TUDO DE NOVO NO
FRONT BRASILEIRO ET ALLIA
Nesse iniciar de ano — o atávico 2023 — os dias parecem se esboroar reverberando na estrada da vida do País. “Nada de novo no front” — não, o front se abre com novas facetas, facetas, inclusive, perigosas. Novidades? Sim, mas que tempos estranhos esses. Seriam os primeiros indícios do derrame profético das Taças do Apocalipse? No ar falácias, mentiras, ditas como verdades. Mas a mentira pode substituir a verdade? Desde Platão, Sócrates e Aristóteles que mentiras têm ousado substituir a verdade.
Digo-vos:
foram os sofistas, um sistema filosófico pernicioso que se infiltrou entre os
gregos, combatido por Sócrates. Pois a sofística
prevalece até hoje, por incrível que pareça, basta olhar o que se passa ao
redor. “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura” — não é um
ditado, é fato verídico. A mentira entre os gregos, como Protágoras, Hípias,
Trasímaco e Górgia, já era combatida por Platão, que denominou seus agentes de hábeis enganadores,
isto é, charlatães. Cobravam por seus serviços. Ora, hoje nós também pagamos a
esses charlatães modernos e pior pomos em prática seus sofismas.
O mais
conhecido de todos chamava-se Protágoras que anunciou o malicioso
princípio: “O homem é a medida de todas as coisa.” Esse fabuloso epíteto
maculou toda coerência da filosofia clássica. Tornou-se bandeira de todas as
ideologias vigentes, ditas modernas e salvadoras da humanidade, através do
progresso, pragmatismo, cientificismo e outros ismos surreais.
Ora,
dir-se-á, os tempos são outros, o mundo evoluiu, nosso País progrediu. Sim, mas
a custo alto, inclusive pela inseminação de ideologias ironicamente simuladas
como democráticas e salvacionistas.
E não
seria menos irônico dizer que esse novo mundo, no qual nos inserimos, vem se
transformando num celeiro de sofistas. Até os tecnólogos, cientistas,
reformistas, mestres e sobretudo a clã dos políticos, de há muito sucumbiram ao
logro do charlatanismo institucionalizado. São os discípulos do Big
Brother na utopia ou distopia
de Aldous Huxley.
Ninguém
se engane vige hoje sistemas apócrifos, comandados por ideólogos, singularidade
que tem marcado o pensamento escrito e falado do que se autodenomina mundo
novo. O império do fabianismo,
no Brasil e no mundo? Aliás, essa
ideologia tem se inserido no mundo como uma doença endêmica, ainda ignorada por muitas cabeças ingênuas, que a pensam ter perdido a validade. Não seria talvez a
versão modernizada do gramiscianismo ressuscitado? Observe-se que o fabianismo nasceu na
Inglaterra, como germe do Partido Trabalhista, com objetivos socialistas, apregoando,
sob o lema de social-democracia, ideais humanísticos, embora a finalidade
visasse o fim do capitalismo.
Pois
não é que no tumulto político e social em que vivemos esses dias, certa
autoridade, auditor-mor da Justiça, em entrevista, ele, vezeiro em ideias marxistas, perguntado como o comunismo
podia conviver com o mercado livre, a liberdade de expressão e outros itens de
direita, ele respondeu, o riso frouxo, muito ao gosto dos sofistas: “... nós
convivemos com a direita, sem problema, somos voláteis, compreensíveis...”
Teria
feito inveja ao maior sofista de todos os tempos — o velho e astucioso
Protágoras de Abdera.