sexta-feira, 4 de outubro de 2024

                     A SANTA JUDIA — DEFENSORA DA FÉ

 




Apaz-nos discorrer, hoje, nada menos do que sobre uma judia alemã, convertida ao catolicismo — trata-se de Edith Stein (1891-1942). Era freira carmelita e teve fim trágico: trucidada nos fornos nazistas.

Em boa hora o Papa João Paulo II, em 1998, proclamou a canonização de Edith Stein, como Santa Tereza Benedita da Cruz, também  devido  seu holocausto pelos nazistas, coprotetora da Europa, juntamente com Joana d’Arc. Portanto, a memória da freira, santa sacrificada pela fúria hitlerista, além de seus dotes como filósofa, torna-se marte de toda a Europa.

Stein especializou-se na filosofia de Alfred Husserl, filósofo de quem foi discípula, cuja filosofia ela inovou criando uma espécie de ramo da teoria Husserliana, que seria a filosofia da empatia, ou seja, uma antropologia filosófica específica para a alteridade em relação ao outro, que seria o próximo, dentro do conceito da teologia católica, tendo como base o sistema filosófico de Husserl.

Embora seja original a concepção da filósofa católica, de caracterizar sua filosofia na pessoa humana como representante da alteridade, penso que outro filósofo  pesquisara sobre essa ideia, por sinal, também no período do nazismo na Europa. Seria Emmanuel Levinhas (1906-1995), lituano, inclusive  discípulo de Husserl, mas parece que não no período de Stein.

É de ver-se que, embora as duas correntes filosóficas tenham afinidades, na realidade se diferem, pois Lévinas embora também judeu lituano, não aplica a filosofia da alteridade ao cristianismo, mas à doutrina judaica.

Edith Stein fundamenta-se  em dois pilares originários da filosofia de Platão, Sócrates e Aristóteles —  ética e estética, aos quais acresce os de empatia e mística para construir uma filosofia que explique a condição humana, parâmetros necessários à reorganização da sociedade, ou seja, a melhoria do ser humano na construção de uma nova maneira de pensar o outro, à luz da fé cristã.

De nossa parte, pensamos que Edith Stein está muito próxima das ideias, por exemplo, de Simone Weil e Emmanuel Moutiers, dois filósofos também cristãos. Separa-os apenas a dinâmica da dialética adotada pelos três grandes representantes do cristianismo ao construir seu métodos filosóficos,  inclusive na Europa convulsionada pelo nazismo.

O quanto  importante foram esses filósofos, espécie de profetas equalizadores que nos ensinaram como nos proteger dos perigos de certos movimentos e ideologias apócrifas, conquanto, por outro lado, nos fornecem o caminho das pedras de como nos proteger dessas intemperes sociais, políticas e até religiosas. Principalmente as que os tempos atuais vivemos com seus métodos modernosos, verdadeiras armadilhas que visam  não o crescimento da pessoa humana, ao contrário, atrofiam a essencialidade do Ser, ao reduzir o ente do Ser, torná-lo escravo da frivolidade e do vazio, em termos de vivência realmente humana,.

 Artífice do verdadeiro Ser  foi o Mestre da Galileias, que nos ensinou sobre seu  Novo Reino — ou seja,  o mundo possível de nossas esperanças. Ou como refere  Santa Tereza Benedita da Cruz, o saber viver a Ciência da Cruz — que seria, viver bem com os outros e saber como melhor carregar sua própria Cruz, o sentido da vida, o que somos e para onde vamos.

   Bsb, 5.10.24

 

 

 

 

 

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