sexta-feira, 5 de agosto de 2016

                 

                        





        OLIMPÍADAS    2016    NO     RIO :

    PIROTECNIA E LEGADO REALISTA 



Enfim as Olimpíadas 2016 se realizam no Rio de Janeiro. Todas as modalidades olímpicas a despertarem a curiosidade do público, ao vivo nas arenas e nas TVs de todo o mundo. O espetáculo é global, impactante. 

Como sabemos – se é que realmente é do conhecimento de todos –– ao  Jogos Olímpicos foram criados pelos gregos por volta de 2.500 a.C, para  celebrar os deuses, principalmente Zeus, com a realização de competições. Observe-se que somente em 776 a.C ocorreram os Jogos Olímpicos de forma organizada, com a participação de vários atletas das cidades-estados que formavam a Grécia Antiga. Com as olimpíadas os gregos propugnavam pela paz e a harmonia entre as cidades-estados, oportunidade que aproveitavam para celebrar os esportes e a manutenção do corpo saudável. Mas os Jogos Olímpicos só começaram a vigorar no ocidente, nos moldes atuais, em 1896, graças à iniciativa do francês Pierre de Fredy,  barão de Coubertin.

É a primeira vez que o Brasil sedia uma Olimpíada, agora a realizar-se no Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa.

Depois de passar por inúmeros tumultos, principalmente na política, o País ousa enfrentar os  formidáveis desafio que é a realização de uma Olimpíada. E aos trancos e barrancos ai estão as Jogos Olímpicos dentro de casa – milhares de turistas de todo o mundo trilhando pelas ruas cariocas e outras capitais, também sede de modalidades olímpicas.

Somos todos olímpicos” é o refrão midiático. O que se espera, contudo, é que tudo se realize a contento e não ocorram fatos que envergonhem nossa capacidade de realização – seria o mínimo. O máximo a nosso ver seria tomarmos ciência, isto é, o Governo Brasileiro, as instituições em geral, a chamada superestrutura da Nação se conscientizassem de que a Olimpíada não é tudo, não passa de uma ilusão midiática, um fogo-fátuo de ludicidade “à lá” “mens sana in corpore sano”.

As Olimpíadas 206, ora a realizar-se no Rio, jamais salvará o País de suas mazelas sociais, econômicas e políticas.

 Sejamos realistas – coisa por sinal que o brasileiro nem sempre o é – uma Nação se constrói é com educação e saúde de seu povo, muito trabalho e vocação empreendorística de seus  realizadores, apreço ao desenvolvimento tecnológico, estímulo e máximo apoio e empenho  à pesquisa científica. E principalmente o mínimo de intromissão do Estado, cuja mão burocrática não faz outra coisa senão asfixiar a empresa, o trabalho criativo, estimulando, ao contrário, a afasia coletiva e os canais insidiosos por onde percorrem a corrupção.
Depois que passar a ilusão dos deuses olímpicos, com suas performances fantásticas, que todas as arenas e seu faustoso aparato legado,  tudo se lhe dê destinação mais realista e que  desse legado realmente usufrua o povo – escolas, por exemplos, hospitais, bibliotecas comunitárias, centros culturais e esportivos, até fábricas, armazéns ou silos agrícolas.

Os antigos criadores das Olimpíadas nas arenas celebravam os esportes, mas nas Arcádias eles também exercitavam o espírito e por isso inventaram a filosofia para cultuar a razão e o raciocínio lógico, para não deixar que o ser humano virasse um simples troglodita fisiculturista. 
CDL/Bsb. 5.08.16

  

quarta-feira, 6 de julho de 2016




OS  IPÊS  DE  BRASÍLIA







os  ipês de Brasília.
Como são os ipês de Brasília?
Rosáceos, rosilíneos,
da cor da alvorada
ou  do violeta crepuscular?
Ipês de Brasília
— eles florescem em cachos,
casulos de flores embelezando
as vias,
as calçadas,
as quadras,
o coração da cidade.
Óbulos  ardentes de sonhos?
ou suspiros exalando récitas florais
em meio ao fatídico furor do dia?
De há muito a aurora fugiu,
o sol incendeia de luz
a rigidez do tempo.
Lá fora a ânsia da vida voa,
férvida
de urgência e dores.
enquanto os ipês, aqui, se desmancham
em flores,
premissas  sutis,
éclogas  de primavera,
pérolas  roseoestivais,
pétalas sobrenaturais
de esperança.

 Bsb, 6.07.16

quinta-feira, 23 de junho de 2016









                       APOCALIPSE  NOW?



Ressaltam aos olhos e à mente os acontecimentos terroríficos quando nos deparamos nos Evangelhos com o livro das Revelações do Apóstolo João, o Apocalipse. João teria se refugiado pelos anos de 95 a.C, na ilha grega de Patmos, distante 55 km da costa da Turquia, para livrar-se da violenta perseguição que procedia o imperador romano Domiciano contra cristãos e filósofos. Os filósofos também foram perseguidos.
Ali, em estado de êxtase, ele recebeu a revelação sobre os fatos escatológicos que iriam ocorrer aos humanos e ao mundo.
Coisas horríveis irão sobrevir, só não sabemos onde nem quando acontecerão — o que sabemos é que tais fatos ocorrerão no futuro.
Ante o desenrolar de nossa civilização, os tumultuados momentos  em que vivemos, não só em nosso País, mas no mundo, tudo nos alerta que nos deparamos com situação de extrema gravidade. O que dizer do comportamento das pessoas desviando-se da normalidade? Como não reconhecer que os valores morais, éticos e espirituais das pessoas estão desestabilizando  a normalidade da civilização? E a violência que generaliza e recrudesce a cada momento, sem que se consiga detê-la? As pessoas não mais se harmonizam entre si, desentendem-se, vociferam como feras? A família tem sido alvo de profunda e sistemática desagregação, são relacionamentos espúrios agora admitidos, a união afetiva de pessoas do mesmo sexo, o movimento rebelde dos chamados LBST, o avanço do fundamentalismo religioso e social. E para coroar tanta desconstrução das pessoas e do mundo, essa eufemística decretação da morte de Deus e a seu reboque esse espantoso recrudescimento do ateísmo.
E em termos de comunicação na nossa era da aldeia global? A mídia ou — mass media sua contraparte tecnológica — ao invés de agir como meio, intermediária,  se arvora de objetivo, fundamento da comunicação, desequilibrando a equação do conhecimento. Daí a balbúrdia, espécie de Babel rediviva.
Entrementes outros fatores não menos perversos sobrevêm, de maneira insidiosa e até diabólica — o principal deles a renascer das cinzas do esquecimento, o velho e rançoso marxismo, agora travestido de cultura e filosofia ditas progressistas, esse irracional esquerdismo de inspiração gramsciana, a corromper a moral, os costumes, a educação, a cultura, a razão, a inteligência, os postulados clássicos da filosofia e do próprio Direito.
Será que não sinais autênticos de que entramos na era da escatologia apocalíptica? O que falta para convivermos com a “besta” e as feras malditas, de cornos e dentes afiados? Que ou quem configura o número 666, o número da Besta? No passado já foi o imperador romano Nero, depois os ditadores sanguinários Adolf Hitler, Stalin  ou Mao Tsé Tung. Mas há quem diga hoje que pode ser os Estados Unidos com seu poder econômico, a União Europeia, a ONU, a Rússia do poderoso Puchkin, ou então, mais recentemente Donald Trump, o candidato às próximas eleições presidenciais americanas. A seita protestante Adventistas do 7º Dia,  seguindo sua profetiza fundadora Ellen G. White, assevera que é o Papa da Igreja Católica. Mas parece que o tiro saiu pela culatra, pois utilizando-se o mesmo método usado pelos seus adeptos, pasmem, o número fatídico recai sobre a própria irmã White!
É, meus irmãos, não conhecidos de nome, mas de chapéu, nós, o mundo todo, entramos no túnel do tempo, não sabemos se já no escalafobético apocalipse, futurístico, enigmático, terrorífico. Haja compreensão, entendimento e, sobretudo, fé  e esperança na Providência Divina, senão estaremos todos perdidos.

quinta-feira, 9 de junho de 2016






 RETRATO DE UM PAÍS JOVEM SURREAL




        Não há negar: o Brasil é, decididamente um país surreal. Não é atoa que Machado de Assis, com toda sua reverência literária declarou: “O Brasil oficial é caricato e burlesco”. E não será essa a razão por que toda sua obra tem esse viés de ironia enigmática?

            Durmamos nós outros com tanto irrealismo sardônico. Historiadores, juristas e plantonistas políticos, natos e estrangeiros – e nós também – temo-nos  surpreendidos com os fatos que se sucedem em nosso País, quase que diários.

Esboçamos, então, um retrato realmente doriangreiano do Brasil atual.
            

             (1)        O País é um misto de tradição e novidade, mas  a  todo instante                         irrompe um conflito, um ato de corrupção é descoberto pelo    Ministério                           Público;
(2)       Os três poderes constitucionalmente estabelecidos Executivo, Legislativo e Judiciário são independentes, e equilibrados entre si, mas, devido a atos ilícitos havidos, agora o Judiciário passa a agir drasticamente e intervém no Legislativo e Executivo;

(3)      Há pouco o representante do Ministério Publico avoca o direito de pedir a prisão de altos cargos da República: o Presidente do Senado, dois Senadores e o Presidente da Câmara dos Deputados, acusados de ilicitudes;

(4)       Anteriormente, dois presidentes foram afastados das funções, a da República em rumoroso processo de “impeachment” por má gestão e o da Câmara dos Deputados, por ilícitos econômicos;

(5)    Assume interinamente o vice da chapa eleita em votação, que vem se equilibrando entre reerguer a economia em queda livre e manter relacionamento com o Congresso, quase acéfalo, alguns de seus membros suspeitos em violenta operação policial – a Lava Jato;

(6)      O Presidente interino da Câmara tem se demonstrado inepto e desautorizado pela maioria de seus pares, impedido, por incrível que pareça, inclusive a presidir as sessões elencadas;

(7)    O Congresso encarrega-se de um vertiginoso e estapafúrdio processo de impeachment, ainda inconcluso, a passos de cágado, com cenas vergonhosas de achaques, debates e quejandos de mérito escuso;

(8)     Empreiteiras e políticos graúdos, encarregados de  serviços públicos essenciais, se associaram,  para criar verdadeiros esquemas criminosos de propina, o chamado propinoduto, acarretando prejuízo bilionário ao erário da Nação:

(9)        Por isso ou em sua função, o déficit oficial do Orçamento Público alcança cifras monumentais, nunca antes sequer pensadas;

(10)     Pensadores políticos cunharam vários tipos de democracia ao longo da história, como demarquia (congressistas como jurados políticos); uclocracia (a multidão é quem governa) ou sociocracia (solução comtiana positivista). No Brasil, surge agora a propinocracia que é a república formada pela chusma dos homens de “colarinho branco”.



Como se depreende, o decálogo é inconcluso, cabe  embargos ampliatórios, para reforçar os auditórios, contraditórios, oitivas censutórias e outros quejandos do juridiquês ultravigente, que, mais do que nunca, vem juridicializando nossas vidas e compelindo o sonho dos brasileiros.

CDL/Bsb., 10.06.16