sexta-feira, 31 de julho de 2015


TROCA SOLIDÁRIA SALVARÁ O MUNDO?

 

 

É voz geral: estamos em estado de crise. Crise geral, quiçá irreversível. Nações em descontrole, o caso gritante da Grécia, o terrorismo aterrorizando com mais atrocidades do que nunca, haja vista os desmandos praticados no Oriente Médio pelo famigerado Estado Islâmico.

Os articulistas de nossa mídia, a começar pela televisiva, também falada e escrita, não poupam críticas ao governo, a maneira como o País vem sendo administrado.

Na revista Veja, por exemplo, semanalmente seus repórteres, cronistas e editorialistas apontam as inúmeras ações que vêm obstruindo o itinerário correto da Nação, cujo resultado tem sido a resseção, um desvio temerário e inconsequente. Só se fala em dificuldades, o consumo em marcha ré, com o aumento do desemprego e o desânimo popular em alta. E para piorar esse cenário quase desolador, os políticos nas suas atitudes contraditórias, contra ou a favor da governança, insinuam moções drásticas, ninguém sabe até que ponto lesivas, como o impeachment da presidente e outros imbróglios institucionais. Tudo em decorrência da ação demolidora dos desdobramentos das operações criminais, a “lava jato” impetrada e levada a seu extremo pela Polícia Federal.

A corrosão política, social e econômica chega a tal ponto de Lya Luft, cronista da Veja, sempre muito equilibrada em suas observações, definir a Pátria, em vez de “educadora” como alardeia o governo, “madrasta”, dada a ineficácia da administração. Enquanto isso, em entrevista à mesma revista, certo demógrafo do IBGE acusa o governo de não ter aproveitado a época 1970 da  “... vantagem de ter uma população ativa majoritária” que, segundo ele,  se encerrará em 2030, mas, a essa altura, praticamente perdida nossa chance de se tornar uma grande nação, em termos de progresso – espécie de “pedaladas demográficas” por negligência,  executadas na contramão do desenvolvimento.

A falta de perspectiva não acontece só no Brasil, mas se reflete no mundo todo, basta consultarmos as mídias.

Pois é de Portugal que nos vem uma notícia, no mínimo auspiciosa: a existência de um Banco “onde a moeda não é o dinheiro e sim o tempo.”

Parece incrível, mas este “Banco” é um sistema de troca de ações solidárias. Diz o informativo da entidade: “A instituição troca o dinheiro pelo tempo para que as pessoas possam fazer serviços uma às para as outras”. Portanto, trata-se de uma rede de solidariedade em que as pessoas se ajudam trocando, em vez de palavras, serviços. Tudo feito através de um coordenador geral que é o Banco. O serviço é pago com um “cheque do tempo”. Quem prestou o serviço deposita o cheque, que é creditado em sua conta e pode a partir dai obter serviços oferecidos pelos outros membros do Banco.

Com as devidas proporções, o serviço tem alto valor humanitário e se efetiva através de ações e atitudes voluntárias. Há coisa mais maravilhosa do que isto, fazer que as pessoas se desprendam de seus egoísmos e prestem serviços a outras, afastando a hipótese de dinheiro? É uma espécie de voluntariado de serviços, capaz, inclusive, de criar vínculos de amizade entre as pessoas.

Nós brasileiros, acostumados apenas a reclamar de tudo e ao mesmo tempo incapazes de prodigalizarem exemplos de solidariedade, exceto em circunstâncias extremas – que tal mudar esse cenário e criarmos também nosso Banco do Tempo?

Oxalá a novidade encontre resposta em nosso meio e. a exemplo de nossos patrícios do outro lado do Atlântico,  nos tornemos mais solidários, mais disponíveis, adotando esse sistema de troca.

A troca solidária pode não salvar o mundo, mas certamente nos tornará seres realmente dignos da humanidade.
CDL/BSB,1.08.15
 


segunda-feira, 29 de junho de 2015


LAUDATO SI – A ENCÍCLICA

ECOLOGICA DE FRANCISCO

 


 

Louvado Seja, Meu Senhor – esse o título da encíclica publicada em 26.05.15 pelo Papa Francisco, em Roma. O título é extraído de um cântico de São Francisco de Assis: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos e com flores coloridas e verduras” (Cantico delle creature: Fonti Francisco, 263).

Contém o documento pontifício 246 tópicos e todos o seu conteúdo é demonstrado ou fundamentado em 172 fontes bibliográficas, o que pressupõe a garantia dos conceitos ali expostos.

O próprio Papa admoesta ser uma “longa reflexão jubilosa e ao mesmo tempo dramática”. Percebe-se logo que, com sabedoria e grande pertinácia, o Pontífice se desvia do proceder dos chamados “ecoxiitas”, quando querem impor ao mundo e às nações certos conceitos e ações, às vezes temerários de que se julgam portadores de forma absoluta.

Podemos dizer que a encíclica se apoia em dois principais pressupostos:

(a)  uma reflexão jubilosa

(b) uma propositura dramática de ações

 

Sob a égide reflexiva, a encíclica faz uma exortação maravilhosa sobre a natureza e a Criação de Deus, tendo por paradigma a luminosa figura de São Francisco de Assis. Aliás, sabemos que o santo inspirou o  título do Papa ao exercer seu vaticanato.

À guisa de proêmio, a encíclica premune-se de exortações e elegias antes de fazer as advertências e as orientações que considera imprescindíveis à guarda e proteção do meio ambiente. Depois, na sua segunda etapa, é um conjunto de medidas e ações concretas a serem observadas por toda a Igreja, extensiva também às pessoas de boa vontade, independente da religião que professam.

Não se trata, evidentemente, de um documento qualquer, mas uma mensagem de alto teor teologal indutor de salutares e virtuosas ideias, de cunho propedêutico, de grande alcance e repercussão na sociedade, inclusive a laica.

Assim, apoiado nesses dois pressupostos, um elegíaco e outro admoestativo – sem perder o horizonte da melhor doutrina católica – o Pontífice afastou-se estrategicamente das ações de caráter ecoxiita, espécie de terrorismo ecológico disfarçado.

 

Isso não implica que o Supremo Pontífice deixe de condenar os atentados praticados à natureza e, inclusive,  se mobilize a recomendar a adoção, pela sociedade e pelos organismos pertinentes, medidas políticas eficazes e de alcance duradouros, ações que, em conjunto com  os movimentos éticos e ecológicos, envolvendo a sociedade humana, obtenham êxito na luta contra a degradação ambiental.

As diretrizes do novo documento papal não considera, como foco crucial da questão, as ostensivas pretensões dos ecoxiitas, mas prefere fazer um diagnóstico da situação, pedindo o apoio de toda sociedade, para que, num esforço coordenado, procurem encontrar as melhores soluções possíveis.

E nesse sentido, não tem receio de apontar também como coadjuvante na degradação ambiental, o próprio ser humano, na medida em que se torna individualista ou, o que é pior, se omite no enfrentamento do problema, inclusive quando endossa campanhas meramente evasivas, com resultados ineficazes.

Sem deixar de demonstrar o lado perverso da problemática sobre o qual tanto demonizam os que defendem a bandeira ecológica radical, o Papa Francisco apela para o bom senso dos seres humanos, propondo como modelo e conduta admiráveis, seu patrono no Vaticano – São Francisco de Assis.

Destarte, a encíclica, Laudato Si, além do mérito educativo e religioso que está implícito em seu modus operandi, novo júbilo se desprende de seus 247 tópicos – um hino de louvor à Criação, à sapiência do Criador – enquanto alimenta a esperança, sob a mais lídima fé, de que os seres humanos se solidarizem como guardiões da natureza e adotem novos estilos de vida. E que façam de seus dias um continuado ato de louvor a Deus, em sua múltipla transcendência.

CDL/Bsb, 29.06.15   

 

domingo, 7 de junho de 2015


FILOSOFIA       DE       PRÁXIS :

DESCONSTRUÇÃO E BARBÁRIE

 

Atentem bem para o que vamos dizer nestas linhas: o comunismo, ou seus venenosos epítetos, socialismo, marxismo, materialismo dialético, tudo isso não morreu, continua de pé. Os menos avisados, inocentes úteis, dizem  que não, o comunismo acabou com o desmoronamento do muro de Berlim, o esfacelamento da União Soviética. Menos verdade: o comunismo está mais vivo do que nunca, não aquela velha e surrada ideologia de Karl Marx, aquela coisa de ditadura do proletariado, da teoria da mais-valia e o comunismo trocado pelo nirvana, que ensejaria o paraíso do materialismo na terra, a liberdade total, a anarquia absoluta. O comunismo, hoje, transfigurou-se, mudou de nome, tem outro disfarce, e, ao contrário do que muita gente ainda pensa, reaparece mais agressivo, mais atualizado,  mais demoníaco e perverso do que nunca.

Querem saber por que? Porque nos tempos atuais, depois de um período de  incubação e aprendizagem, eis que o marxismo reacende, qual Fênix, desta vez redivivo das cinzas de nossa alheamento, não para proletarizar a Rússia, mas com pretensões muito mais ousadas, ou seja, em escala pior: destruir nossa civilização. Em outras palavras: corromper o ser humano, a mente humana, o coração do homem. E o faz como um ladrão perigoso invadindo nossas casas, a corromper a principal célula social – a família.

E sabem como isso acontece? Simples, através dessa teoria tão insidiosa quanto irresponsável chamada “teoria do gênero”, ou melhor, “ideologia do gênero”.

Não satisfeitos em terem corrompido a economia com conceitos espúrias, os atuais noveis comunistas, que ora se intitulam sócio-democratas, reformadores sociais, infiltrados em todos os países, eles partem agora para outro tipo de abordagem, pregando abertamente a anarquia social. É o que significa essa mais nova ação deles que se chama “teoria de gênero”, que nada tem de teoria, pois desprovida de fundamento científico. Trata-se de uma ideologia, altamente perniciosa, com a qual pretendem – e o vem conseguindo de soslaio – arruinar a família. Destruída a família biológica, não há mais que falar em pai, mãe e filho, está tudo unificado numa classe, o gênero humano, independente do sexo biológico, portanto, desaparece a diferença entre os sexos, homem, mulher e criança é a mesma coisa. A cultura, os costumes e as convenções sociais é que impõem o sexo que as pessoas têm ou devem ter. A natureza, a biologia, tudo não passa de discriminação social e política, criada pela mente humana para escravizar as pessoas, tirar-lhes a liberdade, impor-lhes conceitos, roubando-lhes o direito de fazer o que bem entendam, como, por exemplo, se tornar mulher, se for homem ou se tornar homem, se for mulher.

Afinal, em que consiste essa tal “teoria de gênero”. Em primeiro lugar, ao invés de teoria que implicaria fundamentos científicos, trata-se de uma estratégia que tem por objetivo igualar o ser humano, independente do sexo biológico e contrapor-se à homofobia, de modo a desconstruir os estereótipos do gênero. A diferença de sexo é apenas uma convenção, imposta pela sociedade, que nem sempre corresponde à inclinação volitiva do titular sexual – esta deve apoiar-se na livre escolha dele ou dela, todas as relações entre eles são possíveis, dependendo da vontade de cada um.

Essa concepção, como se pode ver, é consequência direta da ideologia marxista que prega a luta de classe dominante na sociedade. A distinção baseada no sexo biológico é uma mera convenção e para os marxistas e seus heterônimos, portanto, os que pensarem diferente são inquinados, por eles, de reacionários, conservadores, direitistas, encontram-se na contramão da história e dos avanços da tecnologia, neurociência e da moderna psicologia. O ser humano é totalmente livre e senhor de seu corpo, responsável por tudo que faz e pratica neste mundo.

Ora, ninguém é imbecil que não percebe que, sob o disfarce de uma suposta teoria científica, trata-se de um estragema mais ou menos engenhoso, para destruir a família, célula mater da sociedade, cujas consequências são devastadoras, pois implica na mais absurda das inversões a que a humanidade já se submeteu – a subversão biológica do sexo.

Em contrapartida, uma vez adotada essa inovação, logo hão se permitir, por afinidade, outras perversões ou desvios psíquicos, como homossexualismo, lesbianismo, pedofilia, sodomia, práticas nada bem vistas na sociedade, até por questão profilática, uma vez que essa mistura heterogênea é lesiva do ponto de visto médico. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, os desvios de identidade de gênero  são uma patologia mental. Portanto, mudar de sexo significa sintoma de distúrbio profundo, do ponto de vista médico.

Em artigo na Comissão Episcopal Laica, Federico Cenci declarou: “A teoria de gênero leva à barbária.”

Tal imputação faz sentido. Principalmente quando constatamos que essa prática está sendo implantada nas escolas públicas francesas, alegando o ministro da Educação, Luc Chatel, que a introdução da medida nas escolas objetiva, diz ele,  desconstruir os estereótipos do gênero.

Essa suposta “teoria”  nada tem de científica, não passa de mais uma estratégia para destruir os construtos morais, éticos e sociais, pilares de nossa civilização. Pois agora esses pilares – dentre os quais o núcleo familiar – estão sendo seriamente ameaçados de desaparecer. Aliás, a ameaça sintetiza bem o pensamento de Antonio Gramsci, aquele militante comunista italiano que, mesmo preso pelo governo fascista, escrevia cartas instruindo o partido como tomar conta do poder. Todas as modernas ações desenvolvidas pelo marxismo de hoje têm inspiração direta ou indireta nas ideias de Gramsci, considerado o maior gênio comunista, depois de Marx. Segundo esse suposto “gênio”,  o comunismo deve se instaurar nas sociedades, não mais pela força, mas, sim, utilizando meio menos agressivo, embora extremamente mais eficaz e também nocivo, que ele designou como “filosofia de práxis” – que de filosofia não tem nada, pois trata-se de um instrumento com objetivo de estabelecer nas sociedades, diz ele,  uma “cultura nova, criticando os costumes, os sentimentos e as ideologias expressas na história da literatura.”  E aduz ele: “A sociedade capitalista é imoral, enquanto a comunista é moral e plenamente humana e social.”

É possível que o capitalismo, na medida de suas práticas selvagens, seja realmente amoral, isso é inegável. Mas, um regime que impõe regras lesivas à moral, aos costumes da sociedade, legitimados por milênios de exercício, não há negar que é muito mais imoral – haja vista esse perjuro que os marxistas ou proto-maxistas querem nos impor, um verdadeiro insulto à civilização: o casamento entre iguais, dando acolhida a outras anomalias, como a troca de sexos, o homossexualismo, transformismos, lesbianismo, sodomia e afins.

Há propriedade, pois, nas palavras de Federico Cenci de que essa “teoria de gênero”, tão alardeada pelos esquerdistas, aqui e espalhados pelo mundo afora –  é um retorno, sim, à barbárie.

E para se ter ideia de como essa inovação vem atingindo as raias da insensatez – no Congresso Nacional tramita recente projeto-de-lei defendido pelos deputados Maria do Rosário e Jean Willes, propondo legalizar – pasmemo-nos todos – nada menos que o casamento entre humano e animal!

É o suprassumo da estupidez, que faria estremecer de vergonha Erasmo de Rotterdam com seu “Elogio à Loucura”.

CDL/Bsb. 8.06.15

 

quinta-feira, 28 de maio de 2015


SODOMA E GOMORRA NA MÍDIA

   A JUSTIÇA   UMA    ILUSÃO?

 


 

Todos os dias, melhor, a todo instante, somos bombardeados com uma enxurrada de notícias através da mídia, escrita ou falada, a título de nos manter informados sobre tudo o que se passa no mundo. Não só no mundo, na nossa terra, na nossa cidade, na nossa rua. Nada escapa ao furor da mídia, que não nos dá sossego, nos entope de notícias, a maioria delas fatos horríveis.

O mundo, nosso mundo, nosso País, nossa cidade, nosso bairro – nada escapa à TV de esquadrinhar e depois nos empanturrar de fatos e fotos que nos revelam desastres, cenas de crime, roubos, assaltos.

Convenhamos este não é absolutamente o mundo com que sonhamos. São tão absurdas as cenas e tão nefandos os fatos, que somos obrigados a reconhecer que este velho novo mundo retrocedeu à degradação suprema. Dir-se-á que Sodoma e Gomorra se despregam das vetustas páginas da Bíblia, para compartilhar conosco a podridão em que se tornou nosso espaço vital, ante a degradação e a imoralidade crescentes nos atos e costumes praticados em nossas sociedades.

Será que atingimos, enfim, o Amargedon apocalíptico? Os seres humanos  assumem seus últimos estertores da razão, em estado de absoluta apoplexia material, mental e espiritual – endoideceram de vez?

Bandidos, criminosos, estupradores, ladrões, estelionatários, inclusive políticos violentos e os vilões de colarinho branco – é incrível, mas essa chusma de delinquentes, em maior ou menor escala, já não se contenta em apenas extorquir as vítimas, roubar, desfalcar os cofres públicos, vilipendiar. Pois agora a moda dos atuais  facínoras é, mesmo que não haja reação alguma, matar a vítima, e com o cúmulo de crueldade, à faca, como faziam antigamente os trogloditas a tacape. Pois é o que vem acontecendo em várias regiões do Rio de Janeiro, um caso recente ocorrido na Lagoa Rodrigo de Freitas, cartão-postal da cidade, em que um ciclista, na realidade médico cardiologista, foi covardemente assassinado à faca, para roubarem sua bicicleta. E pasmem: os autores são adolescentes, um deles já com uma folha corrida considerável de crimes, recidivo em várias atuações.

Há pouco tivemos notícia – também alardeada pela TV e por manchetes de jornais – de um crime dos mais aterradores: em Brasília, a esposa de um oficial militar, em conluio com a irmã,  mandou sequestrar o marido, e matá-lo em seguida com a própria arma dele. Motivo: a mulher ficar com a pensão do marido e com seu seguro de vida. Que mundo é este em que vivemos?

É a pergunta que não cansamos de fazer, a pairar no ar, sem que haja explicação plausível.

No exterior as ocorrências não são nada edificantes. Temos o desprazer de ver os terroristas do Estado Islâmico – o famigerado ISA – explodirem bomba em supermercados e templos, sem contar que já vimos esses sanguinários meliantes degolarem vítimas ao vivo em frente da TV e incendiarem inimigos. Agora sabemos que a falange criminosa acaba de tomar a cidade iraquiana de Palmira, patrimônio cultural da UNESCO. Não tardará e a TV nos mostrará esses famélicos assassinos destruírem templos e raridades artísticas e culturais nesse importante sítio arqueológico.

No Brasil, o estrago não fica por menos. A violência, em todos os sentidos, já ultrapassa o limite do suportável. Jornais, revistas e TVs encharcados de notícias de roubo, assassínios, explosão de caixas eletrônicos, greves de presidiários, violência policial. Infelizmente, convivemos com esse estado de coisa, intolerável e desumano.

Quanto à justiça, como dar-lhe o crédito merecido se seus intérpretes conspurcam seus cargos, alguns igualando-se aos criminosos que julgam? É o triste caso daquele juiz que mantinha sob sua guarda bens do ricaço Elke Batista, processado por maquinações financeiras e um belo dia de domingo eis que é flagrado dirigindo um cupê luxuosíssimo do suspeito. Um juiz – tenha santa paciência, isto é manchar a toga que veste! A justiça fica desmoralizada.

Se o delinquente é menor, nada lhe acontece, pois é defendido pelo Estatuto do Menor, está acima de qualquer suspeição. E resultado: haja roubo, delinquência e até assassinatos praticados por menores, que, assim, ficam impunes.

Fala-se muito na ressocialização dos presidiários. Ora, todos sabemos que, pelo menos no Brasil, as cadeias se tornaram escolas do crime, o delinquente que de lá sai, vai praticar a mesma coisa e com mais periculosidade. É um círculo vicioso de alimentação contínua do crime.

Há algum tempo, em entrevista à Veja, certo administrador de presídio na Inglaterra, com trinta anos de função, declarou que dificilmente o criminoso se reabilita. É quase ressuscitar a teoria, de certo modo, execrável, de Lombroso.

E agora o que fazer? Orar, sim, pedir aos céus, que restituam o tirocínio perdido dos seres humanos – não deixa de ser uma opção humanística do ponto de visto teológico. Mas não podemos ficar de mãos cruzadas. É preciso que levantemos barreira ao crime, ao mal e não nos deixarmos conspurcar por atavios ideológicos. É preciso que aprendamos, mesmo aos solavancos, a construir uma sociedade mais consciente, mais preparada, com pessoas mais imbuídas de fé, seja religiosa ou não – mas que se mantenham como cidadãos convictos, ciosos de que poderão construir um mundo melhor, no qual o ser humano se solidarize com suas potencialidades e  atenda, com racionalidade, as exigências do amanhã.

CDL/BSB, 29..05.15

sexta-feira, 22 de maio de 2015


             OS  QUE  NÃO  BEBEM  COMO  CÃES

 


Viceja em certos meios agnósticos e até circula entre  pessoas que se dizem gnósticas, a ideia ou concepção, um tanto quanto extravagante, de que as religiões no futuro terão desaparecido.  Aduzem que, para substituir o vazio deixado, uma única seita nossos pósteros haverão de aderir: o culto absoluta  à personalidade – cujo desvio pressupõe uma outra crença, esta inventada, de caráter inconsútil, que se diz espiritualista por  cultuar o além-túmulo.

O ser humano sob tal perspectiva se apartaria da realidade, coadunando-se com uma espécie de imanência transcendental, decorrendo dai o exercício de um materialismo disfarçado, com a idolatria ao morto, o mito do retorno à vida e outras excentricidades, que não contribuem absolutamente com nosso caminhar nesta vida. Conquanto haja outras correntes de pensamento que  se contrapõem a essa visão fantamasgórica, a verdade é que as duas, espiritualistas e materialistas, se afinam, uma ajudando a outra – tudo para reforçar o fim das religiões, cada qual fazendo cobro à sua tese. Em outras palavras, exterminar com a crença num Criador, como mantenedor do mundo por ele criado, trocando o que dizem ser um mito, por outro mito, o de que o ser homem, e só ele, é responsável por seu destino no mundo.

Ora, se se apegam a concepções de vivência em além-túmulo, fazendo com que o ser humano reviva mediante processos reencarnatórios, tais ideias só fazem estimular o ideal materialista de que, cada qual é responsável por seu destino, vivo ou morto. Dai serem prata da mesma moeda, farinha do mesmo saco, ideológico e contrário, portanto, à lídima doutrina filosófica dos Evangelhos.

O fim das religiões, como apregoam esses asseclas da desrazão, tem certa semelhança com o pensamento desvairado de Nietzsche, ao preconizar que “Deus estaria morto”,  de cuja afirmação é corolário o pensamento do economista americano de origem asiática, Francis Fukuyama, que, em 1985, declarou o fim da História.

Não há negar que tais assertivas, citadas assim levianamente, não têm crédito, são de fulgurância fugaz e falaz. Traduzem visão opaca e prevaricam quanto às verdades reveladas pela doutrina do Mestre do “Sermão da Montanha”. Observe-se com que maestria já nos ensinava no passado o sábio francês Michel de Montaigne(1533-1592): “O homem que não é nada, procura com sua fraqueza e incapacidade sondar os mistério de Deus, mas, ali,  nada ele encontra a que se apegar.”

O cristianismo – “A Religião do Homem”, como explicitou o filósofo paulista Mario Ferreira dos Santos – jamais há de desaparecer, porque se enraíza em verdades eternas. É tão forte, tão arraigada na consciência humana a centelha da religião, que nenhuma tempestade ideológica haverá de fazê-la, desaparecer, não só do mundo, como videira existencial, mas do próprio cérebro humano, em cujo lóbulo central se acha localizado, fato, inclusive, já provado cientificamente.

O que seria o mundo se não fosse a religião, uma vez que constitui o elo de ligação com a Divindade?

Como os seres teriam alcançado o progresso, inclusive o tecnológico, se tais atos não hajam encontrado a ressonância necessária advinda do espírito empreendedor, embebidos na força do personalismo e da compaixão, ambos originários do cristianismo, que proporcionou ao ser humano a dignidade capaz de, valorizando sua intuição, evoluir moral, social e economicamente? O contrário seria o ser humano retroceder ao caos.

Não há negar: sem religião o mundo retornaria à barbárie e a vida não passaria de uma trajetória sem sentido, vazia de eternidade.
CDL/Bsb, 23.05.15