quarta-feira, 31 de julho de 2024


 
                           ESBÓRNIA    CIVILIZATÓRIA




Certo personagem de O Tempo e o Vento, livro de Érico Veríssimo, declara sobre as incertezas do mundo — mundo velho sem porteira!

Será que não vivemos isto hoje nesse estranho mundo — um mundo, um novo mundo sem porteira?

Nós que já ultrapassamos a barreira dos anos, não podemos esquecer daquele nosso tempo. Ah, sim, meus amigos  — como era verde o meu vale. Aliás, foi o título de um bom filme aí pelos idos de 1940.

Ora pois, pois, como dirá nossos bons lusitanos — mas aquele cientista lá do iluminismo não  disse alto e bom som “ caminhai sempre para frente e a confiança vos acompanhará”?. Só uma coisa, nosso iluminista esquece que nós, nos tempos atuais, perdemos a confiança, trocamo-la pela desesperança, a ignorância.

Por essas e outras é que nosso mundo que, dito agora futuro, está se tornando uma verdadeira “ esbórnia civilizatória”. Sabem por que? Porque o ser humano de há muito perdeu ou vem perdendo a tramontana. As pessoas parecem ter perdido o tino de viver. Isto é, degringolou de vez.

Há certas coisas nesse suposto Mundo Novo que uma pessoa de cabeça boa não entende. Ou então estamos regredindo, a despeito de toda essa parafernália que nos envolve, os trambolhos tecnológicos de que nos utilizamos para trabalhar, viver e solucionar os problemas da vida. É isso que apelidamos de progresso? — a ilicitude, o desvairo, o capcioso da média, a falta de gosto, enfim essa verdadeira fobia que assola como fogo nas atitudes das pessoas, a insensatez de espíritos, espécie de loucura viral que atinge o mundo, a ignorância grassa que já ultrapassa a glosa sartriana de “viver por viver”?

Para sermos mais precisos, ousamos elencar alguns absurdos a ocorrerem hoje, nos tempos em que vivemos — coisas e fatos que nunca em sã consciência pudessem ocorrer.

Segundo laive (neologismo criado na internet para  dizer apresentação) do Prof. Pierluigi Piazzi, inclusive já falecido — as pessoas inteligentes estão desaparecendo — declarou apoiado em dados estatísticos que “metade da população dos brasileiros tem a mentalidade de um macaco!”

Na apresentação recente das Olimpíadas de 2.024, em Paris — veja só o absurdo que aconteceu: a tal da famosa apresentação, que não foi feita em estádios, mas no centro de Paris, em holograma (técnica moderníssima da IA), isto é, postas no ar figuras representativas da história da França, e do mundo,  com figuras relevantes da arte e cultura, uma delas expondo nada menos a Ceia de Jesus com seus discípulos, não do Mestre, mas em seu lugar o deus pagão Baco representando Jesus.

Tirante o sentido alegórico da chiste, é claro que o fato tinha por objetivo atingir o cristianismo, desmoralizando a última Ceia de Jesus, apesar de se tratar, como sabemos, de uma pintura célebre, inclusive constante do acervo pictórico do Vaticano. A brincadeira desrespeitosa viralizou na internet, foi um aleive, uma indignidade. Imaginem se fizessem isso com a figura de Maomé, a repercussão seria um banho de sangue — aliás como já ocorreu no passado recente, inclusive em Paris. Observe-se a grita que foi do lado dos cristãos, naturalmente, porque a galera dos materialistas e esquerdistas de certo adoraram.

E tudo ficou como dantes na casa de Abrantes. O tal Comitê Olímpico não se justificou. Macron só fez cair algumas lágrimas à guisa de desaponto.

E assim caminha a humanidade — com que propósito senão deslustrar a civilização que parece se destinar à destruição, ao niilismo total. Quanto a nós pobres mortais, como ficamos, perdemos a esperança de alcançar um Mundo Melhor, mesmo o possível de Leibniz, nós que ainda acreditamos nos valores crísticos e queremos transmiti-los a nossos filhos, netos e bisnetos — como ficamos?

É a pergunta que brada aos céus e dos túmulos  inauditos de nossos grandes sábios ouviremos ressoar diante de tanto descaso, ignomínia, desamor e impiedade.

Que cesse tudo, enquanto a Musa canta que um brado mais alto se alevanta —  é o Criador pedindo as contas à criatura desobediente desumanizada.

                                                      Bsb, 31.07.24

 

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