terça-feira, 8 de junho de 2021


 

                   COMO SUPERAR  A  PANDEMIA :

LITERATURA E CLUBE DO LIVRO

                                  Murilo Moreira Veras



                              

Como a rede Globo e as demais mídias só divulgam morte pelo COVID-19, para agradar a esquerdopatia do País — resolvemos falar de coisas amenas e, dizem os psicólogos, evitam os transtornos covidiano. Literatura, por exemplo. Também seu recorrente, que é o Clube do Livro, hoje uma instituição do passado que hoje está viralizando em toda parte. Todo mundo está fundando seu clube do livro — o que é uma atividade interessante, para quem gosta de ler e se desviar do lixo midiático.

Por incrível que pareça, as pessoas estão recorrendo à leitura de livros impressos, esse objeto onírico, dito ultrapassado, hoje vendido pela Internet e recebido em casa, sem precisar a pessoa sair, o adquirente sentado em sua poltrona favorita. Poderá ler ou reler um bom livro policial, romanesco, rocambolesco, rever assuntos interessantes, instrutivos ou simplesmente viajar  para as estrelas com um livro de FC. Nesse caso, aconselhamos um de Arthur C. Clarck, ou de  Isaac Asimov, Conan Doyle, George Simonen, até Aghata Christie. Não esquecer que Júlio Verne, aquele prolífico escritor francês, foi um dos precursores em termos de FC.

Em se falando de literatura, vêm-nos à mente algumas informações que, também consideradas, enriquecem a criação literária. É sobre isto que queremos abordar, por enquanto. Por exemplo, estou lendo um livro, que  a propaganda apregoa ter sido leitura preferida nos Estados Unidos — Um Cavalheiro em Moscou, o autor Amor Towles. O livro está recheado de citações de outros autores, a maioria clássicos, é claro de maneira sub-reptícia e acompanhando o enredo e a sequência dos personagens, tudo de forma adequada  e inteligente.

Alerto os amigos que não se trata de inovação em termos de criatividade literária. Os autores, aliás, os bons autores, já de há muito usam desse e de outros artifícios, haja vista Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Murilo Mendes e outros. Tais enxertos citados requerem certo cuidado de quem os usa em seus textos, para  não praticar o plágio, este uma pecha que o bom literarto sempre deve evitar. Certo escritor português tachou Clarisse Lispector de ter plagiado texto de Virgina Wolf, mas nada ficou provado. Ora, tais citações e toda espécie de enxerto feito num   texto      que vem de outro, isto é o que a arte literária designa como intertextualidade. Os enxertos podem ser verbais, não verbais ou mistos. E são de vários tipos ou gêneros e podem aparecer numa pintura, cartum, numa charge, poesia, publicidade, novela, num filme. Ocorrem quando um texto faz referência a outro, situação ou ocorrência preexistente, implícita ou explícita. A explícita é logo identificável, mas a implícita, é de identificação mais difícil, o leitor precisa ter conhecimento prévio. E como a intertextualidade se apresenta no texto, pode ser através de várias formas. Pode ser numa paródia, que é uma ironia ou crítica do texto original. Pode ser numa paráfrase, quando as ideias contidas no texto original são retorcidas ou criticadas no novo texto — o exemplo disto é a famosa “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias ter sido escrita  diferentes no poema de Carlos Drummond de Andrade “Europa, França e Bahia”. Uma epígrafe, que é o apoio a um tema, geralmente usado em artigos científicos e monografias. Aparece numa tradução, nas chamadas dublagens e traduções livres e interpretações. Outra modalidade é a citação, quando o texto é literalmente copiado de outro original, caso em que se não indicado o autor, pode configurar plágio. Outro tipo é alusão, quando um texto ou citação se refere a outra obra, personagem ou situação retirada de texto original.

Esses artifícios literários podem ou não valorizar uma escritura, dependendo da sutileza e inteligência do autor. Faz parte do que hoje, modernamente os estudiosos das letras dizem integrar o chamado hipertexto, que é a composição geral desses artifícios, aglomerando todos os elementos textuais que permitem as múltiplas leituras em diferentes direções — os chamados hiperlinks, seu criador Theodor H. Nelson, filósofo, sociólogo e pioneiro da Tecnologia da Informação.

Quanto ao Clube do Livro, atividade relevante que sobra dessa famigerada pandemia, da qual os midiáticos de plantão põem todas suas esperanças negativas,  informamos que está viralizando em toda parte. Todo mundo quer fundar um — de nossa parte já temos  o nosso que, por sinal, funciona há mais de dez anos na Associação dos Funcionários Aposentados do Banco Central – ABACE  e já lemos cerca de 100 livros. É quase um recorde.

Aviso aos navegantes literários: a arte literária é muito mais rica do que pensam os iniciantes. A intertextualidade enriquece o livro, mas saber apreciar sua aplicação condiz com o bom gosto do leitor, assim como requer inteligência e habilidade para aqueles que fazem dela uma boa técnica de escritura.

CDL/Bsb. 08.06.21 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
































































quarta-feira, 14 de abril de 2021


 

 

 

     O MUNDO E AS NARRATIVAS

     SOBRE  O   MUNDO

 




             O mundo, o globo, as nações, as sociedades, as pessoas — eu, você, meus amigos, todos somos ou nos tornamos vítimas das narrativas. Faz parte do mundo moderno, é o espelho e um dos maiores esteios nos quais se sustenta a tecnologia. As narrativas destruíram as barreiras da Técnica. Aliás, no século passado, Gustavo Corção, escritor católico brasileiro, escreveu um livro sobre o tema — As Fronteiras da Técnica.

A narrativa, melhor, as diversas e múltiplas narrativas que vêm dominando hoje mentes e corações, disseminam-se como uma verdadeira praga, talvez uma das pragas do Apocalipse. E o que é mais repugnante — essas narrativas se atrelam a outra praga que assola hoje o mundo, a pandemia gerada pelo Covid-19.

Explicou-nos bem o imbróglio e o fez de maneira escorreita, o Prof. Belei, no seu canal no youtube: narrativa é um tipo de fala e meio de comunicação que discorre e transfere uma informação sobre ato ou fato. Por paradoxal que seja, a narrativa falsa tem origem na Grécia, sim, o berço da Filosofia e também da Democracia. Nasceu com Protágoras (481-411 a.C), filósofo que teria convivido com o grande Sócrates, que o criticou, classificando-o como sofista, que tem hoje o sentido de enganador, falacioso, aquele ou aquela que falseia a verdade das coisas e dos fatos, um tipo de filosofia que busca, não a veracidade dos fatos, mas distorcê-los, a seu modo, para torná-los verídicos, sob o ponto de vista de sua narrativa.

O resultado de tudo isso, da proliferação desse tipo de comunicação em forma de narrativa, é simplesmente excruciante, capaz de influenciar pessoas, sociedades, regimes políticos, a cultura, a fé, a religião. E, claro, influencia de forma absolutamente negativa, tal o nível de corrupção que impregna a essa que se poderia denominar estrutura superior  de uma sociedade, nação, povo, até em termos civilizatórios. Esse tipo de narrativa deriva de uma teoria desviante da verdadeira Filosofia, a Sofistica que busca não a verdade a ser narrada, mas seu contrário, a mentira, o engano, todo tipo de falsidade ideológica, viés que fere os conceitos comezinhos do simbolismo, axiológico e ontológico, que regem a Ética, a Estética e a Moral.

Espécie de um engodo no qual nosso mundo tem se envolvido e de cuja mentira tem se servido nosso suposto inteligente Homo Sapiens Sapiens, como maná civilizatório de progresso. Somos envenenados, dia após dia, por essas narrativas falsas, mentirosas, que nos apresentam um mundo medido por esses narradores virtuais, da forma como eles pensam, agem, segundo as ideologias de que são portadores. É o que se poderia dizer o mais novo mal da civilização.

Quais os malefícios causados por essas narrativas falsas, basta nos debruçarmos sobre o que ocorre  hoje no mundo, em termos midiáticos. São informações truncadas, que nos empurram a mídia escrita e televisiva, os livros tendenciosos, as falas de supostos comunicadores, sociais, econômicos, políticos e religiosos. Cada qual pensa e revela o seu olhar, a medida do seu olhar, cada olhar uma medida, cada medida uma maneira de olhar — coisas, fatos, pensamentos, induções, disfunções, espécie de máscara com que se inverte a personalidade autêntica. É sim, a prática da medida invertida do olhar as coisas, os fatos, o mundo.

Ora, se cada pessoa tem a medida das coisas, todas as coisas podem não ter a mesma medida, de vez que cada ser humano tem sua própria medida sobre coisas e fatos. Então como  ficam os fatos e as coisas sob diversas visões? Qual a verdadeira, se cada visão tem sua medida?

O axioma de Protágoras está errado — não passa de um grande, vulnerável sofisma. Vem-nos à baila, acerca do imbróglio que a mídia vem causando no mundo, o que afirmou Aristóteles sobre  a comunicação  — um meio, a mídia, jamais um fim, como seria, por exemplo, a Filosofia, a Sabedoria, na qual estariam baseadas a Ética, a Estética e a Moral.

Hoje, sob a panaceia de suposta modernidade, os canais midiáticos, TV, jornais, livros, ensinamentos, redes sociais, plataformas, tuti quanti, se arvoram  de comunicadores e instrutores da medida de todas as coisas e fatos, como narrativas finais, absolutas, dispensadas as contraditas, como se verídicas fossem.

Observem se não é isso o que acontece hoje, no mundo, inclusive principalmente em nosso País, uma avalanche de narrativas falsas, tomadas como informações verdadeiras, envenenando cérebros e corações, os quais inadvertidamente se deixam contaminar, enquanto “La nave va”  disseminando o veneno do ultrassocialismo — os carneirinhos de boa fé sendo tragados pelos leões gramicianos.

CDL/ Bsb, 14.04.21


segunda-feira, 29 de março de 2021

 

 

                                      SERMÃO DA  PÁSCOA

                                  Murilo Moreira Veras

               


                 

              Ó homem da Terra, o que pensas da Páscoa?

O que pensas sobre o Itinerário da Paixão e Morte

                          do Salvador?

Quem é Ele, o Mestre, aquele que caminhou pela

                          Palestina, o que fez,

o que realizou, que mensagem transmitiu ao

                          Mundo,

por que o Mundo não O aceitou?

No Sermão da Montanha Ele iluminou o Mundo

                          com palavras de Justiça, Paz,

                          Amor, Perdão e Misericórdia

convertendo uma multidão desprezada.

Transfigurou a água em vinho nas Bodas de Caná,

perdoou à adúltera, fez pescadores Seus discípulos,

em vez de eruditos e grandes pensadores.

Curou leprosos e reacendeu a Fé e a Esperança

                          no  coração dos aflitos.

Foi tentado pelo demônio, que lhe prometeu

                          riquezas se o adorasse.

Mas — Messias e Salvador —, sofreu o desprezo

                          da cúpula dos fariseus,

os homens da justiça e a justiça dos homens

açoitaram-NO, apedrejaram-NO e condenaram-NO

                          à morte na Cruz.

 

Senhor — por que morreste na Cruz?

Por que tanta ignomínia?

Os homens não acreditaram em Ti:

Deus, ó Deus, por que me abandonaste?”

                        Ó seres humanos de pouca fé!

Raça de víboras, por que escondes  em máscaras

                          a magnitude do Amor e da Fé?

Ó senhores que pretendem dominar o Mundo,

que demandas as Estrelas, mas rastejas pelo chão.

Desperta desse teu sono de Morte,

sai da Caverna e alça teus pés e teus olhos

                          para a Luz.

Ouve as palavras do Mestre, enquanto é tempo.

 

Eleva teus olhos à Cruz e verás a Redenção.

Sente as chagas doloridas de Jesus.

Ele sofreu por ti, Ele te redimiu e a teus irmãos.

O que fazes de tua vida?

Por que aniquilas os teus sonhos,

choras por tua sina inútil?

— O’ coração empedernido!

                      Os sinos já ressoam no limiar da Vida

O Universo todo rejubila,

miríade de estrelas lucilam nas galáxias.

Uma plêiade celeste de Anjos e Arcanjos

uníssonos, entoam hinos e louvores:

Hosana! Hosana nas alturas:

— Jesus ressuscitou!

 

                                                 Bsb, 28.03.21

 

 

 

 

 

                         

 

                          

terça-feira, 9 de março de 2021

 




TEORIA DO TUDO — UMA ABORDAGEM LAICA







 

Vez em quando cientistas trazem à baila a discutida e também discutível Teoria do Tudo. Como é sabido, graças ao filme sobre a vida do físico inglês Stephen Hawking, trata-se da teoria científica que tenta explicar os eventos sobre a origem e os fundamentos do universo. A teoria tenta resolver todas as controvérsias dos fenômenos cósmicos. Uma vez testada e aprovada pela comunidade científica, a Teoria do Tudo estabeleceria a uniformização e compatibilização de todas as forças que atuam no universo, com consequências físicas e filosóficas para o ser humano, inclusive quanto ao sentido da vida, espécie de nova visão do mundo — pelo menos é o que vaticinam os adeptos da teoria.

Na presente abordagem, não nos preocupam os aspectos técnicos e científicos da Teoria, simples leigos que somos no assunto. Interessam-nos, sim, perquirir sobre aspectos relacionados com aqueles que a imaginaram, como surgiu a ideia e suas implicações para nossa vida humana. Alias, sabemos ter sido a Teoria do Tudo o maior sonho de Albert Einstein, que faleceu sem conseguir vê-la concretizada.

Pois eis que nos cai a mão o livro Uma Teoria de Tudo — Que Importa, do físico molecular Alister McGrath, que também é teólogo em história intelectual, ex-ateu, professor de Ciência e Religião na Universidade de Oxford. Trata-se de Uma breve introdução a Einstein e suas ideias surpreendentes sobre Deus.

Fascina-nos logo no início saber que um físico, antes ateu,  autor do livro, se preocupa em demonstrar tema tão árduo e misterioso, a existência de Deus, na vida de outro físico, Albert Einstein, que construiu a célebre Teoria da Relatividade, fato que modificou profundamente  o mundo da Física com implicações em nossa vida.

O surpreendente do livro de McGrath é como, de forma meticulosa, clara, com argumentos compreensíveis, ele defende as ideias de Einstein. Ao contrário do que viraliza entre as pessoas, por culpa dos próprios cientistas, de que Einstein era ateu convicto. McGrath em sua exposição nos esclarece o contrário: Einstein nunca foi ateu, nem mesmo agnóstico, ele tinha uma visão própria, conhecimento peculiar sobre o Criador, desde que não antropomórfica, isto é, Deus não corporificado, um Pai eterno, sentado num trono celeste, mandando no mundo e nas pessoas. Einstein na verdade tinha uma crença firme em uma mente superior — o que absolutamente não significa ter sido ateu, como algumas pessoas inadivertidamente propalam.

Pelo que nos esclarece, não se pode dizer que Einstein tenha sido uma pessoa religiosa no sentido específico do termo. Não o foi. Sua concepção de Deus seria mais ou menos a de Spinoza, de um Ser que se confunde com a natureza, gerador e geratriz de um mundo que se governa a si próprio. E assim sendo não tem nenhuma relação com as criaturas. Uma concepção pragmática de um ser invisível dentro de um quadro existencial de imanência sem qualquer participação com seus habitantes como um jogo sujeito a lances matemáticos do acaso e das leis de probabilidade.

Claro que esta não é a concepção do Deus do Cristianismo, mas não deixa de ser uma visão com certo grau de transcendência, diferente daquela que nega qualquer ingerência espiritual no mundo.

Segundo McGrath, Einstein foi um cientista preocupado com a realidade do mundo, que se bateu contra as ideias intervencionistas, os governos ditatoriais, tendo sido em toda sua vida a favor dos valores éticos e morais, na sociedade e nos empreendimentos humanos, também anticientificista quanto aos projetos originários da ciência e tecnologia — fato que tem se tornado voz geral hoje entre certos cientistas e tecnólogos, desprovidos desses valores.

A nosso ver, o livro de Alister McGrath contribui definitivamente em recuperar o valor que o físico formulador da Teoria da Relatividade merece ter dentre os eminentes vultos cuja sapiência e desempenho pessoal têm engrandecido o gênero humano.

CDL/Bsb. 9.03.21

    

   


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

 

 

 

POR QUE ME UFANO DO MEU PAÍS

 





 

O brasileiro é, antes de tudo, um reclamão. Reclama do sol, da chuva, da noite, do dia, do governo, do desgoverno, da vida, do tempo, do futuro e quejandos. Parodia-se e, de certo modo  contradizemos o que escreveu Euclides da Cunha, em Os Sertões – O Sertanejo é, antes de tudo, um forte.

Agora consideremos o que nosso País acumula em termos de grandeza territorial, clima, riqueza natural. O Brasil é  uma espécie de paraíso tropical. Tanto que na primeira carta ao rei de Portugal seu portavoz Pero Vaz Caminha ao descrever as belezas da nova terra descoberta, declara: Em se plantando tudo dá.

Então, por que o brasileiro reclama tanto? Enquanto isso, o que pensam os estrangeiros, como eles, de longe, avaliam nosso País? É inacreditável o que os estrangeiros falam e descrevem o Brasil. É só consultar o youtube onde esses estrangeiros  de livre e espontânea vontade dizem. Certa holandesa, que já nos visitou, anunciou uma lista das virtudes de nosso País, em comparação com os defeitos, que ela mesma aponta, do seu próprio e de toda a Europa. Saibam que na Holanda a telofonia é simplesmente horrível. Em toda Europa, os açougueiros que tratam de carnes, sequer lavam as mãos para o metier. É notória a falta de educação dos taxistas, na Europa, sobretudo os franceses. Nos mercados, peixe é simplesmente embrulhado em folha de jornal. O sistema eleitoral não tem resultado imediato, é confuso, atabalhoado, como exemplo tem-se o da maior suposta democracia mundial, Estados Unidos. Pois a holandesa faz elogios estrondosos do Brasil, terra de clima maravilhoso, o melhor sistema de telefonia, pessoas amáveis, sobretudo solidárias, coisa difícil de acontecer entre os europeus. E não é só a holandesa que fez comentários elogiosos de nosso País. Também uma moça russa, que  diz passar temporadas no Brasil, onde tem muitos amigos, inclusive fala bem o português. Dentre as maravilhas que aponta, ela se espanta com a idade provecta a que os brasileiros comumente alcançam, de 80, 90 anos. Ela afirma que sua progenitora que não tem 60 ainda, já se considera velha — a senectude lá é vista como o fim da vida.

Outra circunstância que faz o brasileiro desvalorizar seu próprio País.  Esquecer sua história, seus representantes ilustres, escritores notáveis, os grandes heróis da Pátria. Querem ver um nome, hoje totalmente esquecido e que no início do século tornou-se destemido defensor do Brasil e sua obra literária texto obrigatório nos currículos ginasianos? Afonso Celso, autor de Por que me ufano de meu País.

Às vezes, quando Afonso Celso é citado é no sentido pejorativo.  E o motivo são as correntes culturais modernas, o desconstrutivismo  gramsciano que tomou conta de nossa cultura, dominou as Faculdades, desmantelou o cérebro das pessoas menos avisadas, até mesmo de personalidades de vulto, proeminentes, professores, escritores, dotados de cultura sapiencial.

Observe-se o que publicou no Jornal do Brasil, em 10.09.20, a professora, teóloga formada na PUC, Maria Clara Luchetti Bingemer, autora do ensaio A Argila e o Espírito, onde valoriza autores católicos como Adélia Prado, Murilo Mendes, Edith Stein, Simone Weil e Cecícilia Meireles, espiritualista. Agumas coisas ditas pela teóloga são incontestes, em relação ao que acontece  em nosso País, mas esse fato não justifica, a nosso ver, que a autora alardoe que perdeu as esperanças no Brasil, segundo declarou: “...estou em situação de imensa dificuldade para ufanar-me do meu país.”

Perdoe-nos a Dra. Berginger, mas nosso País não merece que jamais desconfiemos de suas qualidades intrínsecas, o País como um todo, com seus representantes ilustres, nossa historiografia, os progressos já alcançados, sua maravilhosa riqueza natural. Mesmo tendo sofrido crises imensas, muitas delas decorrentes da má gestão dos governantes, sobretudo as recentes sob a tutela do petismo, responsável pela expropriação, roubo e espoliação de que o País foi vítima, a ponto de a levá-lo quase  à banca rota — mesmo assim não temos o direito de difamar nossa Pátria, mesmo com meias palavras.

É lamentável que pessoas estrangeiras  se antecipem a certos brasileiros e analisem nosso País com senso de equilíbrio e visão mais virtuosa do que certos  compatriotas nossos que se comprazem em desmerecê-lo, erigir críticas negativas,  ignorando suas verdadeiras qualidades como Nação e Povo.

Quanto a mim, jamais deixarei de me ufanar do meu País, torrão onde nasceu minha raiz, familiar, humanística, cultural, a cujo berço devo minha consciência de cidadão responsável, amante da verdade, da justiça e jamais descrente na magnitude do Criador.

CDL/Bsb, 22.02.21