domingo, 12 de maio de 2024


 

MÃES NOSSAS DE TODOS OS DIAS

 

                                               Murilo Moreira Veras

Certa vez alguém dissera,

desavisado talvez:

Não tenho pai, nem mãe.

É possível não ter pai,

a categoria de pai anda muito

sumida neste mundo.

Mas podemos nos dispensar de mãe?

Mães são assim, sofrem

quando dela nos esquecemos

e, quando com elas ainda convivemos,

sofrem por nos querer mais felizes longe,

porque têm medo de serem obstáculos

que nos impeçam de viver.

Viver sem mãe até que é fácil,

difícil é não tê-la junto

a todas as esperanças que nutrimos,

em todos os sonhos que perseguimos.

Mãe é um ser viável neste mundo

que nos viabiliza viver.

Ela nos fez nascer, mas, paradoxalmente,

nem sempre as mães veem

seus filhos morrerem

– costumam desaparecer antes

abduzidas pelos Anjos.

E é sempre lá nos escaninhos das estrelas

onde se  transformam em guardiães dos filhos.

Dia das Mães, ora convenhamos todos nós,

todos os dias são dedicados a elas

e todas as mães velam por seu filhos

todo santo dia

– mães nossas de todos os dias.

Dia sem mãe é mãe sem dia,

é realização sem pátria,

é desprezar o frontispício do Amor.

Desculpem, mas é hora

de tomar a benção de minha mãe

– e você?

 e-mal: cdletras@gmail.com  

 

- Bsb.12.05.24                                          

 

                                       

                                        Murilo Moreira Veras

Certa vez alguém dissera,

desavisado talvez:

Não tenho pai, nem mãe.

É possível não ter pai,

a categoria de pai anda muito

sumida neste mundo.

Mas podemos nos dispensar de mãe?

Mães são assim, sofrem

quando dela nos esquecemos

e, quando com elas ainda convivemos,

sofrem por nos querer mais felizes longe,

porque têm medo de serem obstáculos

que nos impeçam de viver.

Viver sem mãe até que é fácil,

difícil é não tê-la junto

a todas as esperanças que nutrimos,

em todos os sonhos que perseguimos.

Mãe é um ser viável neste mundo

que nos viabiliza viver.

Ela nos fez nascer, mas, paradoxalmente,

nem sempre as mães veem

seus filhos morrerem

– costumam desaparecer antes

abduzidas pelos Anjos.

E é sempre lá nos escaninhos das estrelas

onde se  transformam em guardiães dos filhos.

Dia das Mães, ora convenhamos todos nós,

todos os dias são dedicados a elas

e todas as mães velam por seu filhos

todo santo dia

– mães nossas de todos os dias.

Dia sem mãe é mãe sem dia,

é realização sem pátria,

é desprezar o frontispício do Amor.

Desculpem, mas é hora

de tomar a benção de minha mãe

– e você?

 e-mal: cdletras@gmail.com  

 

- Bsb.12.05.13                                          


sexta-feira, 19 de abril de 2024

 

                O POETA CONCRETO

 


 

 

Sérgio Buarque de Holanda, na apresentação do livro TODA POESIA, do poeta Ferreira Gullar, considera-o ...” o nosso único poeta maior nos tempos de hoje.” Pensamos que o apresentador exagerou, conquanto outros poetas talvez tenham merecido o regalo, por exemplo, Lago Burnett, amigo do Gullar, expressivo poeta também maranhense e Nauro Machado e sua vigorosa poética, os dois poderiam auferir também o mérito.

O que se deve ao poeta Ferreira Gullar, autor do Poema Sujo, é o fato de ele ter criado a chamada poesia concreta, por sinal, que nada acrescenta à verdadeira Poética, muito pelo contrário, a deslustra, a nosso ver,  de seus adereços estéticos e axiológicos.

O poeta da concretude e da luta corporal não se sustenta, pois o seu construto se erige a favor de uma modernidade esquizofrênica — o que não diminui o poeta, sem dúvida dotado do dom poético, embora sob influência materialista e ideológica, sem as características  da virtuose de, por exemplo,  um Malharmé, Goethe, Péguy ou Paul Claudel. E em se falando de poetas brasileiros, acreditamos que outros poderiam obter a láurea, como Murilo Mendes, Cecília Meirelles e Jorge de Lima, por exemplo.

Os tempos atuais são pobres de lumes poéticos. O que sobra são, talvez ainda influenciados pelos concretistas, letristas se fazendo de poeta, com outros tipos de maneirismo, desta feita influenciados pela internet, diga-se de passagem, devido seu linguajar ultra moderno, pleno de neologismo oriundos  do computador.

 Como se vê, são os sinais dos tempos, também a influenciar o mundo literário, a poesia, e, porque não dizer, esse clima árido, a prevalecer em tudo, gerando a pobreza intelectual e cultural em que vivemos, basta verificar o nível dos frequentadores das redes sociais, assim como os chamados influencers, que as acolitam. Haja paciência de vê-se quanta heresia hoje se comete em termos de vivência humana.

CDL/Bsb, 19.04.24