segunda-feira, 16 de maio de 2016


                   MANIFESTO   À     NAÇÃO                          


Por este instrumento, apresento este Manifesto ao País na nova língua em “anta”, “enta” e por similitude “ança” e “ença” aos brasileirantas e brasileirentas. Constitui as seguintes premissas que caracterizam o silogismo de nossa atual circunstância:
I – Mudaram o português para o portuganta ou portugança, um dialeto criado para atender a logística socialista tupininquim, o veículo mais adequado para instruir e convencer os inocentes úteis;
II – Brasileirantas e brasileirentas devem se comunicar doravante através desta extravagante linguanta;
III – A República agora se chama Republicanta  Tupinincanta das Banananças;
IV – A Presidenta de nossa Republicanta acaba de ser defenestrada da Governenta por má gestanta e ter feito um rombo monumental em nossas finançantas, deixando o País na banca rotanta:  
V –  Temos agora dois Governantas: uma afastada por irresponsabilidade das finançantas e outro nomeado substituto na  governança;
VI – Temos ainda um Presidante da Câmara dos Deputanças, também afastado por irregularidade e desvio de condutança, seu substituto toma assento na cadeirança da presidência, mas impedido de presidir as  sessanças, pela lambança praticada, anulando o empeachement, depois voltando atrás – tanto  que Tiririca, o palhaço deputado, tirou o bigode para não se confundir com o suposto Presidanta, Waldir Maranhantão;
VII – Inobstante afastados, a Presidenta mantém todos os seus direitos, agora torna-se  hóspede no Palácio do Planaltança, desfrutando as mesmas regalanças, de casança, comidança, transportanças, secretaranças e dinherança, portanto forra para suas novas pedalanças. Assim também o Presidante da Câmara com tratamento semelhante, questão de isonomiança:
VIII – O novo Presidante – masculino de Presidenta – já tomou posse, nomeou sua Ministerança, mas não tem mulherança para desilusão geral, daí ser chamado de machista ou machistança por não agraciar com cargos a furiosa militância feministança;
IX –  O novo governo ainda se acha meio tonto, sem saber  tomar pé na Governança, dizem porque ilegítimo, mas parece que a faltança é mesmo de firmança, vigorança e praticância, seus membros algunss Politicantes, militantes na cleptocraciança – esse novo eufemismo de larapiança criado em nossa Tupinincância;
X    E para a fechança desse nosso Manifesto, Manifestanta  ou Manifestança, queremos reavivar,  em língua tupininquim, o Festival Febeapá de Stanislaw Ponte Preta, de saudosa memória, que agora se chamará, para nós, FESTIVANTA DE FEBEAPANÇA DOS BRASILIANTAS.
QUOD  ERAT  DEMONSTRANDUM
Quem tiver ouvidos que ouça e quem tiver boca que faça sua gritança, como requer a LIVRE ARBITRÂNCIA.
  CDL/ Bsb, 14.05.16


terça-feira, 26 de abril de 2016



 

                      O AMOR CRÍSTICO À LUZ DO MUNDO ATUAL











                   
                         TEM SE tornado corrente no trato entre as pessoas, hoje, a desavença, o desamor e a falta de ética no trato entre as pessoas, comportamentos que quase sempre contribuem, cada vez mais, com o egoísmo e o afastamento, até mesmo entre indivíduos do mesmo lar, da mesma cidade, bairro ou prédio de apartamento. Ocorrem, por assim dizer, fatos decepcionantes, desrespeitosos, somente críveis entre seres inferiores.
Será que nós, seres humanos, que, de há muito ganhamos o foro de sapiência, por isso jubilados cientifica e espiritualmente a “homo sapiens”, agora perdemos o passo, fomos reprovados no exame final, quebramos o código de honra ao mérito e regredimos? Voltamos à condição de botocudo, o homem das cavernas?
                             Pois é esse o escabroso cenário que nos obrigam a assistir,  e mais, compartilhar e ter de ouvir vociferações as mais inócuas, absurdas, como se não bastassem os ultrajantes atos, nas telas de TV, nos jornais, revistas e também ao vivo.
O presente ano, como tem sido apregoado alto e bom som pela Igreja Católica, o Papa Francisco outorgou-lhe a santa condição de Ano da Misericórdia, na liturgia a cor branca e nos Evangelhos  a orientação de São Lucas. Nosso representante espiritual maior, o Papa Francisco acaba de publicar sua exortação apostólica “Amoris Laetitia”, que vem se juntar aos demais textos de sua lavra.
                             Embora só conhecida na Internet - a Igreja sempre morosa nas providências, quando os tempos modernos exigem rapidez e eficiência - as orientações exortativas do Papa já se espalham entre as Paróquias, aqui e no mundo inteiro, acreditamos. Tem-se como infalível o Papa em termos de dogma e Direito Canônico, ou seja,   estritamente na doutrina específica, não nas demais áreas, nas quais se incluem as exortações, as homilias e os atos apologéticos de sua função vicarial e administrativa. Por isso, em “Amoris Laetitia” o Papa Francisco apenas exorta, convida os fieis ao partilharem suas ideias, as mais adequadas para o comando da Igreja. Ele não está obrigando o fiel católico a ter misericórdia, pelo menos de forma incondicional, absoluta, irretratável, preceito inatacável, ou seja, “cláusula pétrea”, como ocorre no Direito.
                              Ora, sob nosso juízo – que não discrepa da doutrina evangélica – a misericórdia apresenta duas perspectiva: a do amor e da justiça. Expliquemos. Veja-se o significado da palavra misericórdia, segundo o Dicionário Houais: vem do latim “misericórdia, ae” =  compaixão, piedade, dó, misericórdia. Por extensão: compaixão, piedade, ato de manifestação deste sentimento, como perdão, indulgência, graça, clemência ou benefício prestado a um sofredor.
                                Do ponto de vista laico, o amor é uma manifestação psicossomática atribuída ao ser humano. Já justiça deriva da aplicação  mais justa possível do Direito, disciplinando os atos e relacionamentos humanos.
Portanto, o ser humano a rigor seria  ente amoroso, teria que demonstrar atos de amizade e fraternidade para com seus semelhantes. Na prática, porém, nem sempre o é, dada a complexidade de que se reveste a psiquê humana. A justiça, algo contrário da energia amorosa, tem sua sinergia na cogência, de cuja força se imite para garantir a obtenção e exação do que é justo, tendo´em vista as prerrogativas do Direito. Consequentemente, nem sempre amor e justiça se equalizam.
                                Na perspectiva evangélica, pensamos que amor e justiça se orientam no mesmo sentido. Mas, com um senão: amor e justiça embora  não se  equalizem, como no Direito, têm medidas diferentes e a argamassa  dessa conexão é a misericórdia. Se a justiça divina tarda, mas não falha, ela é complacente  com o pecador, menos para o pecado em si. Deus na realidade se manifesta pela misericórdia, exercida através da graça que Ele dispensou aos seres que criou.
Essa visão extremamente mística e ao mesmo tempo vinculada à vida cotidiana, deflagra-se em todo o Novo Testamento, o Mestre judicializou-a em abundância em suas parábolas e ensinamentos aos seus discípulos, quando se referiu ao “novo mandamento”: “... nisto todos reconhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor aos outros.”(Jo 13, 35, Mt 7,12; 19,19; Jo 13,34s et allia).
                               Mas o Mestre também exercitou o arbítrio da cogência jurídica, no cumprimento do dever e na punição ao ilícito, contra o aético e a favor da proteção ao sagrado, quando em ato enérgico expulsou os vendilhões da porta do templo. Se benevolente  foi com as criancinhas, os pobres e a adúltera, entretanto,  não tergiversou quando respondeu ao homem rico, que, para segui-lo, teria de se desfazer de todos os seus bens. Noutro passo, por ocasião de Seu processo infame na Pretoria Romana, responde com a dignidade de um ilibado ser, quando Pilatos O indaga se Ele era o Rei dos Judeus: “Tu o disseste.”
                                Entrementes, em recente missa na Paróquia  Cura d’Ars, em Brasília, o pároco, de origem polonesa, Padre Mário, a propósito do Quinto Domingo da Páscoa, fez uma homilia inspirada. Conceituou o que era o amor crístico, o amor que já estava programado no coração do ser humano, diferenciando-o do simples amor vigente no mundo. O cristão é aquele que ama a Deus e se solidariza com o outro na sua circunstância, mas não na sua errância, no seu pecado – isto é exercer a misericórdia para com a fraqueza do outro. Amar, ser misericordioso, todavia, não é se humilhar, se rebaixar, porque o cristão também é digno e justo, tem a perspectiva da justiça à frente. Mas – e eis o cerne da magnífica homilia do Padre naquela inspirada missa – se o outro repele aquele sentimento de entrega, significa que ele não lhe inspira confiança, não adianta tentar demovê-lo:  que o discípulo não entre naquela casa e, ao sair, limpe o pó das suas sandálias. É  desmerecida a benevolência que lhe seria atribuída.
                              Resumindo: o conceito do amor, quando exercido no nosso mundo, repleto de contradições e excessos, onde as pessoas tornam-se paradoxais em seus atos, ideias e realizações, o amor, a solidariedade e a misericórdia atuam como veículos. O amor crístico é como o sal na insólita iguaria humana, desde que condimentada na medida certa, justa, porque somente a graça resgatará um duro coração.  
  Bíb., 27.04.16







domingo, 17 de abril de 2016





MONTANHA DOS SETE ABUTRES
REDIVIVA MAS DEMOCRÁTICA





Hoje – 17.04.16 – é o dia D do impedimento do governo, o famoso processo de “impeachment” que vem se desenrolando nesses últimos dias. O fato tem se transformado numa espécie de comoção nacional, quem sabe um torvelinho, com a movimentação de multidões, grupos que se revezam, ora de um lado, ora de outro, os que são a favor do “status quo” outros que apoiam o afastamento da atual  presidente.
Desde sexta-feira, toda a mídia escrita e principalmente a televisiva, passa o tempo informando ou troando nas telinhas todo o processo que se realiza, ao vivo, no Congresso Nacional, com parlamentares, da oposição ou situação, se revesando na tribuna a explodirem suas falas, o mais das vezes arrevesada, estrambóticas, tonitruantes e alucinatórias, cada qual defendendo sua posição – algumas delas ou a se referir aos sexos dos anjos ou são alocuções de indignação raivosa, como requer a situação.
De qualquer modo é a tal transparência da democracia, ao vivo, apesar de desconcertante, monocrática e, ao fim, visionariamente demagógica. Mas, necessária. No Parlamento, o espetáculo invulgar da votação maciça do deputados, enquanto fora, na Esplanada uma multidão calculada em 300.000 pessoas invade as áreas fazendo valer, de preferência  o mais ruidosamente possível, suas indignações, aos gritos, apitos, batuques, panelaços, também acompanhados por carrocinhas, vendedores ambulantes et allia. Apenas com um detalhe realmente espantoso: a turba se acha separada por um imenso muro de 80 metros, já pelo vulgo  denominado de Muro da Vergonha.
Vêm-me à mente um antigo filme contracenado pelo grande ator americano Kirk Douglas “A Montanha dos Sete Abutres”. Douglas faz o papel de um jornalista de porta de cadeira, alucinado por se tornar famoso que se aproveita de um acidente de um homem que ficou preso numa montanha, sem saída e faz, à custo desse infausto acidente, uma verdadeira panaceia, melhor, um circo, ao qual, movido pelas notícias estapafúrdias do repórter, comparece em massa todo tipo de gente, curiosos, vendedores ambulantes, com carrocinhas de pipocas,  sanduiches, doces, marreteiros, pick pokets e outras espécies de malandros, prontos para agirem na aglomeração. Ao final, a grande decepção porque o acidentado morre, antes do resgate e nosso audacioso repórter perde, assim, sua belíssima presa.
Certamente a semelhança é mera coincidência com o espetáculo que ora se realiza no recinto parlamentar e, principalmente nos arredores, hoje a praça de guerra em que se transformou a Esplanada do Congresso, a Capital Federal – ou a Capital da Esperança como eufemiza um douto amigo.
Mais uma vez o País enfrenta um desafio. O receio é que os contrafortes da República e da Democracia resistam ao terremoto político. A despeito de tudo e de todos, que prevaleçam a justiça, o bom senso, mas nem por isso a esperança deva esmorecer nos corações dos brasileiros. Que não esqueçamos  da vetusta  Insurreição Mineira, cujo epíteto ainda hoje revive: “Libertas Quae Sera Tamen”.
CDL/BSB., 17.04.16

domingo, 20 de março de 2016





                   MANIFESTO BRASIL ESPERANÇA



                                    Murilo Moreira Veras


           Não obstante  minha vivência  ultrapassar mais de oito décadas, continuo lúcido e perfeitamente apto à consecução de atividades, inclusive as de minha pertinência, o afazer literário, por conseguinte pronto e adestrado  a contribuir para a elevação do País.
          Cada vez me estarrece o desenrolar dos acontecimentos em nosso País, enquanto, sem me furtar, acompanho todos os fatos que contracenam  nossa realidade, cenário que se esgarça por todo o Mundo, e mais precisamente no Brasil, atualmente engolfado num vendaval de perplexidades.
Impossível nos furtar à roda viva em que vivemos,  cada minuto contando para o acirramento das improbidades  que nos açoita, mercê de disputas execráveis, fragilidades de honra e caráter dos agentes envolvidos. Ao invés da dignidade, fervor à Pátria – o solidarismo sincero e autêntico entre as pessoas - assistimos vicejar entre esses, a infâmia, a peçonha, o desacerto  e a falta de caráter e vergonha, indignidades que contribuem para o verdadeiro lamaçal em que, infelizmente, se tornou nosso ambiente político e institucional..
           Não nos enfraquecem, tampouco nos acovardam a truculência, a insânia e a virulência  exercidas por pessoas e grupos espúrios, posto que  fortalecidos no  fervor ao cumprimento do dever para com a Pátria, enquanto nos norteiam os princípios fundamentais do Direito, da Razão e da Justiça, sob os eflúvios perenes da Onipotência Divina.
           Concito os Amigos internautas, que têm me honrado com suas presenças em seus acessos diários a, diante dessa realidade, nos unirmos  e que  jamais nos esmoreçamos, quando os objetivos atingíveis são o fervor pela Verdade, a salvaguarda às Instituições Democráticas e, sobretudo o amor à Pátria, momentaneamente ferida.

Bsb, 20.03.16

terça-feira, 1 de março de 2016


 

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR:

EDUCAÇÃO OU IDEOLOGIA COMUFLADA?

 
 


 

      I deólogos do igualitarismo têm forjado a concepção de que o processo civilizatório se funda apenas na luta de classe entre opressores e oprimidos e que se mantém como contraponto à ânsia pelo poder e ganância financeira dos agentes envolvidos. Ledo e crasso engano. Desde os primórdios, à luz da etnologia e antropologia, a evolução do mundo, em termos educacionais, tecnológicos e sociológicos, se constrói através de um processo lento, sistemático e continuo de superação. O homo sapiens, que substituiu o homo fabens e depois sapiens sapiens, migrou da caverna para a savana, tornou-se hábil caçador-coletor, obteve o fogo,  aprendeu a armazenar alimentos e, com outros da espécie, empreendeu a construção de vilas e cidades. Tudo isto mediante saltos de inteligência, esforço e trabalho árduo, visando o progresso sócio-econômico-cultural da humanidade.

        Para eles, como todo o processo, também a educação está sujeita à luta de classe, através desse engodo criado por Paulo Freire que é a Pedagogia do Oprimido. O povo sofre a opressão dos poderosos, dai precisar ser educado para livrar-se dela e tornar-se, livre, para o que deve contar com o apoio do estado ou a casta  que tiver se encastelado no poder, desde que alinhada com o socialismo igualitarista, a melhor salvaguarda do povo, com seu ideário populista.

       Não se precisa de muito cérebro para verificar que se trata na verdade de um grande e famigerado sofisma tal raciocínio. Se o povo é oprimido pelos supostos poderosos, sob o tacão socialista eles apenas mudarão de dono, passarão a escravos dos igualitaristas, reféns de ideólogos burocratas, quase sempre parcos de inteligência e incompetentes natos.

      Pois sob o manto dessa ideologia nefasta o  Ministério de Educação de nosso País – o MEC, está querendo  empurrar goela abaixo do povo brasileiro, precisamente as escolas públicas e privadas, estudantes, famílias e toda sociedade afetada – essa estrovenga que eles denominam Base Nacional Comum Curricular, título tão ostentoso quanto inócuo. O projeto do MEC está eivado de ideologia espúria, como, por exemplo, a do gênero, hoje tão em voga, a que abraçam gregos e troianos, desde que pessoas incautas, verdadeiros inocentes úteis.

      Especialistas e abnegados profissionais da educação, estudiosos e pessoas de bom senso já abominaram o tal projeto, até mesmo por considerar sua implantação um despropósito e uma anomalia à sociedade. Marco Antônio Villla, historiador assim se referiu ao projeto: “É um desserviço. É uma proposta panfletária, anti-civilizatória. Há um conjunto de erros, mas o que é mais grave é que apaga nossa tradição, nossa formação, aquilo que é fundamental para a compreensão do Brasil hoje.”

      Sem nos determos em análise mais profunda por cansativa, os ideólogos burocratas do MEC se dão o despropósito de serem os descobridores e criadores do mundo, criarem um estrato civilizacional para si mesmos. Para eles, o estudante brasileiro só deve estudar as civilizações sob a ótica da “pedagogia do oprimido” –  os povos subjugados, culturas inferiores, como a da África,  a Afro-América, que é chamada Ameríndia, os movimentos de lutas sociais. Nada das grandes civilizações antigas, mesopotâmicas e sumérias,  do pensamento grego, dos movimentos  sociais e religiosos que influíram na nossa formação cultural e humanística. O importante é o pobre e combalido estudante  brasileiro,  já incipiente em matemática e um zero à esquerda em escritura e lexicografia, balbuciar que recebe o bolsa-família, para se tornar ainda mais ignorante e inepto, incapaz de compreender a realidade do mundo.
CDL/BSB, 2.03.16
 

 

 

 

 

domingo, 31 de janeiro de 2016






                               AH, OS CARNAVAIS DE OUTRORA!

 Ah, esses Carnavais de antanho! Como eram diferentes os Carnavais do passado. Tão diferentes dessa folia estapafúrdia de hoje. Predominavam as marchinhas explorando os assuntos do momento, todas rimadas, sátiras bem feitas, hilárias, boas do povo cantar, o chiste, o refrão: “Me dá um dinheiro ai” ou “Menina, vai, com jeito vai, senão um dia a casa...” Lá pelos idos de 1940 era a célebre marcha dos carecas “... Nós, nós o carecas, entre as mulheres somos os maiores, e na hora do aperto, é dos carecas que elas gostam mais...” E sobre a bebida: “Você pensa que cachaça é água, cachaça não é água, não.” Os bailes carnavalescos sempre iniciavam com “Ô abre alas que eu quero passar...” de Chiquinha Gonzaga. Ao final das festas, tocava-se o “Viva o Zé Pereira, que morreu na quarta-feira.”

Todo mundo cantava essas marchinhas, a maioria, sabia-se, eram feitas com segundas intenções. Mas havia graça nelas, gozavam de licença coletiva, porque ninguém fazia cavalo de batalha com suas letras, afinal era tempo de Carnaval. Não é a festa da carne, a vetusta “carnem levare” do latim, que significa “ficar livre da carne”?

Nas ruas não havia, como hoje, essa espécie de vandalismo, essa batucada infernalmente estrondosa e, principalmente, ainda não existia essa coisa maluca que são os tais “trios elétricos”, arrastando em estado de euforia idólatra uma multidão de aficionados. Havia, sim, o corso, que eram carros enfeitados, rapazes e moças fantasiados lançando confetes e serpentinas em direção do público, que assistia, cantando os mesmos refrãos.

Também apareciam os mascarados, geralmente caveiras e os famosos  “dominós” – que eram geralmente mulheres escondidas atrás de mantos ou macacões fofos pretos. Esses dominós paravam as pessoas nas ruas para fazerem graçolas, jogarem conversa fiada, com voz de falsete, para  não serem descobertos. À noite, esses mascarados, os dominós, assaltavam em bando as entradas nos bailes ditos de segunda, ou seja, bailes sub-judices, que não eram frequentados pela sociedade – sociedade que tinha seus bailes nos principais clubes da cidade, nos quais não era permitida essa espécie de folião.

Aliás, corria a boca pequena que muitos desses dominós eram moças e mulheres casadas da sociedade que assim se disfarçavam para caírem livres na folia momesca. Mas com a maior inocência. Não havia a violência que hoje impera, esse desbagramento etílico, esses desastres horríveis nas estradas, devido as pessoas se deslocarem das capitais em busca de refúgio,  descanso ou lazer, talvez.

Bonito de se ver, os casais dançando, os cordões de foliões desfilando nos salões, sem confusão, a orquestra atacando as marchinhas, o público cantando, todos se divertindo.

Não esqueçamos os disputadíssimos desfiles de fantasias que ocorriam no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Clóvis Bornay que concorria sempre “hors concours” vencendo os concorrentes. Evando de Castro Lima, seu maior adversário nas passarelas e também outros como Wilza Carla, Mauro Rosas, Marlene Paiva. É fato que tais desfiles continuaram, mas perderam o glamour especial que tinham no Municipal.

Ah, esses Carnavais do passado não voltam mais. Quantas lembranças escondidas naqueles dias de folia!

Hoje, o que vemos são espetáculos que beiram a barbárie. Muitas pessoas, por isso, fogem dessa tresloucada folia.

Então que tal ler um bom livro neste Carnaval, assistir filmes antigos, os novos têm sido horríveis –  se esconder numa praia deserta ou passar os dias numa pousada nas montanhas?

É bom, até mesmo para espairecer, aliviar o espírito, cansados que já estamos da política, do aumento de impostos e da caristía que assola o País – para não falar no espetáculo dantesco a que a mídia nos tem obrigado a assistir, um massacre diário à nossa paciência.

Haja Carnaval – “Carnem levare”! Haja indulgência que a barbárie já toma conta de tudo.

                                       Bsb, 1.02.16