terça-feira, 30 de julho de 2019






             QUEM COMANDA O MUNDO?





Tem sido assunto vezeiro hoje na mídia e mais ainda nas redes sociais, temas sinistros como as chamadas teorias conspiratórias. Verdadeiras ou simplesmente falsas, se acreditáveis ou não passam de teorias fantasiosas, é  difícil termos a confirmação abalizada e definitiva a respeito. Tais fatos e premunições correm soltas.
Pois tem sido corriqueiro pessoas que se dizem experts na matéria a nos advertirem sobre fatos, mediante estudos e provas, embora não científicas ou certificadas, versando sobre essas teorias conspiratórias. É o caso da srta. Débora G. Barbosa, brasileira, que reside atualmente em Manchester, Inglaterra e apresenta, em canal específico, série de palestras, a respeito dessas teorias conspiratórias — uma delas a apresentação de nº 56, ela trata desse assombroso tema: Quem controla o mundo e por que?
Dizendo-se estudiosa do assunto e ao mesmo tempo isenta de qualquer preconceito religioso — considera-se apenas uma acadêmica — Débora expõe o problema que envolve a pergunta: Quem controla o mundo, como e por que? Quais  os responsáveis por essa suposta dominação?
Com o objetivo de esclarecer o ouvinte, ela usa a figura de uma pirâmide, em cuja base, primeiro seccionamento da citada pirâmide, está a população em geral, o povo, nós, trabalhadores, o cidadão comum, que não sabe de nada, não manda em nada, espécie de manada. Na segunda seção, mais privilegiada, se acham as corporações, que têm certo poder, influi e têm ingerência sobre as pessoas. Acima, comandando corporações e também as pessoas, está o governo, administrador da nação, responsável pela política a ser adotada e cumprida. Em seguida e de certa forma sobrepondo-se ao governo, por seu poderio monetário, estão os bancos. O próximo poder, a que se sujeitam, inclusive os bancos e o próprio governo, estão os famigerados sistemas de inteligência, que vigiam tudo e nada se faz sem sua intervenção, por mais sutil que seja. Na outra seção da pirâmide se encontram as mais famigeradas e  insidiosas organizações, as chamadas sociedades secretas, os iluminatis, a maçonaria, grupo de Bilderberg, Bohemia Grove, comitê dos 30, inclusive a Igreja Católica. Acima desta seção, vêm certas pessoas, isto é, indivíduos com imenso poder, possuidores de  enorme riqueza, como George Soros e os Rothschilds. Finalmente o topo da pirâmide, sobrepondo-se a todas as demais camadas em  poder absoluto, na realidade responsável pelo controle dos homens e do mundo: a dualidade bem – mal.
Segundo as explicações da expositora, eis as reais e fundamentais  forças que comandam os indivíduos, a vida e todo o mundo: o BEM e o MAL. Mas, a nosso ver,  Débora, que se diz não religiosa, mas simplesmente uma acadêmica, de certo modo se contradiz, porque essas duas forças, bem e mal são na realidade o tour-de-force, a razão de ser de todas as religiões, espécie de maniqueísmo, que as regem, consideradas na sua perspectiva meramente estrutural, deixando de incluir o simbolismo de que  cada uma dessas expressões religiosas se revestem.
Na nossa visão, como mero observador, não duvidamos do trabalho realizado pela acadêmica Débora G. Barbosa e até concordamos com algumas de suas ideias, advindas de estudos e elucubrações bem fundamentadas. O meu dissenso sobre o assunto que ela tão bem expôs é quanto a dois aspectos por ela abordados:
- a Igreja Católica não é uma sociedade secreta pelo fato de se constituir a principal matriz histórica irradiadora do cristianismo;
- submeter todo o comando do mundo à dualidade maniqueísta do Bem e do Mal parece-nos visão pragmática e relativista, quando sobressaem outros modos de entender a realidade, como a filosofia, cuja proficiência e sapiência milenar abriga, também, concepções inauditas no campo da simbologia, semiologia e teologia.
Nossa acadêmica pesquisou fatos, arrolou informações livrescas, mas parece ter esquecido de que nem sempre as coisas aparentam o que são na sua imanência,  mas o que elas representam ou significam, no seu interior, a razão de ser transcendente de que são formadas.
CDL/Bsb, 31.07.19
     
    

sábado, 13 de julho de 2019





AS ARTIMANHAS DO JUS SPERNEANDIS




Por várias vezes a revista Veja — fazendo dupla com a Rede Globo e outras mídias escritas e televisivas — é vezeira em criticar todos as ações, movimentos e medidas da Direita no Brasil, a partir da eleição de Jair Bolsonaro à presidência do País, note-se, com a adesão de mais da metade da população votante.
As reprimendas ao Presidente Bolsonaro caíram  no vazio, já não fazem mais o efeito esperado, por desarrazoadas, boa parte devido a traiçoeira tentativa de, através de um sicário a mando de certos desafetos políticos, eliminá-lo, ano passado,  ao competir no pleito. Inconformada a quadrilha da Veja, pactuada com a Globo, voltou seus torpedos, não contra as ações do novo Governo, mas contra os que atuam no seu modus operandis, isto é, os executores da administração. Na verdade, espécie de trama, mais ou menos diabólica, com o principal objetivo de desmoralizar as ações de governança. A ênfase é fazer valer aquela insidiosa máxima de Voltaire  que apregoa: “... Mente, mente e alguma coisa restará”, ou, então, o dito popular “...água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
E todos os canhões da Veja, aguerridos de aleives e insanidades, se assestaram para atingir agora o Juiz Sérgio Moro, Ministro da Justiça,   ex-responsável pela Lava-Jato. Usando de todos os artifícios, a revista, que se vangloria de guardiã da democracia e defensora dos direitos humanos, quem sabe a serviço de potências internacionais invisíveis, vem atacando sistematicamente as ações de Moro, enquanto ajuizava as ações movidas pela Lava-Jato.
À medida que criticam Moro, mais ele cresce aos olhos da opinião da população, haja vista a grande manifestação pública nas ruas que aplaudiu sua figura em todos o País — enquanto a cúpula da Veja e seus comparsas da Globo & cia puxam os cabelos, alucinados por verem desabar seus esforços em desmoralizar o atual grande líder da moralidade jurídica no País.
Em sua última edição de 10.07.19, a revista joga talvez sua última cartada. A partir de sua capa com a figura de um Moro, cara-de-pau, baixando com o dedo direito o prato da balança jurídica, atrelando os dizeres: “Justiça com as próprias mãos.”  Quer dizer, passa ao público a ideia do juiz venal em favor da direita. E, no grosso da reportagem, terem a cara de pau de assumir, alto e bom som, que a cizânia que fazem “... não se trata aqui de uma defesa de Lula nem de estar contra a Lava-Jato. Mas do direito inexorável que todos os cidadãos  têm de um julgamento justo.’
Vejamos in loco de que se trata o imbróglio. A Veja alia-se a essa suspeitíssima Intercept, ente virtual cujo editor responsável é um jornalista americano, chamado Glenn Greenwald  — aquele mesmo envolvido com tramas de evasão de dados na área internacional, há algum tempo ---  que agora faz jogo duplo, aliando-se à revista nas críticas acerbas contra a ação de Sérgio Moro na Lava-Jato, ao publicar na revista conjunto de provas, conversas telefônicas, incriminando a ação do juiz. É inquinado de parcialidade em seus julgamentos, a ponto de provocar a nulidade dos atos por ele praticados nos processos da Lava-Jato em Curitiba.
A reportagem é capciosa em todos os sentidos. Espécie de capitis  deminutio da capacidade judicatória do Juiz, acusando-o de atos escusos, cumplicidade no andamento dos processos, irregularidades, pré-julgamentos e outros quejandos na sistemática jurídica negativa. Enfim, são ações irregulares, capazes de tornarem nulos todos os atos praticados pelo Juiz Sérgio Moro na Lava-Jato. Ora, carta marcada que implicaria na castração da Lava-Jato. A quem serviria? Jamais à Justiça e ao Direito — mas, claro, aos implicados, isto é, aos ladrões que  desviaram milhões dos cofres públicos, verdadeiros criminosos de lesa-pátria. Como aconteceu na Itália, décadas atrás, os mafiosos pegos pela superoperação Mãos Limpas, aliás, em que se inspirou a nossa Lava-Jato, essa o maior alçapão em que caíram os roedores: empresários, políticos e funcionários públicos venais em nossas plagas.
Alegam que não se trata de desafeto político, partidarismo ideológico, mas lutam para que os acusados tenham o julgamento justo. O que significa julgamento justo? Por acaso há crime ou criminoso justo?
O certo é que esse assunto — quebra de sigilo e o teor do vazamento — constitui a bandeira dos partidos de oposição, ditos democratas. Trata-se de matéria regulada pelo preceito constitucional.
Em resumo: a revista comprou, por quantia sigilosa, o direito de publicar o resultado das conversas telefônicas, entre Sérgio Moro da Lava-Jato e Deltan Dallagnol do MPF, espionadas pela Intercept,  através de hackers profissionais, edição de um americano alienígena, como dissemos, o mesmo envolvido no vazamento de dados do Pentágono americano. Deve ter  pago uma nota preta para o espião americano, porque ninguém é bastante tolo para acreditar que esse indivíduo o fez pelos belos olhos da equipe da Veja e que se trata de mais uma trapaça da oposição, nos seus estertores ideológicos.
O sr. Greenwald e sua súcia de hackers, não há negar, violaram fragorosamente o sigilo de informação e comunicação de que trata o art. 5º, item XII da Constituição Federal e segundo os trâmites da Lei 9.296, de 24.07.96, o ato praticado sujeito a reclusão  de 2 a 4 anos, na forma do art. 10 do mesmo diploma legal.
Argua-se. Um ato elicito — a quebra do sigilo profissional, pela interceptação dos celulares de Juiz e Procurador, em seu trabalho de ofício — pode servir de prova cominatória, inclusive descaradamente vazada ao público, prova essa já eivada de erro na sua origem, ilícita portanto, repitamos, é capaz, assim mesmo, de servir como impugnatória a atos processuais de Juiz, capaz de gerar a anulação de todos os atos nos processos?
Não precisa ninguém ser especialista em Direito para desqualificar tal imputação, por nimiamente leviana. Por que a Veja e os asseclas da esquerda festiva se apegam a essa fantasia, a ponto de permitir que certo deputado declarasse, aos gritos,   em plena sessão de Comissão da Câmara, que o Juiz Moro era ladrão?
A Veja e certa mídia transviada continuam ecoando no deserto, à ilharga, seus argumentos inócuos e infamantes, totalmente não jurídicos, tais cães ladrando em noite enluarada.
Haja paciência para tanta sandices. 

CDL/Bsb, 13.07.19


segunda-feira, 1 de julho de 2019

                     SÃO  LUÍS - A REALIDADE
                    E  O  MITO
















       Todas as vezes que visitamos São Luís — cidade natalina de minha esposa — deparamo-nos, por vezes, com surpresas inauditas. Uma delas ocorreu na Feira do Livro, a que comparecemos certa feita, atendendo a convite dos jornais. Evento marcado para 19 horas no espaço Reviver no Centro Histórico da Praia Grande, sem qualquer explicação o horário foi descumprido, o público que ali acorrera e ocupara todo o recinto, deixado à deriva — e pior, sob calor escaldante. Enquanto isso os supostos organizadores, sem se importarem com a assistência, transitavam displicentemente pelo recinto. A essa altura, depois de uma espera de mais uma hora, vimos turistas, certamente interessados em livros, como nós, debandarem de seus assentos no improvisado anfiteatro, decepcionados com tanta displicência — o que também o fizemos, logo depois.
Nesta oportunidade, felizmente a surpresa não nos foi de todo decepcionante. A verdade é que aportávamos com o interesse de comprovar as badaladas reformas empreendidas pelo atual Governo maranhense, ou seja, o Largo da Biblioteca Pública Benedito Leite, a Praça Deodoro e as obras ainda em conclusão da Rua Grande, ex-Oswaldo Cruz.
É sobre tais fatos que queremos fazer algumas observações, à guisa de reflexão pessoal, nada cominativa. Quanto às reformas, nada contra, haja vista que necessárias e não há negar oportunas, considerando o panorama anterior, onde vicejavam, com a devida licença, a sujeira e o desvario, trazendo absoluto desconforto aos turistas visitantes. O que se presenciava era o estardalhaço dos camelôs, encarapitados em suas barracas a atenderem clientela em tropel, enquanto o turista, desavisado, assistia a graveolência impregnando o local.
Sobre as reformas, tanto do Largo da Biblioteca quanto da Praça Deodoro, corretas que sejam no seu aspecto funcional e de ludicidade, temos para nós outros que elas nada têm de colonial ou históricas, em estilo e formato. Assim, destoam do teor de historicidade prevalente no Tombamento Patrimonial da Humanidade, ou, em outras palavras, as obras empreendidas quebram o paradigma histórico fundante do citado Tombamento. Já as obras da Rua Grande — a principal artéria da Capital — preocupou-nos não a reforma em si, sem dúvida imperiosa, mas a forma como voltou a ser ocupada, uma multidão a percorrer-lhe o ladrilho, poluindo-a, como dantes, numa verdadeira massificação coletiva, dando à via pública, não aspecto de grandeza como soe ocorrer às grandes capitais, mas de uma simples viela interiorana, repleta de utensílios expostos. E como não bastasse, tivemos o desprazer de flagrar numa casa comercial, logo após a Viração, cuja frontispício — pasmem — estava decorado nada menos que com maletas! Uma coisa realmente deplorável, espécie de crime de lesa via ou lesa vista, atentatórios ao bom gosto e à eticidade.
Quantas vezes, estudantes, vindos do Liceu, Campo do Ourique, eu e alguns colegas, não percorremos a velha, mas saborosa Rua Grande, a apreciarmos a paisagem das casas comerciais, alinhadas, livres de quaisquer coisas que lhes tolhessem o visual, sem entulhos, tabuletas ou artigos fora de suas prateleiras, a par dos viandantes que a coloriam com suas passagens!
Era um deleite subir ou descer a rua Grande, embora maior o fosse utilizar os bondinhos como transporte — desfrute, hoje, perdidos na poeira do tempo.
Não somos absolutamente contra as novas reformas adotadas para a vetusta Cidade, supostamente fundada pelos franceses em 1612, como reza a historiografia oficial. Somos contra, sim, ao tombamento a que a cidade foi submetida. A razão é simples: se por um lado o ato enaltece a Cidade integrando-a ao Patrimônio da Humanidade, por outro paralisa o seu andamento, elimina sua modernidade, impedia-a de crescer e florescer, como desfrute turístico — este, sim, o tour-de-force que alavanca qualquer cidade que almeje ser alvo da concupiscência exterior e fonte de arrecadação de recursos.
E tem mais. Se a mídia diária se compraz tanto em alardear a revitalização, apoiada em fontes oficiais, à conta do Patrimônio da Humanidade, seria de indagar: por que esses mandantes superiores escamoteiam certos fatos da história maranhense, a ponto de não fazerem constar do Panteon do Largo da Biblioteca os bustos, por exemplo, de Gonçalves Dias e Humberto de Campos, dentre as figuras antigas e modernas, vultos também ilustres, como Lago Burnett, Ferreira Gullar, José Louzeiro e mais ligados à cultura da terra, os recentemente falecidos Nauro Machado, Mário Martins Meirelles e Jomar Morais?  E por que não os padres João Mohana e Jocy Neves Rodrigues?
Segundo O Imparcial — periódico que nada tem de equânime — apregoa a quatro ventos que o Governo pretende aplicar, através do projeto Nosso Centro, cerca 140 milhões, para reconstruir três mil imóveis tombados pelo Patrimônio Histórico Estadual , todos, pelo visto e facilmente encontradiços,  em estado de total e completa ruína. Há cerca de um ano, o custo de reconstrução de um prédio situado perto da Praça de Benedito Leite, segundo constava da placa no local, estava orçado em R$500.000,00. Ora, num cálculo rápido; 3 mil imóveis atingiria a cifra astronômica de R$ 1 bilhão e meio! Certamente o Estado iria à falência, em prejuízo da demanda de recursos para educação e infraestrutura. Observe-se que, segundo o IBGE, ligado ao PNAD, em 2017, o Maranhão possuía mais de 851 mil analfabetos, à frente apenas do estado de Alagoas.
Temos, em razão disso, que o melhor alvitre para o Maranhão seria empreender, até mesmo com urgência, o desbloqueio desse famigerado tombamento, na verdade uma grande falácia. Contribui, isto sim, para a paralisia da Cidade, embargando seu natural desenvolvimento. Compare-se com Brasília,  cujo Plano Piloto colocou a Capital Federal  numa verdadeira camisa-de-força, enquanto a periferia, as cidades satélites, prolifera, amontoando pessoas, a maioria migrantes, com mazelas e necessidades a crescerem vultuosamente.
Devido tal circunstância, só temos de lastimar a cidade gonçalvina — decantada em prosa e verso por seus melhores cultores, o maior deles talvez o autor da prosaica Canção do Exílio, sem falar de outros luminares, cientistas, poetas e escritores, que também  iluminaram o Maranhão, não lhe sendo atoa o famoso epíteto de Atenas Brasileira.
É o que temos a dizer, após nossa mais recente visita turística a  São Luís — cidade que nada mais é do que a representação moderna da vetusta vila de Nossa Senhora de Nazaré, sob o mítico disfarce de cidade francesa.

CDL/Bsb, 02.07.10