A SANTA JUDIA — DEFENSORA DA FÉ
Apaz-nos discorrer,
hoje, nada menos do que sobre uma judia alemã, convertida ao catolicismo —
trata-se de Edith Stein (1891-1942). Era freira carmelita e teve fim
trágico: trucidada nos fornos nazistas.
Em boa hora o Papa
João Paulo II, em 1998, proclamou a canonização de Edith Stein, como Santa
Tereza Benedita da Cruz, também
devido seu holocausto pelos
nazistas, coprotetora da Europa, juntamente com Joana d’Arc. Portanto, a
memória da freira, santa sacrificada pela fúria hitlerista, além de seus dotes
como filósofa, torna-se marte de toda a Europa.
Stein especializou-se
na filosofia de Alfred Husserl, filósofo de quem foi discípula, cuja filosofia
ela inovou criando uma espécie de ramo da teoria Husserliana, que seria a
filosofia da empatia, ou seja, uma antropologia filosófica específica para a
alteridade em relação ao outro, que seria o próximo, dentro do conceito da
teologia católica, tendo como base o sistema filosófico de Husserl.
Embora seja original a
concepção da filósofa católica, de caracterizar sua filosofia na pessoa humana
como representante da alteridade, penso que outro filósofo pesquisara sobre essa ideia, por sinal,
também no período do nazismo na Europa. Seria Emmanuel Levinhas
(1906-1995), lituano, inclusive
discípulo de Husserl, mas parece que não no período de Stein.
É de ver-se que,
embora as duas correntes filosóficas tenham afinidades, na realidade se
diferem, pois Lévinas embora também judeu lituano, não aplica a filosofia da
alteridade ao cristianismo, mas à doutrina judaica.
Edith Stein
fundamenta-se em dois pilares
originários da filosofia de Platão, Sócrates e Aristóteles — ética e estética, aos quais acresce
os de empatia e mística para construir uma filosofia que explique
a condição humana, parâmetros necessários à reorganização da sociedade, ou
seja, a melhoria do ser humano na construção de uma nova maneira de pensar o
outro, à luz da fé cristã.
De nossa parte,
pensamos que Edith Stein está muito próxima das ideias, por exemplo, de Simone
Weil e Emmanuel Moutiers, dois filósofos também cristãos. Separa-os
apenas a dinâmica da dialética adotada pelos três grandes representantes do
cristianismo ao construir seu métodos filosóficos, inclusive na Europa convulsionada pelo
nazismo.
O quanto importante foram esses filósofos, espécie de
profetas equalizadores que nos ensinaram como nos proteger dos perigos de
certos movimentos e ideologias apócrifas, conquanto, por outro lado, nos
fornecem o caminho das pedras de como nos proteger dessas intemperes sociais,
políticas e até religiosas. Principalmente as que os tempos atuais vivemos com
seus métodos modernosos, verdadeiras armadilhas que visam não o crescimento da pessoa humana, ao
contrário, atrofiam a essencialidade do Ser, ao reduzir o ente do Ser, torná-lo
escravo da frivolidade e do vazio, em termos de vivência realmente humana,.
Artífice do verdadeiro Ser foi o Mestre da Galileias, que nos ensinou sobre
seu Novo Reino — ou seja, o mundo possível de nossas esperanças. Ou como
refere Santa Tereza Benedita da Cruz,
o saber viver a Ciência da Cruz — que seria, viver bem com os outros
e saber como melhor carregar sua própria Cruz, o sentido da vida, o que somos e
para onde vamos.
Bsb, 5.10.24
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