terça-feira, 1 de março de 2016


 

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR:

EDUCAÇÃO OU IDEOLOGIA COMUFLADA?

 
 


 

      I deólogos do igualitarismo têm forjado a concepção de que o processo civilizatório se funda apenas na luta de classe entre opressores e oprimidos e que se mantém como contraponto à ânsia pelo poder e ganância financeira dos agentes envolvidos. Ledo e crasso engano. Desde os primórdios, à luz da etnologia e antropologia, a evolução do mundo, em termos educacionais, tecnológicos e sociológicos, se constrói através de um processo lento, sistemático e continuo de superação. O homo sapiens, que substituiu o homo fabens e depois sapiens sapiens, migrou da caverna para a savana, tornou-se hábil caçador-coletor, obteve o fogo,  aprendeu a armazenar alimentos e, com outros da espécie, empreendeu a construção de vilas e cidades. Tudo isto mediante saltos de inteligência, esforço e trabalho árduo, visando o progresso sócio-econômico-cultural da humanidade.

        Para eles, como todo o processo, também a educação está sujeita à luta de classe, através desse engodo criado por Paulo Freire que é a Pedagogia do Oprimido. O povo sofre a opressão dos poderosos, dai precisar ser educado para livrar-se dela e tornar-se, livre, para o que deve contar com o apoio do estado ou a casta  que tiver se encastelado no poder, desde que alinhada com o socialismo igualitarista, a melhor salvaguarda do povo, com seu ideário populista.

       Não se precisa de muito cérebro para verificar que se trata na verdade de um grande e famigerado sofisma tal raciocínio. Se o povo é oprimido pelos supostos poderosos, sob o tacão socialista eles apenas mudarão de dono, passarão a escravos dos igualitaristas, reféns de ideólogos burocratas, quase sempre parcos de inteligência e incompetentes natos.

      Pois sob o manto dessa ideologia nefasta o  Ministério de Educação de nosso País – o MEC, está querendo  empurrar goela abaixo do povo brasileiro, precisamente as escolas públicas e privadas, estudantes, famílias e toda sociedade afetada – essa estrovenga que eles denominam Base Nacional Comum Curricular, título tão ostentoso quanto inócuo. O projeto do MEC está eivado de ideologia espúria, como, por exemplo, a do gênero, hoje tão em voga, a que abraçam gregos e troianos, desde que pessoas incautas, verdadeiros inocentes úteis.

      Especialistas e abnegados profissionais da educação, estudiosos e pessoas de bom senso já abominaram o tal projeto, até mesmo por considerar sua implantação um despropósito e uma anomalia à sociedade. Marco Antônio Villla, historiador assim se referiu ao projeto: “É um desserviço. É uma proposta panfletária, anti-civilizatória. Há um conjunto de erros, mas o que é mais grave é que apaga nossa tradição, nossa formação, aquilo que é fundamental para a compreensão do Brasil hoje.”

      Sem nos determos em análise mais profunda por cansativa, os ideólogos burocratas do MEC se dão o despropósito de serem os descobridores e criadores do mundo, criarem um estrato civilizacional para si mesmos. Para eles, o estudante brasileiro só deve estudar as civilizações sob a ótica da “pedagogia do oprimido” –  os povos subjugados, culturas inferiores, como a da África,  a Afro-América, que é chamada Ameríndia, os movimentos de lutas sociais. Nada das grandes civilizações antigas, mesopotâmicas e sumérias,  do pensamento grego, dos movimentos  sociais e religiosos que influíram na nossa formação cultural e humanística. O importante é o pobre e combalido estudante  brasileiro,  já incipiente em matemática e um zero à esquerda em escritura e lexicografia, balbuciar que recebe o bolsa-família, para se tornar ainda mais ignorante e inepto, incapaz de compreender a realidade do mundo.
CDL/BSB, 2.03.16
 

 

 

 

 

domingo, 31 de janeiro de 2016






                               AH, OS CARNAVAIS DE OUTRORA!

 Ah, esses Carnavais de antanho! Como eram diferentes os Carnavais do passado. Tão diferentes dessa folia estapafúrdia de hoje. Predominavam as marchinhas explorando os assuntos do momento, todas rimadas, sátiras bem feitas, hilárias, boas do povo cantar, o chiste, o refrão: “Me dá um dinheiro ai” ou “Menina, vai, com jeito vai, senão um dia a casa...” Lá pelos idos de 1940 era a célebre marcha dos carecas “... Nós, nós o carecas, entre as mulheres somos os maiores, e na hora do aperto, é dos carecas que elas gostam mais...” E sobre a bebida: “Você pensa que cachaça é água, cachaça não é água, não.” Os bailes carnavalescos sempre iniciavam com “Ô abre alas que eu quero passar...” de Chiquinha Gonzaga. Ao final das festas, tocava-se o “Viva o Zé Pereira, que morreu na quarta-feira.”

Todo mundo cantava essas marchinhas, a maioria, sabia-se, eram feitas com segundas intenções. Mas havia graça nelas, gozavam de licença coletiva, porque ninguém fazia cavalo de batalha com suas letras, afinal era tempo de Carnaval. Não é a festa da carne, a vetusta “carnem levare” do latim, que significa “ficar livre da carne”?

Nas ruas não havia, como hoje, essa espécie de vandalismo, essa batucada infernalmente estrondosa e, principalmente, ainda não existia essa coisa maluca que são os tais “trios elétricos”, arrastando em estado de euforia idólatra uma multidão de aficionados. Havia, sim, o corso, que eram carros enfeitados, rapazes e moças fantasiados lançando confetes e serpentinas em direção do público, que assistia, cantando os mesmos refrãos.

Também apareciam os mascarados, geralmente caveiras e os famosos  “dominós” – que eram geralmente mulheres escondidas atrás de mantos ou macacões fofos pretos. Esses dominós paravam as pessoas nas ruas para fazerem graçolas, jogarem conversa fiada, com voz de falsete, para  não serem descobertos. À noite, esses mascarados, os dominós, assaltavam em bando as entradas nos bailes ditos de segunda, ou seja, bailes sub-judices, que não eram frequentados pela sociedade – sociedade que tinha seus bailes nos principais clubes da cidade, nos quais não era permitida essa espécie de folião.

Aliás, corria a boca pequena que muitos desses dominós eram moças e mulheres casadas da sociedade que assim se disfarçavam para caírem livres na folia momesca. Mas com a maior inocência. Não havia a violência que hoje impera, esse desbagramento etílico, esses desastres horríveis nas estradas, devido as pessoas se deslocarem das capitais em busca de refúgio,  descanso ou lazer, talvez.

Bonito de se ver, os casais dançando, os cordões de foliões desfilando nos salões, sem confusão, a orquestra atacando as marchinhas, o público cantando, todos se divertindo.

Não esqueçamos os disputadíssimos desfiles de fantasias que ocorriam no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Clóvis Bornay que concorria sempre “hors concours” vencendo os concorrentes. Evando de Castro Lima, seu maior adversário nas passarelas e também outros como Wilza Carla, Mauro Rosas, Marlene Paiva. É fato que tais desfiles continuaram, mas perderam o glamour especial que tinham no Municipal.

Ah, esses Carnavais do passado não voltam mais. Quantas lembranças escondidas naqueles dias de folia!

Hoje, o que vemos são espetáculos que beiram a barbárie. Muitas pessoas, por isso, fogem dessa tresloucada folia.

Então que tal ler um bom livro neste Carnaval, assistir filmes antigos, os novos têm sido horríveis –  se esconder numa praia deserta ou passar os dias numa pousada nas montanhas?

É bom, até mesmo para espairecer, aliviar o espírito, cansados que já estamos da política, do aumento de impostos e da caristía que assola o País – para não falar no espetáculo dantesco a que a mídia nos tem obrigado a assistir, um massacre diário à nossa paciência.

Haja Carnaval – “Carnem levare”! Haja indulgência que a barbárie já toma conta de tudo.

                                       Bsb, 1.02.16

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015




                        O   ANDARILHO DE SONHOS

                       

                                                  Murilo Moreira Veras

 

          No meio da estrada do mundo

                 tem uma pedra

                No meio do mundo tem uma

                 pedra na estrada.

                Caminhos do mundo

                estradas  da vida.

               Tem uma pedra no mundo?

               Tem uma pedra na vida?

               O primeiro dia do Novo Ano

               é mais uma pedra

               na estrada da vida,

              pedra  obstáculo

              nos obstáculos de pedra.

             Em cada coração uma pedra

             em cada pedra um coração.

            No primeiro dia do Ano

            não tem mais uma pedra,

            em vez de pedra, um coração.

            Pedra de utopia, talvez.

           Do convívio com o Tempo,

           nutre-se o Ideal

           – idealismo no tempo

           em tempo de idealismo.

           No meio da estrada do Tempo

          caminha o Andante do Novo Ano

         – no meio da estrada da Vida

         caminha o Andarilho

         de nossos Sonhos

                                              Bsb, 01.01.16

          

 

 

 



         O  ADVENTO  DO  NATAL

 
                                          Murilo Moreira Veras
 
 
Estes dias do Advento são como buscar 
a confiança neste mundo.
As aves não voam no limite do horizonte?
As flores não desabrocham saudando
a beleza da manhã?
Os lírios nos campos já não se vestem
com os fios da eternidade?
No berço, antes de dormir a criança recebe
a ternura da Mãe
enquanto os anjos lhe resguardam
                                  o sono,
embevecem-lhe os sonhos.
Jesus nascerá – os Magos  proclamam,
no manto da noite, uma estrela
                                   lucila,
sorri  de euforia.
As crianças se alegram.
Urge que haja alvorada no mundo.
 
Jesus vai nascer.
O tempo de espera já se cumpre.
É o fim dos tempos de Advento.
É tempo de esperança.
O mundo entoa um canto novo
– uma euforia se abre no campo
                                   dos sonhos:
É Natal – Jesus acaba de nascer.
 
          

                                      Bsb, 8.12.15