O POETA CONCRETO
Sérgio Buarque de Holanda, na apresentação do livro TODA POESIA, do poeta Ferreira Gullar, considera-o ...” o nosso único poeta maior nos tempos de hoje.” Pensamos que o apresentador exagerou, conquanto outros poetas talvez tenham merecido o regalo, por exemplo, Lago Burnett, amigo do Gullar, expressivo poeta também maranhense e Nauro Machado e sua vigorosa poética, os dois poderiam auferir também o mérito.
O que se deve ao poeta Ferreira Gullar, autor do Poema Sujo, é o fato de ele ter criado a chamada poesia concreta, por sinal, que nada acrescenta à verdadeira Poética, muito pelo contrário, a deslustra, a nosso ver, de seus adereços estéticos e axiológicos.
O poeta da concretude e da luta corporal não se sustenta, pois o seu construto se erige a favor de uma modernidade esquizofrênica — o que não diminui o poeta, sem dúvida dotado do dom poético, embora sob influência materialista e ideológica, sem as características da virtuose de, por exemplo, um Malharmé, Goethe, Péguy ou Paul Claudel. E em se falando de poetas brasileiros, acreditamos que outros poderiam obter a láurea, como Murilo Mendes, Cecília Meirelles e Jorge de Lima, por exemplo.
Os tempos atuais são pobres de lumes poéticos. O que sobra são, talvez ainda influenciados pelos concretistas, letristas se fazendo de poeta, com outros tipos de maneirismo, desta feita influenciados pela internet, diga-se de passagem, devido seu linguajar ultra moderno, pleno de neologismo oriundos do computador.
Como se vê, são os sinais dos tempos, também a influenciar o mundo literário, a poesia, e, porque não dizer, esse clima árido, a prevalecer em tudo, gerando a pobreza intelectual e cultural em que vivemos, basta verificar o nível dos frequentadores das redes sociais, assim como os chamados influencers, que as acolitam. Haja paciência de vê-se quanta heresia hoje se comete em termos de vivência humana.
CDL/Bsb, 19.04.24
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