TEORIA GERAL DO MUNDO
Nos tempos de algaravia em que vivemos, urge que apelemos para o bom senso com ideias criativas que de alguma forma nos acalme o espírito. Uma delas é nos ampararmos numa boa leitura, que nos aclare em nossa escuridão de inocuidades. O livro que nos cai a mão é O Desaparecimento de Deus — Um Mistério Divino, o autor professor de hebraico na Universidade de San Diego, Califórnia, Richard Elliott Friedman.
É de tal ordem e importância a tese desse professor judeu, que ousamos considerá-la uma teoria geral do mundo, suas explicações, talvez até possamos tê-las como uma outra versão da Teoria do Tudo tão badalada nos meios científicos. Sabemos que essa teoria constitui a pedra da vez dos físicos teóricos, cosmólogos apressados e que tais, com que esses futuristas discutem como explicar e resolver todos os problemas formais e informais do nosso mundo. Ora, enquanto eles dão tratos à bola de como explicar praticamente o inexplicável, esse simples, mas ousado mestre judeu, de maneira sábia, simplesmente consultando a Bíblia e colhendo ideias de estudiosos e pesquisadores mais evoluídos nesse campo rarefeito da ciência pura — chega a uma conclusão simples — Deus criou o Universo, a criatura como modelo utópico por Ele governado durante um longo período, devido os desvios cometidos, depois, dele se afastando para que vivesse por conta própria, valendo-se dos dons que lhes foram dados.
Devido o livre arbítrio de que foi dotado, o ser humano de novo se desvia, o dom civilizatório é desnorteado, ideias espúrias o contaminam e todo o cenário cósmico é ferido. Então, o Criador, que não pode ter extraviados Seus planos divinos, adota o Plano B e envia seu Filho Unigênito para redimir a humanidade, resgatá-la do pecado pelo simbolismo da Cruz. É o fenômeno do Desaparecimento de Deus, enquanto outro plano escatológico o substitui.
Outra visão assume esse plano — o ser humano agora sob o simbolismo de sua redenção, isto é, perante a plenitude do universo restaurado desde sua Criação. O ser humano não mais subserviente a seus delírios, mas numa comunhão com a ordem da plenitude divina, um rito de passagem. Em outras palavras, já sob nosso olhar, seria a sublimação da experiência em busca de sua perfeição, inclusive cósmica.
Tratemos da segunda parte do livro que trata da Religião e a Ciência — a relação de Deus com a ciência humana, a problemática do chamado Big Bang, como teria sido criado o universo sob o olhar dos cientistas e cientificistas, alguns deles preocupados por impugnar o criacionismo, provar que não houve criação divina, mas evento físico e evolução cósmica.
Ora, já sob nosso olhar e buscando interpretar esse mistério — que teria sido o Desaparecimento de Deus e a enigmática Redenção da Humanidade consequente — recorremos às propostas de estudiosos do campo, cosmólogos, físicos teóricos, filósofos e até metafísicos.
O enigma enfocado pelo autor tem ligação com a criação do universo, embora de forma obtusa. Em termos tanto cosmológicos quanto da religião, esse fenômeno, dito pelos cientificistas como Big Bang tem relação com o desparecimento de Deus. O autor prova confrontando o ato da criação na visão metafísica da Cabala judaica, inclusive perante o Big Bang. Alguns cientistas, mais inventivos, para não se indisporem com o criacionismo, criaram a figura estranha do Designer Inteligente — espécie de um ser maravilhoso sentado num fantástico computador, criando matematicamente o Universo.
Como a figura parece não ter colado, mesmo no âmbito religioso, preferimos recorrer a uma figura, de caráter também científico, mas que encontramos certa afinidade. Seria o chamado Princípio Antrópico, proposto em 1957 por Robert Dicke, também dito como “efeito de seleção de observação”. Segundo este princípio, em resumo, o universo só poderia existir e se formar na forma como se formou, se capaz de desenvolver vidas inteligentes que o confirmem. O universo tem a idade e as constantes fundamentais físicas necessárias para fazer acontecer vida consciente, porque se fosse diferente, nós não poderíamos observar esse mesmo universo. Em outras palavras: o Universo parece estar ajustado para a existência humana. Esse princípio ou proposição parece na verdade tautológico, uma coisa estaria atrelada a outra — o universo só existiria se tivesse inteligência para defini-lo e vice-versa, a inteligência só seria inteligente, se um universo inteligente o constatasse.
Acontece que é justamente o que se nos afigura viável, tirante todas as elucubrações possíveis e cabíveis. Deus é o Ser mais inteligente, inefável, Aquele que É, criou todas as coisas, inclusive seres inteligentes capazes de reconhecer essa magnitude que é a Criação — senão como poderia o ser humano reconhecer tal magnitude se não fosse inteligente?
Sabiamente o autor confronta a opinião de ilustres cientistas para corroborar a Criação como formulação divina, e mais, que o Big Bang ou qualquer outro proposta só faz comprovar, pelos meios científicos possíveis, a criação desse fantástico e incomensurável Universo. Ou em outras palavras, seguindo o autor — o Universo é a melhor e maior representação de face de Deus e nós, seres humanos, criados metaforicamente à Sua imagem e semelhança, somos dotados da inteligência de tal forma que nos possibilita acreditar em tal magnificência, caso contrário não poderíamos ser considerado inteligentes.
É o que se poderia dizer, consultando os alfarrábios bíblicos e as opiniões dos maiores sábios de toda a historiografia humana, antigos e modernos — a tautologia mais consistente e espetacular, até mesmo entre as supostas formulações cientificistas já propostas, que ultrapassa a ingenuidade de muitos, inclusive faz do tal Big Bang uma simples explosão de pólvora desimportante.
CDL/Bsb, 4.04.24
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