terça-feira, 22 de dezembro de 2015




                        O   ANDARILHO DE SONHOS

                       

                                                  Murilo Moreira Veras

 

          No meio da estrada do mundo

                 tem uma pedra

                No meio do mundo tem uma

                 pedra na estrada.

                Caminhos do mundo

                estradas  da vida.

               Tem uma pedra no mundo?

               Tem uma pedra na vida?

               O primeiro dia do Novo Ano

               é mais uma pedra

               na estrada da vida,

              pedra  obstáculo

              nos obstáculos de pedra.

             Em cada coração uma pedra

             em cada pedra um coração.

            No primeiro dia do Ano

            não tem mais uma pedra,

            em vez de pedra, um coração.

            Pedra de utopia, talvez.

           Do convívio com o Tempo,

           nutre-se o Ideal

           – idealismo no tempo

           em tempo de idealismo.

           No meio da estrada do Tempo

          caminha o Andante do Novo Ano

         – no meio da estrada da Vida

         caminha o Andarilho

         de nossos Sonhos

                                              Bsb, 01.01.16

          

 

 

 



         O  ADVENTO  DO  NATAL

 
                                          Murilo Moreira Veras
 
 
Estes dias do Advento são como buscar 
a confiança neste mundo.
As aves não voam no limite do horizonte?
As flores não desabrocham saudando
a beleza da manhã?
Os lírios nos campos já não se vestem
com os fios da eternidade?
No berço, antes de dormir a criança recebe
a ternura da Mãe
enquanto os anjos lhe resguardam
                                  o sono,
embevecem-lhe os sonhos.
Jesus nascerá – os Magos  proclamam,
no manto da noite, uma estrela
                                   lucila,
sorri  de euforia.
As crianças se alegram.
Urge que haja alvorada no mundo.
 
Jesus vai nascer.
O tempo de espera já se cumpre.
É o fim dos tempos de Advento.
É tempo de esperança.
O mundo entoa um canto novo
– uma euforia se abre no campo
                                   dos sonhos:
É Natal – Jesus acaba de nascer.
 
          

                                      Bsb, 8.12.15

quinta-feira, 12 de novembro de 2015




 
                  PÁTRIA (DES) EDUCADORA:            

               O RETROCESSO IDEOLÓGICO

 
 


 

Os brasileiros parecem todos dormirem em berço esplêndido ao ignorarem o grande embuste que vem se tramando na educação. Quem não tem filhos nas escolas públicas, níveis elementar e fundamental, simplesmente  – como fazem os medrosos gansos enfiando os bicos em buracos – preferem se omitir e deixar o barco passar. E quem os tem, por preguiça mental ou negligência, dão uma de ouvido mouco,  se acomodam. Enquanto isso, o nível de conhecimento, o cabedal intelectual, o acervo cultural do brasileiro tudo vai se dissolvendo na poeira do tempo.

E tem pessoas que alardeiam que nosso País caminha a passos largos para o progresso. Ou regresso? Sim, regresso ou melhor, vivemos, isto sim, tempos de retrocesso, em termos de conhecimento, racionalidade e dimensão social, antropológica, econômica e humanística.

Observe-se, por exemplo, o descalabro que está ocorrendo no aprendizado escolar. Atente-se para esse monstrengo que constitui a Base Nacional Comum Curricular, espécie de planejamento global no âmbito da educação formal, proposto pelo Ministério da Educação. Trata-se de um plano objetivando a padronização dos currículos escolares, seja pública ou privada, pelo qual os estabelecimentos de ensino do País serão automaticamente orientados a compatibilizar o conteúdo de suas grades de ensino e o professor – que assim fica  mais acéfalo do que já está –  em sala de aula, obrigado a transmiti-lo a seus alunos.

Antes de mais nada já resultaria num absurdo impor às escolas e consequentemente aos alunos conteúdos obrigatórios, quando muito poderia ser diretrizes a título de orientação, nunca imposições de caráter ideológico. Sim, porque esse, em ultima instância, é o verdadeiro objetivo desse famigerado Plano: ideologizar o ensino brasileiro, desmontar o estudo tradicional, desmoralizar o ensino humanístico, pluralístico. O modelo tradicional de ensino foi inspirado no famoso método Trivium da escolástica que a Irmã Miriam Joseph, atualizou em obra  recente do mesmo título.

Ou como dizem em artigo de 8.11.15, na Folha de São Paulo, Demétrio Magnoli e Elaine Senise Barbosa, ao criticar a proposta do MEC: “... os autores (anônimos e, assim, “especialistas”) do documento do MEC investiram numa sociologia do multiculturalismo que esvazia a temporalidade e, com ela, a gramática da historiografia. De fato se aplicada, a proposta oficial significará o cancelamento do ensino da história.”

A verdade  que salta aos olhos é que esses supostos “especialistas” sabichões do MEC, que se escondem no anonimato,  ousam nos enfiar garganta a dentro, numa espécie de lavagem cerebral, essa demagogia espúria, esses dejectos de conhecimento, essas armadilhas ideológicas, que em última palavra nada mais são que o resultado de interpretações errôneas da história humana,  esse verniz corrosivo que se denomina sociologia do multiculturalismo, ou seja, a mais vil e nociva distorção da historiografia humana segundo sua vertente temporal.

E o que é pior, meter na cabeça de crianças de 11, 12 tais conceitos e depois, por extensão  nos currículos das Faculdades – outra coisa senão o método subliminar de terrorismo social, político e cultural criado por Gramsci (1891-1937) e adotado como bíblia pelas novas gerações neomarxistas, que formam hoje esse exército de saltimbancos corrompendo sistematicamente  os costumes, a moralidade, a política, a economia, a ciência de nosso tempo  – tudo isso com o auxílio da mistificação, do ceticismo violento e dessa monstruosidade chamada “desconstrutivismo”, responsável por desmoralizar, com seus conceitos espúrias, os pressupostos filosóficos que buscam a sabedoria.
Bsb, 11.11.15
 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 20 de setembro de 2015


BRASIL BRASILEIRO : PARA ONDE VAMOS?

 


 

Desde meus tempos do vetusto Liceu Maranhense, que é-me recorrente a lição de nosso velho mestre de Português, Professor Cardoso, de saudosa memória, que atribuía a queda do Império Romano, além de outros fatores, principalmente à decadência moral e dos costumes. E acrescentava o mestre: “toda cultura humana que alcança seu ápice de glória, quando seus integrantes se degeneram em moral e costumes,  sua queda torna-se invevitável.”

Dois grandes eruditos do passado escreveram sobre os motivos da Queda do Império Romano, que perdurou durante um milênio e cem anos, perdendo apenas para a civilização egípcia, com dois milênios: Montesquieu (1689-1775) e Edward Gibbons (1737-1799). Este, baseando-se no seu antecessor, e mais cético ainda, deu como motivos fatores diversos, sociais, econômicos, incriminando inclusive a religião. Já Montesquieu foi mais abrangente, apontou a invasão bárbara, mas principalmente a corrupção dos costumes, o ócio, a insanidade de seus imperadores, o crescente poder miliciano.

Este cenário nos vem  à mente, quando nos depararmos com a situação atual de nosso País. Esse “Brasil Brasileiro” de nosso Ary Barroso – para onde vai? Em que vai dar tudo isto a que assistimos. Muitas pessoas preferem se situar na dormência da omissão e, como se diz no vulgo “deixar o barco correr”.

Em livro recente, a colunista da Veja, a escritora Lya Luft em atitude  de atenção demonstra-se assustada e tece panorama realista, por vezes cruel, mas com surtos de esperança para com nossa nação.

E nós, que devemos fazer, dá-se ao arroubo de ficar olhando, cruzar os braços, recriminar-se, ir à luta – talvez inglória – ou simplesmente “ver a banda passar”, segundo o refrão da suposta ingenuidade do cantor esquerdista?

Que não me ouçam os deuses, Baco, Dionísio e Júpiter, nem nos açoitem os furiosos elísios de Netuno – mas o cenário que descortinamos afigura-se aterrador, o moral sobretudo. É incrível, mas predomina em nossa sociedade a insensatez, a gritante inversão de valores, a falta de caráter e indignidade das pessoas, a  impressionante falta de decoro de seus comportamentos. E, como não bastassem tais defeitos, o que se vê e se pode apurar, para nosso repúdio e espanto, é como tais atitudes vêm se espalhando para todos os lugares, enxovalhando não só pessoas, mas repartições públicas, órgãos oficiais, empresas, movimentos e até organismos religiosos. Sem falar no que é mais espúrio, a nosso ver, o mais terrível e desastroso nesse cenário, quase dantesco, em que vivemos: a contaminação a olhos vistos do Direito pelo viés ideológico. o Direito, cujos fundamentos se arraigam filosoficamente na Moral, nos Costumes, na Justiça, na Equidade e no Bom Senso.

Parece mentira, mas é verdade, agora já obtém sanção de ato jurídico perfeito casamento celebrado no Rio,  nada menos que o triunvirato de pessoas do mesmo sexo, não apenas dois seres do mesmo gênero, feminino ou masculino, mas três e porque não quatro ou cinco. É a insânia, em seu mais alto grau. “Deus, ó Deus, onde estás que não respondes?

É o brado que clama aos céus.

Oxalá ainda tenhamos uma réstea de esperança, com juízes das instâncias e Tribunais de Alçada,  a batalharem diuturnamente para o que ainda resta de Justiça, neste Pais, celebrando a propedêutica filosófica.
CDL/Bsb, 22.1015

    

 

 HOMO NALEDI  OU  HOMO CULTUS?

 

 
 
 
 

Os cientistas, adeptos fervorosos do darwrinismo, alardeiam a quatro ventos haverem descoberto a pista do celebrado “elo perdido”. A mais famosa revista científica NATIONAL GEOGRAPHIC estampou em sua edição recente a face de um troglodita, com os dizeres bombásticos: “ALMOST HUMAN”

A todo momento esses apressados antropólogos, militantes escavadores de fósseis ao redor do mundo, se vangloriam dos resultados de suas explorações, muitos à custa de empreendimentos milionários. E costumam produzir informações estapafúrdias – como bem refere Michelson Borges no site www.cienciaefe.net – eles se pavoneiam em “humanizar os macacos e macaquear os humanos”.

Se olharmos o fato com senso mais crítico, parece ser isto o que está sucedendo no mundo sempre imprevisível dos seres humanos. No petit comité dos macacos, ao que nos consta, até hoje não nos parece haver mudança de comportamentos que os tornem humanos ou humanizados. Já do lado de cá dos humanos – considerados seres iluminados por suposta sapiência e ungidos dos eflúvios divinos da civilização, estes, sim, afiguram-se  cada vez mais agirem como verdadeiros macacos.

Ora, é esse ser que, segundo os teóricos fanáticos do evolucionismo, acreditam ser a matriz do humano, mediante transformações sistêmicas e totalmente aleatórias como a natureza, depois de “n” tempo até atingir o grau máximo de “homo sapiens” e graduá-lo ainda como “homo sapiens, sapiens”. No passado, já foi  homo habilis”, “homo rudolfiensis”, “homo engaster” e “homo primitivo”.

Pois bem, agora os pesquisadores apresentam o HOMO NALEDI – o mais recente  brucutu candidato a ser humano. Quem sabe vemo-lo passeando por nossas ruas. Ou dirigindo uma super limosine de 2, 5 milhões num bairro carioca, o rádio a altos brados, flanando num ato de, convenhamos, extrema barbárie.

Então é isto: a espécie “Homo Naledi” permanece entre nós, o tal “Sapiens, sapiens” é um mito, digamos, antropológico? Será por isso que o ser humano cultiva ainda atos e comportamentos que não condizem com o grau “sapiens”, ou seja, essa espécime perdeu o mérito sapiencial?

Antes da era crística, Aristóteles (384-322 a.C) já havia classificado o ser humano um “animal político” – certamente característica fundamental que o distingue da irracionalidade.

Mas, como explicar, por exemplo, ser alérgico à política, uma pessoa que se qualifica literato, portanto, dominar a escrita e se expressar mediante signos midiáticos pelo mundo da escritura? O alienar-se não significaria na verdade a pessoa furtar-se ao contraditório, não aceitar as ideias opostas às nossas?

Marshal McLuhan (1916-1980) foi o esquerdista moderno  que definiu o mundo como “uma aldeia global”. Como deixar de auscultar agora  os ruídos desastrosos que fazem essas “tribos globais”? Como não se estarrecer diante das ignomínias praticadas pelos djardistas, dessa monstruosa organização chamada de Estado Islâmico, responsável pela degola, ao vivo, de seus supostos inimigos – tudo em nome da fé islâmica, totalmente distorcida?

Enquanto isso, hordas e mais hordas de fugitivos abandonam seus lares na Síria, receosos de caírem nas garras desses extremistas radicais, assassinos cruéis e desumanos. Seriam descendentes do “Homo Naledi”?

Ora, pois. Esses seres humanos, mesmo os alienados e utópicos, assim como os terroristas, não deixam de ser humanos – apenas perderam a capacidade de raciocinar ou simplesmente trocaram a intuição natural pela concepção apriorística da verdade – espécie de máscara preconcebida que uma pessoa usa, mas despreparada para os desafios da atualidade.

Proféticas a palavras do Papa Bento XVI, hoje Emérito, ao assegurar quando esteve no Brasil: “... o homem não é produto da natureza, mas da cultura.

Cada vez que o ser humano mais se aproxima de um hominídio da espécie simiesca, menos é desprovido do verniz cultural. Não pelo fato de ele ser originalmente um símio, mas porque ele ousou apagar a luz que lhe ilumina a mente, enterrou seu talento humanístico. Consequentemente mais irracionais serão seus atos. E é a cultura que  é responsável, digamos, pela  costomização” do ser humano no mundo, ajustando-o em termos de costumes, moralidade, justiça, bom senso, adaptabilidade e outros condicionamentos do espírito, como a fé e a espiritualidade.

Temos a firme convicção, por intuição mais do que pelo formalismo apriorístico – nos moldes kantiano – que ser humano, esse designado pela ciência de “homo” da linhagem (específica e única) “SAPIENS’ não deriva do macaco, embora mínima seja sua proporção, cerca de 1%, que o separa do dito cujo – mas é a distância suficiente exigível à magnitude do seu cérebro, tornando-o inteligente.

Por outro lado,  capacidade cerebral extraordinária não justifica absolutamente os erros, as atrocidades que dito ser humano vem praticando. É justamente por isso que, sem a portabilidade moral de suas ações, desprovido do manancial da fé e da transcendência, a vida sem sentido pelo apego à matéria – com todos esses aparatos negativos, ai, sim, o ser humano assumirá realmente o clone do macaco, talvez em estado até mais animalesco que os orangotangos originais.

É que esqueceram de aprender e se aprimorarem culturalmente.

 

                                                              CDL/Bsb, 21.09.15