedras de como nos proteger dessas intemperes sociais, políticas e até religiosas. Principalmente as que os tempos atuais vivemos com seus métodos modernosos, verdadeiras armadilhas que visam  não o crescimento da pessoa humana, ao contrário, atrofiam a essencialidade do Ser, ao reduzir o ente do Ser, torná-lo escravo da frivolidade e do vazio, em termos de vivência realmente humana,.

 Artífice do verdadeiro Ser  foi o Mestre da Galileias, que nos ensinou sobre seu  Novo Reino — ou seja,  o mundo possível de nossas esperanças. Ou como refere  Santa Tereza Benedita da Cruz, o saber viver a Ciência da Cruz — que seria, viver bem com os outros e saber como melhor carregar sua própria Cruz, o sentido da vida, o que somos e para onde vamos.

   Bsb, 5.10.24