segunda-feira, 6 de dezembro de 2021


 

 

 

               A NOVA CAVERNA DE PLATÃO

 

 

Reflexão das mais significativas tem nos trazido o texto contido em João 11 das Escrituras. Trata-se da narrativa do Apóstolo João, cuja simbologia tem sentido escatológico. O Apóstolo narra o episódio em que o Mestre sabe da morte de Lázaro, a quem  estimava,  por suas irmãs Marte e Maria. Jesus havia se retirado de Betânia e dirigia-se para outro lugar da Judeia, mas, diante da notícia retorna. Lá chegando, as irmãs o advertem de que Lázaro jazia há quatro dias. Mesmo assim, ele vai ao local do jazigo, manda remover a pedra que o fecha e chama em voz forte: “Lázaro, vem para fora!”  Então, Lázaro, que estivera morto quatro dias, sai vivo do sepulcro.

Observemos a dinâmica do milagre, transportemos a epifania do fato extraordinário para os dias que vivemos no País — essa famigerada pandemia que continua  assolando  o mundo e ora nos ataca, já há dois anos. Resultado: estivemos todos em quarentena, observando ordens superiores. Não teria sido espécie de caverna como aquela alegoria de Platão? Presos e até mesmo apavorados, todo esse tempo encontramo-nos sepultos em nossos jazigos residenciais. Do mundo exterior só vislumbrávamos as sombras. O Big Brother da toda poderosa OMS nos emboscou em nossas cavernas individuais, expulsou-nos da realidade cotidiana da qual só lobrigamos as sombras. Nesse período — e ainda até hoje — de certo modo, ficamos impedidos de sair, viver a realidade, separados dos amigos e, quem sabe do mundo. Durante esse tempo, fizeram-nos prisioneiros das sombras, como prisioneiros de uma rediviva caverna de Platão.

Mas o Mestre — que é o Mestre da Vida nos está chamando: Venham, pessoas de pouca fé, venham para fora. Não foi isto que Ele fez com Lázaro?

Na realidade, não passamos de sombras, a realidade da vida nos é e está sendo simplesmente furtada por um vírus, misterioso, invisível. Realiza-se a profecia maligna de O Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, o Grande Irmão já nos comanda o que fazer e o que não fazer.

E nossos dias, a beleza da vida, a realidade que nos ressuscita das sombras, nos   tem sido transformada em dias vividos numa espécie de Terra Devastada, as ruas ficaram desertas, o povo acuado, amedrontado em suas celas. Disso já nos havia advertido no começo do século XX o grande profeta dos Quatro Quartetos — T.S. Eliot.

Ora, observem-se que, queiramos ou não, sejamos nós teístas ou céticos, pervaguemos ou não pelos duvidosos caminhos do futuro, pesam ainda sobre nós, humanos, as advertências bíblicas sobre a hecatombe do apocalipse. Quem viver, verá. E a nós, peregrinos existenciais o que nos resta senão orar e vigiar.

Talvez tudo isso seja mais uma das alegorias que nos vem sugerindo o fim dos tempos: o chamado para que saiamos de nossas cavernas pessoais e obedeçamos a voz do Mestre que nos adverte: “Humanos de pouca fé, venham para a fora, enquanto há Luz!”

Senão, nosso destino é nos esconder nas cavernas do ceticismo espiritual, inócuo, que nos proibe de ver a Luz.

CDL/Bsb, 6.12.21

 

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