ENGENHARIA DA SANTIDADE:
OS GUARDIÕES DA FÉ
A humanidade tem se desenvolvido a olhos
vistos em todos os setores. Desde os primórdios da civilização, do protótipo
hominídio Homo Erectus, tramitando
pelo Aferensis, a proto-tecnia do Habilis e o pré-humano Neanderthal, num crescendo espetacular, que
o ser humano vem evoluindo em graduação, até alcançar a de Sapiens Sapiens — que significa o suprassumo da sapiência.
O ponto alto dessa
ascensão, asseguram os especialistas etnólogos, encontra-se sem dúvida no
avanço da Ciência e de sua auxiliar primordial, a Técnica, a tecnologia,
responsável pela materialização de suas inúmeras invenções.
A contrapartida, isto é, a ascensão
espiritual do ser humano não tem acompanhado essa vertiginosa euforia da
matéria, pelo menos naquela perspectiva evangélica de que nem só de pão vive o
homem.
Mas, neste cenário, qual o
papel do cristianismo, sua função transformadora teria diminuído, a ponto de sua influência desaparecer diante
dessa espécie de (des) conversão do ser humano? Em outras palavras, teria
perdido a disputa com o tour-de-force
do materialismo, diante da toda poderosa Ciência, alavancada pela teoria
evolucionista da qual se originaram os ismos
depredadores da espiritualidade — o marxismo, o positivismo, o
estruturalismo, o desconstrutivismo? Essas as correntes que têm dominado o que
hoje se intitula de modernidade ou pós-modernidade.
Terá sido culpa da
religião, melhor, negligência dos
próprios devotos, que, em vez de crescerem na efervescência do fogo criador
evangélico, sua fé delinquiu-se diante da onda cada vez mais crescente do
agnosticismo e materialismo no mundo?
É nessa conjuntura,
atualíssima por sinal, que surge como contraponto nova corrente renovadora do
cristianismo. Porta-vozes autênticos têm apresentado o que acreditam seja a
providência mais urgente capaz de combater, inclusive arrefecer o
irracionalismo materialista, dentro das
próprias hostes católicas, gerando espécie de des-sobrenaturalização da Igreja. Eis a nomenclatura criada pelo Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, da
Paróquia Várzea de Campo Grande, Mato Grosso, em suas já famosas preleções on line.
Segundo ele, devido as
transformações feitas pelo Papa Paulo VI, a Igreja passou a ser mais
naturalista, desviando-se, portanto, da espiritualidade — o que acarreta a des-sobrenaturalização da Igreja.
Com veemência e oportunismo
incomuns, o Pe. Paulo Ricardo alerta para a leniência da fé católica nos seus
dogmas e preceitos mais importantes, notadamente a Missa e a Confissão.
Ora, a fé católica com toda
sua vigência de dois milênios se enraíza na sobrenaturalidade,
seja na pessoa icônica de Jesus Cristo, seu fundador, seja pela hagiografia e o
martirológio de seus inúmeros santos e mártires, marcados pela devoção e
obediência aos fundamentos crísticos.
O congelamento da fé, o
esmorecimento do cristão perante os apelos do mundo moderno só pode resultar no
enfraquecimento da fé — é o que Pe. Paulo Ricardo qualifica fator de desobrenaturalização da Igreja. A
receita seria recorrer à Engenharia da
Santidade, isto é, na sua terminologia o cristão renovar-se a si próprio e
manter-se sempre em estado de graça.
Oxalá as advertências do
valoroso pároco ousem encontrar apoio dos católicos brasileiros e ecoem no
mundo todo junto às hostes cristãs. Que o fogo criador se renove na intimidade
de cada criatura devota. Quem sabe o mundo não melhore e nós, seres suscetíveis
às intempéries materiais, assumamos uma nova linhagem de Homo Sapiens, muito mais que Sapiens — Engenheiros da Santidade.
CDL/Bsb, 8.04.19